1.31.2006

Mais pessoas ganham menos que o mínimo

Trabalhadores ganhando menos que 1 salário chegam a 14,5% da população ocupada; eram 11,9% em 2003

JANAINA LAGE
DA FOLHA ONLINE, NO RIO
O número de trabalhadores que recebem menos de um salário mínimo por mês atingiu em 2005 o maior patamar da nova Pesquisa Mensal de Emprego, do IBGE, iniciada em 2002. Na média do ano, 14,5% da população ocupada (ou 2,876 milhões de pessoas) recebia menos que R$ 300. Em 2003, eram 11,9%. Em 2004, eram 13,8%.
Segundo o instituto, a maior parte desses trabalhadores pertence ao mercado de trabalho informal, principalmente comércio, construção civil e autônomos.
O crescimento surpreendeu o IBGE porque 2005 terminou com o desemprego em queda e a renda média em alta. A taxa média de desemprego no ano recuou para 9,8%, o menor patamar da série. A renda cresceu 2%, a primeira expansão desde 1997. De forma geral, houve também aumento da formalidade: o número de trabalhadores com carteira assinada cresceu 5,6% de 2004 para 2005.
Segundo o IBGE, o avanço do sub-rendimento, que representa o total de pessoas que recebem por hora menos do que o salário mínimo dividido pela jornada de trabalho de 40 horas semanais, está diretamente ligado à informalidade. "O aumento do sub-rendimento mostra que a informalidade continua crescendo nas vagas de menor remuneração. Embora exista uma recuperação das camadas mais favorecidas, que têm emprego com carteira, a parcela de baixa renda ainda sofre com a sub-remuneração", disse o gerente da pesquisa, Cimar Azeredo.
Todos os anos o sub-rendimento cresce em maio, quando o salário mínimo costuma ser reajustado. Isso ocorre porque há uma defasagem entre a decisão do governo de elevar o mínimo e a aplicação do reajuste para os trabalhadores informais, segundo o IBGE.
Normalmente, o total de sub-remunerados vai caindo ao longo dos meses, mas, na avaliação do instituto, a análise dos últimos anos mostra que há uma tendência de elevação. Em 2006, o maior aumento dos sub-remunerados deve ocorrer em abril, com a antecipação do reajuste do mínimo de R$ 300 para R$ 350.Segundo Guilherme Maia, da consultoria Tendências, o aumento do mínimo acima da inflação e a rigidez das leis trabalhistas estimulam o crescimento da informalidade pois "aumentam o custo do empregador e diminui a margem de negociação patrão-empregado". O cenário de juros e carga tributária elevados e taxa de câmbio desfavorável ao exportador também estimulam o sub-rendimento, segundo o IBGE.
Segundo o economista Marcelo de Ávila, do Ipea, ligado ao Ministério do Planejamento, cada vez mais a oferta de vagas privilegia pessoas com mais anos de estudo.Em 2005, foram criadas 650 mil vagas para pessoas com 11 anos ou mais de estudo (ao menos o ensino médio), enquanto vagas para quem tinha até um ano de estudo tiveram queda de 28 mil. Já para quatro a sete anos de estudo foram fechadas 95 mil vagas.

1.30.2006

Cresce número de pessoas que recebe menos que 1 mínimo, diz IBGE

O número de trabalhadores que recebem menos de um salário mínimo por mês atingiu em 2005 o maior patamar da nova Pesquisa Mensal de Emprego, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), iniciada em 2002. Na média do ano, 14,5% da população ocupada recebia menos do que R$ 300 por mês, ou o equivalente a 2,876 milhões de pessoas, contra 11,9% em 2003 e 13,8% em 2004.
A maior parte desses trabalhadores, segundo o IBGE, pertence ao mercado informal de trabalho, que muitas vezes ignora direitos básicos dos trabalhadores como o salário mínimo.
"O aumento do sub-rendimento mostra que a informalidade continua crescendo nas vagas de menor remuneração", afirmou o gerente da pesquisa, Cimar Azeredo.
O crescimento surpreendeu o IBGE porque o ano de 2005 terminou com o desemprego em queda e a renda média em alta. A taxa média de desemprego no ano recuou para 9,8%, o menor patamar da série histórica. A renda do trabalhador cresceu 2%, a primeira expansão desde 1997.
Azeredo também afirmou que o comércio, a construção civil e os trabalhadores por conta própria sem carteira concentram a maior parte da população que recebe menos de um salário mínimo por mês.
"Embora exista uma recuperação das camadas mais favorecidas, que têm emprego com carteira, existe uma parcela de baixa renda que ainda sofre com o status de ser sub-remunerado", afirmou.
Todos os anos o sub-rendimento cresce em maio, quando o salário mínimo costuma ser reajustado. Isto ocorre porque há uma defasagem entre a decisão do governo de elevar o salário mínimo e a aplicação do reajuste para os trabalhadores informais, segundo o IBGE.
Normalmente, o total de sub-remunerados vai caindo ao longo dos meses, mas na avaliação do instituto, a análise dos últimos anos mostra que há uma tendência de elevação. Em 2006, o maior aumento de trabalhadores sub-remunerados deve ocorrer em abril, com a antecipação do reajuste do mínimo de R$ 300 para R$ 350.
O IBGE destaca ainda que o cenário econômico contribuiu para o aumento do fenômeno do sub-rendimento. "Fatores que fazem com que o mercado de trabalho não tenha um dinamismo tão eficiente quanto o esperado, como juros elevados, carga tributária e taxa de câmbio contribuem para que menos vagas sejam abertas", disse. A solução, segundo o IBGE, poderá ocorrer com o aumento da formalidade, do número de trabalhadores com carteira assinada.
Segundo o economista Marcelo de Ávila, do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), órgão ligado ao Ministério do Planejamento, a análise por anos de estudo mostra que cada vez mais a oferta de vagas privilegia pessoas com mais anos de estudo, que tradicionalmente apresentam remuneração superior a dos menos escolarizados. "Os menos escolarizados ainda não conseguiram obter o benefício do emprego de qualidade. Eles apresentam perda do poder de barganha", disse.
Com a menor oferta de vagas para os menos instruídos, uma das hipóteses que justificam o cenário do sub rendimento é a manutenção do trabalhador com menos anos de estudo no emprego informal. "A criação líquida de vagas beneficia a parcela mais escolarizada da população. O trabalhador de menor qualificação costuma encontrar emprego de baixa qualidade e teme não encontrar outra oferta no mercado de trabalho", afirmou Ávila.
Em 2005, foram criadas 650 mil vagas para pessoas com 11 anos ou mais de estudo, ou seja, pessoas que já concluíram ao menos o ensino médio. No mesmo período, a oferta de vagas para quem tem até um ano de estudo apresentou queda de 28 mil. O recuo foi ainda mais acentuado para os que possuem de quatro a sete anos de estudo, ou seja, que concluíram o ensino fundamental: foram fechadas 95 mil vagas.

1.29.2006

Mototáxi torna-se alternativa ao tráfico para jovens na Rocinha

Pesquisadora mapeou atividade no Rio
SERGIO COSTA
DA SUCURSAL DO RIO
Eles se equilibram sobre duas rodas entre a "droga da economia", que produz desemprego, e a "economia da droga", que atrai para o tráfico muitos jovens de comunidades carentes. Os mototáxis inventaram um mercado e viraram objeto de estudo.
Essa "invenção de mercado" chamou a atenção da cientista social Natasha Fonseca, 27, formada em Ciências Sociais pela Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro). A experiência na Rocinha, favela na zona sul do Rio de Janeiro onde trabalham pelo menos 350 mototáxis, foi transformada em dissertação de mestrado na Ence (Escola Nacional de Ciências Estatísticas do IBGE).
Os dados do desemprego juvenil (entre 15 e 24 anos) no Brasil ajudam a entender esse novo mercado. Entre 1990 e 2001, o índice de desocupação nesta faixa pulou de 5,3% para 15,1% e tem se mantido sem variações significativas desde então. No Rio de Janeiro, 40,3% dos que não têm ocupação são jovens.As alternativas de emprego na cidade não são muito atraentes: vendedores de lojas ou mercados, ajudantes de obras, carregadores, escriturários, auxiliares administrativos, garçons, copeiros ou contínuos -as principais ocupações de jovens de acordo com os levantamentos feitos pela PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio) do IBGE.
"Emprego de otário"
Estas atividades são consideradas por muitos dos entrevistados para o estudo como "empregos de otário". Uma definição mais do que direta para 10 horas ou mais de serviço em troca de uma remuneração média de R$ 373. Os ganhos do mototáxi variam entre R$ 400 e R$ 1.100 ou mais. A outra opção tem sido o tráfico.
"São jovens pobres que enfrentam as maiores dificuldades de acesso e permanência no mercado formal do trabalho. Eles são mais vulneráveis à atração exercida pela criminalidade, como forma de superar sua invisibilidade social e ter acesso, ainda que fugaz, aos circuitos de consumo, prestígio social e poder", analisa Fonseca.
"Para os jovens pobres, o mototáxi articula a inserção econômica, reconhecida como socialmente útil, à afirmação dos sentidos de virilidade, liberdade e autonomia, que tendem a ser fortemente valorizados por esses jovens", explica a cientista social.
Ou, na tradução livre de um de seus entrevistados: "Ser mototáxi é ganhar ou perder a vida. É viver na tensão entre a polícia e o bandido, entre o sol e a chuva, entre o hoje e o amanhã", define o "piloto" identificado apenas como A.
Os mototáxis da Rocinha trabalham em média 12 horas por dia, de seis a sete dias por semana. Eles realizam entre 30 a 40 viagens por dia, a maior parte delas dentro da própria comunidade. Mas ninguém reclama.
O trabalho ali muitas vezes se confunde com o lazer por ser feito ao ar livre, pela diversidade de pessoas e lugares, além do tempo que ficam conversando e brincando entre si enquanto esperam passageiros.
A concorrência é com as lotações feitas por kombis. Uma corrida de moto dentro da favela sai por R$ 1, enquanto a lotação tem o custo R$ 1,80. O preço da passagem de ônibus no Rio foi reajustado para R$ 1,90 a partir deste mês.Nas viagens para fora, o preço sobe. Ir da Rocinha ao Leblon (bairro que fica na zona sul do Rio de Janeiro) na garupa de uma moto custa R$ 6. De kombi, sai por R$ 4,50. A vantagem competitiva neste caso é o serviço imediato e personalizado. O passageiro não precisa esperar no ponto e é deixado na porta de onde precisa ir. Isso se a polícia não parar a moto, já que as viagens representam um tipo de atividade informal, que não é legalizada.
Profissão é 100% masculina, diz estudo

DA SUCURSAL DO RIO
Uma constatação do estudo sobre mototáxis: 100% dos entrevistados são homens. Na organização das cooperativas da Rocinha, as mulheres entram nas funções administrativas ou de fiscalização. "Mototáxi é uma atividade masculina", comenta Natasha Fonseca, autora do estudo.
"Reproduz-se assim, na estruturação do serviço, a associação das atividades de risco ao homem que se faz normalmente na rua".
Também são expressivos os dados sobre educação: 93,8% abandonaram os estudos -metade deles afirma que foi para trabalhar. A outra metade, além de não gostar de estudar, atribui o abandono ao desejo de ficar mais tempo na rua com os amigos e até ir "aos bailes funk".
A maioria dos entrevistados (56,3%) tem até 24 anos. Só 1,6% já passou dos 40. No universo pesquisado, 28,1% vivem com companheira e só 9,4% são casados. A quase totalidade dos mototáxis (97%) moram na favela.
O perfil da maioria é parecido: entrou no mercado de trabalho aos 16 anos e, em 90% dos casos, houve decepção na primeira experiência profissional em relação à expectativa que tinha antes de se tornar auxiliar de cozinha, balconista, entregador -ocupações consideradas por eles como "subalternas e desgastantes".
Em busca de autonomia, liberdade e aventura, encontraram o mototáxi. Fonseca explica que nenhum dos "pilotos" que entrevistou mencionou jornada excessiva de trabalho. "Isso pode ser explicado pelo fato de trabalharem para si, de disporem seus horários e do tempo de trabalho se confundir, até certo ponto, com o horário de não-trabalho."
A pesquisa foi feita entre agosto e novembro de 2004, com 64 entrevistados e virou tese de mestrado da Ence em dezembro de 2005.
Informalidade
O mototáxi é uma atividade informal -surgiu como clandestina, mas está em processo de regulamentação. Os pioneiros surgiram em meados de 97, em Lins, noroeste do Estado de São Paulo. Era serviço restrito, só para conhecidos, que se espalhou e acabou legalizado na cidade em 99.A novidade logo se difundiu pelo país, na carona do desemprego jovem e do baixo custo das motos.Na Rocinha, favela com mais de 55 mil moradores, segundo o Censo 2000, ocorre uma das maiores concentrações de mototáxis: são 350, organizados em 11 cooperativas. (SC)

SP ganha mais de 200 mil pobres em um ano

Número dos que têm renda familiar per capita abaixo de R$ 251 passa dos 7,5 milhões na região metropolitana

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO


A proporção de pobres na região metropolitana de São Paulo passou de 41% para 41,6%, segundo estudo da economista Sônia Rocha, do Iets (Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade), com base na Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
A variação parece pequena, mas mostra que migraram para a pobreza 214 mil pessoas. Na capital paulista e no seu entorno, havia 7,292 milhões de pobres em 2003, segundo o critério utilizado pela pesquisadora para definir pobreza. O contingente subiu, em apenas um ano, para 7,506 milhões de pessoas. Na Grande São Paulo vivem aproximadamente 18,2 milhões de pessoas.
Rocha traçou uma linha de pobreza que, para São Paulo, correspondia a um rendimento familiar per capita de R$ 250,79. Esse valor é diferente para cada região do país, sendo mais baixo onde o custo de vida é menor, como no Nordeste e em áreas rurais.
Dos pobres instalados nas dez grandes metrópoles do país, 35,8% estavam em São Paulo em 2004 -esse percentual era de 34,5% em 2003.
Para Rocha, a fraca geração de postos de trabalho (menos do que no resto do país), a evolução desfavorável do rendimento na região e o aumento do custo de vida em São Paulo proporcionalmente maior do que em outras áreas levaram a maior cidade do país a não reduzir o número de pobres.
No país como um todo, a proporção de pobres caiu de 35,6% em 2003 para 33,2%, principalmente por causa do crescimento do emprego, da valorização do salário mínimo e da expansão das bolsas pagas pelo governo, como as do programa Bolsa-Família.
Emprego sem fôlego
Para Rocha, o emprego em São Paulo evolui menos do que em outras regiões. "A criação de postos de trabalho em São Paulo apresentou expansão de 1,9%, bem aquém da média de 3,3%", diz a economista, ao justificar o desempenho pior da região.Para ela, São Paulo só não gerou mais pobres porque a população cresceu menos: "O arrefecimento do crescimento demográfico contribuiu para que o agravamento da pobreza não fosse ainda mais acentuado. Na verdade, São Paulo tornou-se menos atrativa aos migrantes, apesar das tradicionais redes de solidariedade que acolhem os recém-chegados e da percepção positiva deles quanto às vantagens oferecidas por São Paulo", disse a economista.
Outro ponto citado por ela foi o rendimento, que ficou estável em 2004 no Brasil, mas caiu no conjunto das metrópoles, especialmente em São Paulo e no Rio. A renda na capital paulista caiu 5,3% em 2004 ante o ano anterior.
Um dos fatores que mais contribuíram, segundo Rocha, foi a inflação dos mais pobres, que subiu relativamente mais em São Paulo do que em outras capitais. "Houve um aumento relativamente forte do custo de vida dos pobres em São Paulo", disse Rocha.
Para ilustrar, ela compara a cidade com Salvador. De 2003 para 2004, a linha de pobreza de São Paulo apresentou aumento relativamente forte (5,29%), passando de R$ 238,20 para R$ 250,79. Em Salvador, a linha de pobreza, que se situa em um nível bem mais baixo, também subiu, mas em num ritmo menor (3,75%).
A pesquisadora argumenta, por fim, que as bolsas e transferências do governo para a população mais pobre tiveram menos impacto em São Paulo do que no resto do país, já que seus valores são únicos para todas as regiões e o custo de vida paulista é maior.Até o aumento real do salário mínimo, que teve forte impacto na redução da pobreza em 2004 no restante do país, não teve o mesmo efeito, diz ela. Isso porque, em 2004, o mínimo era de R$ 260 em setembro de 2004, apenas 3,7% superior à linha de pobreza em São Paulo. Em Salvador, o salário mínimo era 43,5% maior do que o rendimento das famílias per capita. O mesmo, diz Rocha, vale para outras transferências, como o Bolsa-Família.
Regiões da BA e do PA apontam maior queda na proporção de pobres, mostra estudo; pior índice está no Recife
Salvador e Belém têm melhores resultados

DA SUCURSAL DO RIO
Das grandes metrópoles do país, Salvador e Belém tiveram a maior redução da pobreza de 2003 para 2004. A proporção de pobres em Belém baixou de 45,4% para 40,3% da população. Em Salvador, foi de 56,6% para 51,7% -a região metropolitana se manteve, porém, com a segunda maior proporção de pobres.Sonia Rocha, economista do Iets (Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade), diz que em Salvador a geração de postos de trabalho foi proporcionalmente maior do que nas grandes metrópoles (Rio e São Paulo), o que contribuiu para a queda mais acentuada da pobreza.
Ela relata ainda que o rendimento também evoluiu mais positivamente e o custo de vida dos mais pobres subiu menos do que em outras metrópoles.
Na região metropolitana de Salvador, é considerado pobre quem tem rendimento domiciliar per capita menor do que R$ 181,19, segundo o conceito de Rocha, que utiliza linhas diferenciadas de pobreza. Pelos dados do levantamento, Salvador tinha 1,63 milhão de pobres em 2004.
Curitiba e Recife também apresentaram redução significativa de um ano para o outro. Na primeira, a proporção de pobres caiu de 26,2% para 22,4%.
Na cidade nordestina, o percentual passou de 63,3% para 59,9%. Apesar do recuo, a capital pernambucana se mantém como a região com, proporcionalmente, o maior contingente de pobres do país -59,9% do total.
Já na Grande Rio e em Brasília e seu entorno a pobreza baixou em intensidade modesta. No Rio, passou de 34,5% para 33,6%. Dos moradores de Brasília, de 42,7% eram pobres em 2003. Em 2004, a cifra caiu para 42,4%.
No Rio, além do fato de os benefícios sociais terem menor impacto, porque o custo de vida é maior do que em outras áreas do país, o "desempenho adverso" do rendimento contribuiu para uma redução não tão expressiva da pobreza, disse Rocha. Havia, em 2004, 3,558 milhões de pobres no Rio.
Apesar dos resultados favoráveis de redução da pobreza e da indigência no Nordeste apresentados pela Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) de 2004, a pobreza persiste na região, segundo o estudo.
A proporção de pobres caiu de 51,9% da população em 2003 para 48,5% no ano seguinte. Já os indigentes passaram de 18,7% para 14,9% (de 9,1 milhões de pessoas para 7,3 milhões em 2004).
Enquanto os resultados mostram que nas regiões metropolitanas a redução da miséria caminha a passos lentos, no campo, ainda que a pobreza persista, a prosperidade tem chegado mais rápido.Dados da Pnad mostram que o percentual de pobres em relação ao total da população baixou de 44,3%, em 1992, para 38,7%, em 2004, nas metrópoles. Em 2003, primeiro ano do governo Lula, o percentual era de 39,8%.
Campo e cidade
Nas áreas rurais (historicamente mais pobres), a pobreza caiu de 52,7%, em 1992, para 35,4%, em 2004. Em 2003, o percentual de pobres na área rural em relação ao total da população era de 39,5% -embora fosse levemente inferior ao verificado nas metrópoles, a diferença de 0,3 ponto percentual não permitia verificar mudança de tendência. A diferença, todavia, se aprofundou em 2004.
(PEDRO SOARES)

1.27.2006

Desemprego cai, renda e formalidade crescem

Dezembro registra 8,3% e 2005, média de 9,8%; renda sobe 2% no ano e vagas formais atingem 40% do total

JANAINA LAGE
DA FOLHA ONLINE, NO RIO
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
O ano de 2005 terminou com o desemprego em queda e a renda média em alta. A taxa de desemprego das seis principais regiões metropolitanas do país superou os prognósticos mais otimistas e chegou a 8,3% em dezembro, o menor patamar da série da Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), iniciada em março de 2002. O resultado contribuiu para que a média de desemprego em 2005 -9,8%- registrasse a menor marca da série histórica -em 2004 foi de 11,5%.
A renda do trabalhador fechou em alta de 2% em relação a 2004, atingindo a média de R$ 972,61. Foi a primeira vez em que a renda cresceu desde 1997, segundo cálculos da consultoria Tendências.
Após seis meses de estabilidade, a queda do desemprego está relacionada à menor procura por trabalho, e não a uma alta significativa nas vagas de novembro para dezembro. Em relação a dezembro de 2004, porém, houve um aumento de 474 mil novos postos de trabalho -ou alta de 2,4%.
Outro fator que contribuiu para a queda da taxa em dezembro foi o aumento na contratação de trabalhadores temporários, principalmente em São Paulo, no setor de comércio. Com isso, São Paulo registrou uma taxa de desemprego de 7,8%. É a primeira vez que a região metropolitana tem taxa abaixo da média das seis regiões.
Para o IBGE, 2005 mostrou uma recuperação significativa do mercado de trabalho, com aumento do emprego formal e da renda.
A redução na procura por trabalho superou as expectativas. Só em dezembro, 291 mil pessoas pararam de procurar emprego, queda de 13,6% em relação a novembro. O contingente em busca de trabalho caiu para 1,8 milhão. É a primeira vez que o número de desocupados fica abaixo de 2 milhões nas regiões pesquisadas.
Lula comemora
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficou "muito contente" e "animado" com os números do IBGE, segundo um assessor direto. "Tinha confiança em que esses números iam aparecer", disse Lula a interlocutores.
O ministro das Relações Institucionais, Jaques Wagner, também considerou o índice "uma ótima notícia" na semana. A idéia do Planalto agora é tentar aproveitar ao máximo a boa repercussão desses números."
É uma queda surpreendente do desemprego, não esperava uma redução tão grande na procura por trabalho. Ela sempre acontece em dezembro, mas não nessa proporção", disse Marcelo de Ávila, economista do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), órgão ligado ao Ministério do Planejamento.
Para ele, menos pessoas procuraram vaga porque a renda familiar cresceu, o que possibilitou que jovens e mulheres saíssem do mercado de trabalho.
Já Fábio Romão, da LCA Consultores, estima que a abertura de vagas esteve muito concentrada no setor de serviços. "O resultado global de 2005 é bem-vindo, mas está apoiado no setor de serviços e esconde um desempenho preocupante do emprego industrial", afirma Romão. Em dezembro, o emprego industrial recuou 0,9%, com a redução de 31 mil vagas.
Tendência ou soluço
O IBGE diz que não é possível prever se a melhora do fim do ano no emprego representa uma tendência, mas historicamente a taxa sobe em janeiro por conta da dispensa de trabalhadores temporários. "Ainda não é possível verificar se o desempenho de dezembro foi apenas um soluço ou se estamos diante de um novo movimento", afirmou Azeredo.
Segundo Guilherme Maia, da consultoria Tendências, o desempenho do mercado de trabalho em 2005 foi afetado pela desaceleração na economia no terceiro trimestre, em razão do aperto monetário, da crise política e da perda de confiança de consumidores e empresários. Esse movimento gerou o adiamento da contratação de temporários para o fim do ano por conta da acumulação de estoques no terceiro trimestre.
Carteira assinada
A pesquisa do IBGE registrou ainda aumento da formalidade no ano passado. De 2004 para 2005, houve um crescimento médio de 5,6% no número de trabalhadores com carteira assinada. Somente em dezembro, o aumento foi de 2% na comparação com o mês anterior. A proporção de trabalhadores formais na população ocupada atingiu o nível recorde de 40,3% na média de 2005. Em 2004, eles representavam 39,3% da população ocupada.
Colaborou a Sucursal de Brasília.
FSP

1.26.2006

Jovem enfrenta maior dificuldade para conseguir emprego, diz IBGE

JANAINA LAGE
da Folha Online, no Rio

Análise do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) do mercado de trabalho nos três anos do governo Lula mostra que o jovem enfrentou nesse período maiores dificuldades para conseguir um emprego.
A população entre 10 e 24 anos diminuiu sua participação entre os ocupados de 19,5% do total em 2003 para 18,2% em 2005.
O espaço deixado pelos jovens foi ocupado pela população com 50 anos ou mais, que elevou sua participação de 16,8% para 18% na mesma comparação.
O IBGE destaca que no segundo semestre de 2005 a população ocupada com mais de 50 anos de idade superou o contingente médio mensal de jovens ocupados.
Além de buscar trabalhadores mais experientes, o mercado de trabalho também exigiu mais escolaridades. Os trabalhadores com 11 anos ou mais de estudo aumentaram sua participação na população ocupada de 46,7% em 2003 para 50,3% em 2005.
Segundo o IBGE, entre os diversos níveis de escolaridade esse foi o único segmento que ampliou a participação no mercado de trabalho nos últimos anos.
O instituto de pesquisas destaca, no entanto, que uma boa formação não é sinônimo de emprego garantido. Entre os desocupados, a participação das pessoas com 11 anos ou mais de estudo passou de 39,9% do total em 2003 para 46,1% em 2005.
Por setores, dois cresceram acima da média do mercado: intermediação financeira e atividades imobiliárias, aluguéis e serviços prestados para empresas (de 13,4% dos empregos em 2003 para 13,9% em 2005) e serviços domésticos (de 7,6% para 8,2%).

FSP

Desemprego é o menor em quase 4 anos e renda sobe, diz IBGE

JANAINA LAGE da Folha Online, no Rio
A taxa de desemprego de seis regiões metropolitanas do país recuou de 9,6% para para 8,3% em dezembro, o menor marca já verificada na nova Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), iniciada em março de 2002. Além disso, a renda do trabalhador subiu 2% no ano passado.
Já o contingente de pessoas desocupadas nas seis regiões metropolitanas foi estimado em 1,8 milhão, uma queda de 13,6% em relação ao mês anterior. Trata-se da primeira vez que esse número cai abaixo de 2 milhões.
No entanto, a população ocupada não se alterou em relação a novembro e somou 20,2 milhões de pessoas. O dado mostra que a queda do desemprego deve-se mais à saída de pessoas do mercado de trabalho do que à criação de novas vagas.
Depois de um 2004 promissor, com redução significativa da taxa de desemprego, o mercado de trabalho patinou ao longo de 2005, mas se recuperou no final do ano. A taxa média de desemprego no ano passado foi de 9,8%, contra 11,5% em 2004.
Segundo Marcelo de Ávila, economista do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), órgão ligado ao Ministério do Planejamento, existiam dúvidas quanto ao ritmo de queda da taxa em dezembro. Historicamente, ele aponta que a redução era da ordem de 1 ponto percentual.
Antes de ser influenciada pelo "efeito fim de ano" a taxa de desemprego permaneceu estatisticamente estável por seis meses seguidos, de junho a novembro. Fatores como a taxa de juros elevada, carga tributária e crise política minaram o ânimo do empresariado. O mercado de trabalho sofreu ainda com a desaceleração da economia no terceiro trimestre, quando o PIB (Produto Interno Bruto) recuou 1,2%.
Entre as seis regiões pesquisadas, três apresentaram queda na taxa de desocupação: Belo Horizonte (de 8,2% para 7%), Rio de Janeiro (de 7,7% para 6,8%) e São Paulo (9,7% para 7,8%). Em Porto Alegre, Recife e Salvador houve estabilidade.
Renda
A renda do trabalhador acompanhou o movimento de recuperação do mercado de trabalho em dezembro e subiu de R$ 978,07 em novembro para R$ 995,40 em dezembro, uma alta de 1,8%. Em relação a dezembro de 2004 houve alta de 5,8%.O rendimento médio de 2005 teve alta de 2% em relação ao ano anterior. Segundo o IBGE, o rendimento mais baixo da série foi registrado em 2004.
FSP

1.25.2006

Desemprego global fica em 6,3% em 2005

COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Depois de dois anos consecutivos de redução, a taxa de desemprego no mundo se manteve em 6,3%, o que representa 191, 8 milhões de desempregados. A informação é da OIT (Organização Internacional do Trabalho).
De acordo com informe da OIT, o número de desempregados aumentou devido ao fato de o crescimento econômico mundial não acompanhar o aumento da demanda por trabalho.Ainda segundo a OIT, o crescimento econômico mundial também não foi capaz de melhorar as condições de vida dos mais pobres. Apenas 14,5 milhões dos mais de 500 milhões que ganham menos de US$ 1 por dia saíram da linha da miséria extrema.
Com 1,3 milhão de desempregados a mais, a América Latina e o Caribe foram as regiões que registraram maior aumento do desemprego. Hoje, 7,7% da população está sem emprego na região.Na Europa Central e Oriental, com exceção da União Européia, a taxa é de 9,7%, enquanto na UE e países desenvolvidos o desemprego ficou em 6,7% em 2005.No leste asiático, a taxa permanece em 3,8%, a mais baixa do mundo, enquanto o Oriente Médio e o norte da África ficam no topo da classificação, com desemprego de 13,2%.

Bancos pagam menos imposto que trabalhador

DA REPORTAGEM LOCAL
Os trabalhadores formais pagaram mais imposto que as empresas e os bancos em 2005. A conclusão faz parte de uma pesquisa publicada ontem pelo Unafisco (Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal). Segundo o levantamento, a carga tributária bruta federal totalizou 24,2% do PIB em 2005 -contra 23,6% em 2004.As contas puderam ser feitas depois que a Secretaria da Receita Federal divulgou, no último dia 18, o resultado da arrecadação de dezembro e do ano. De acordo com a secretaria, a sociedade brasileira pagou R$ 364,136 bilhões em impostos e tributos em 2005 e a Receita Federal bateu recorde de arrecadação no período. Em valores reais, já descontada a inflação, a arrecadação foi de R$ 372,488 bilhões, um crescimento de 5,65% sobre 2004.Segundo o Unafisco, os bancos recolheram em Imposto de Renda cerca de R$ 7,5 bilhões no ano passado. No total, somando o montante de tributos pagos pelas instituições financeiras, o valor atingiu R$ 18 bilhões. Esse número é cerca de um terço do total pago pelos trabalhadores em IR (R$ 52 bilhões) no mesmo período.Quanto às empresas privadas, a receita com arrecadação do IRPJ (Imposto de Renda Pessoa Jurídica) totalizou R$ 44,9 bilhões -ainda inferior aos R$ 52 bilhões pagos pela pessoa física no ano passado. Nessa conta das companhias não está incluído o valor desembolsado pelos bancos."A arrecadação de impostos continua quebrando todos os recordes históricos, cresceu o dobro da economia e reforça a injusta estrutura tributária brasileira", informa o levantamento da entidade.(ADRIANA MATTOS)

1.23.2006

Ford vai demitir até 30 mil pessoas e fechar 14 fábricas

da Folha Online
A fabricante norte-americana de veículos Ford Motor - segunda maior dos EUA- informou nesta segunda-feira que irá fazer um corte de 25 mil a 30 mil funcionários em sua força de trabalho e desativar 14 fábricas até 2012 como parte de um plano de reestruturação.As medidas pretendem reverter o prejuízo de cerca de US$ 1,6 bilhão registrado nas operações da empresa na América do Norte. O corte de empregos representa uma redução de 20% a 25% da força de trabalho (de cerca de 122 mil trabalhadores) da Ford Motor na região. A desativação das fábricas irá eliminar capacidade para produzir 1,2 milhão de veículos. A Ford tem capacidade atualmente para construir 4,5 milhões de veículos por ano na América do Norte em 43 três unidades de produção de peças e de montagem.
O plano, chamado pela Ford de "Way Forward" ("Caminho à Frente"), pretende fazer a companhia voltar à lucratividade até 2008. O plano ainda pretende reduzir custos de material em até US$ 6 bilhões até 2010.As unidades a serem desativadas até 2008 são as linhas de montagem em Saint Paul (Minnesota); Wixom (Michigan); Atlanta (Georgia); Saint Louis (Missouri); e Windsor (Província de Ontário, no Canadá). A produção na fábrica de Saint Thomas (também em Ontário) será reduzida a um único turno.Outras duas unidades de montagem a serem desativadas serão escolhidas ainda neste ano, informou a Ford. As sete restantes não foram anunciadas.
The New York Times
Ford vai fechar fábricas nos EUA e demitir 30 mil

O objetivo da montadora é se tornar tão ágil quanto a Toyota e a Honda, que vêm ganhando terreno no mercado norte-americano
Micheline Maynard
Em Dearborn, Michigan
A Ford Motor Company anunciou nesta segunda-feira (23/01) que fechará até 14 fábricas e demitirá até 30 mil funcionários nos próximos seis anos. Foi o mais recente passo em uma reestruturação fundamental das montadoras tradicionais de Detroit, atingidas duramente pelas concorrentes estrangeiras que conquistaram mais de 40% do mercado americano. As medidas da Ford, a segunda maior montadora nos Estados Unidos, ocorrem dois meses depois que a General Motors, a líder do setor, anunciou que fechará totalmente ou parcialmente uma dúzia de fábricas e demitirá um número semelhante de funcionários.
Incluindo os cortes que ocorreram na Chrysler Corp., as Três Grandes montadoras eliminaram ou anunciaram planos para eliminar quase 140 mil vagas de trabalho desde 2000, incluindo cargos administrativos. Isto representa cerca de um terço de sua folha de pagamento norte-americana, uma volta a um tamanho de força de trabalho não visto desde o final da Segunda Guerra Mundial.
"Este pode não ser o fim, mas é certamente o início do fim do setor automotivo como o conhecíamos", disse Gary Chaison, professor de relações industriais da Universidade Clark, em Worcester, Massachusetts.
Enquanto as três grandes estão visivelmente encolhendo, suas ações combinadas não representam o fim da manufatura automotiva nos Estados Unidos. Mas as pegadas geográficas estão claramente se dirigindo para o sul, onde uma nova indústria automotiva está florescendo.
Empresas japonesas, alemãs e sul-coreanas agora empregam 60 mil pessoas, ou cerca do mesmo número que Ford e GM disseram que encolherão. Mas as montadoras estrangeiras estão criando uma força de trabalho mais jovem, mais barata, descartando os demitidos por Detroit e os pacotes de benefícios e maiores salários que os trabalhadores de Detroit têm recebido.
O sindicato United Automobile Workers, que representa os trabalhadores nos Estados Unidos, disse que o anúncio pela Ford foi "profundamente decepcionante e devastador" para seus membros.
As ações da Ford fecharam em alta de 42 centavos, a US$ 8,32, na Bolsa de Valores de Nova York. Os cortes na Ford estão transcorrendo segundo um plano de recuperação que ela chama de "Way Forward" (caminho à frente), marcando sua segunda tentativa de reestruturar a empresa nos últimos quatro anos.
A meta da Ford é se tornar tão ágil quanto a Toyota e a Honda, cortando camadas de burocracia que têm impedido o desenvolvimento de veículos inovadores como carros elétricos híbridos. O plano também acentua as raízes americanas da Ford e visa criar identidades mais claras para suas marcas Ford, Lincoln e Mercury.
O aumento dos preços da gasolina e do aço e a forte concorrência do exterior intensificaram o desafio para a Ford e GM, já sobrecarregadas pelos custos crescentes de planos de saúde e um legado de promessas de ricos pacotes de aposentadoria e outros benefícios. Mais importante, ambas empresas fracassaram em encontrar as fórmulas certas para agradar o comprador americano.
O resultado tem sido uma forte perda de participação no mercado. A Ford, que detinha cerca de 25% do mercado de carros em 2000, ficou com apenas 17,4% em 2005. Grande parte da queda se deve ao declínio da popularidade dos grandes utilitários esporte, que sustentaram os lucros e a participação de mercado da Ford durante os anos 90, quando tinha cerca de 100 mil trabalhadores ganhando por hora.
Os cortes de hoje na Ford afetam cerca de um terço da folha de pagamento por hora na América do Norte, onde tem 87 mil trabalhadores. A empresa também demitirá outros 4 mil funcionários com salários mensais, ou cerca de 10% de sua força de colarinho branco, e prometeu reduzir suas fileiras de executivos em 12%.
As montadoras estrangeiras, que atualmente vendem mais de quatro entre cada 10 carros e caminhões vendidos nos Estados Unidos, criaram dezenas de milhares de vagas de trabalho em novas fábricas de Ontario até Ohio, por todo o sul americano e no México.
Devido ao seu crescimento, não ocorreu perda líquida de empregos no setor automotivo americano nos últimos 10 anos, segundo James P. Womack, um autor e especialista em eficiência no setor manufatureiro. O emprego na indústria automobilística tem sem mantido estável em cerca de 1,1 milhão de trabalhadores, incluindo os que trabalham para empresas de autopeças, disse ele.
De fato, as montadoras estrangeiras, que coletivamente empregavam cerca de 60 mil trabalhadores nas fábricas norte-americanas no ano passado, estão expandindo suas fábricas. Ainda neste ano, a Toyota inaugurará uma nova fábrica de caminhões em San Antonio, e está construindo outra fábrica em Ontario.No início deste mês, o executivo-chefe da Nissan, Carlos Ghosn, que se tornou um exemplo de administrador ao comandar a recuperação bem-sucedida de sua empresa nos últimos seis anos, disse que a Nissan ampliará sua fábrica de dois anos em Canton, Mississippi.
Apesar das montadores estrangeiras terem contratado alguns ex-trabalhadores de Detroit, a maioria de seus trabalhadores não tem experiência automotiva e foi escolhida por meio de um processo rigoroso de triagem, avaliando resistência física e tendência ao trabalho em equipe.
Com uma participação menor de mercado, as fábricas da Ford na América do Norte estão operando a apenas três quartos da capacidade, provocando a decisão de segunda-feira da empresa de fechar as linhas de montagem de Wixom, Michigan, fora de Detroit; Hapeville, Geórgia, fora de Atlanta; e Hazelwood, Missouri, um subúrbio de Saint Louis.Mais duas linhas de montagem fecharão, disse a Ford, apesar de não ter dito quais serão. A montadora também está fechando a fábrica de transmissão em Batavia, Ohio, perto de Cincinnati, e analistas disseram esperar que outras fábricas da Ford fecharão à medida que a empresa decidir quais linhas de montagem fecharão.
A Ford também está cortando um turno de trabalho em sua fábrica em Saint Thomas, Ontario, a duas horas a oeste de Toronto. O executivo-chefe da Ford, William Clay Ford Jr., chamou os cortes de "um último recurso doloroso". Mas ele disse que o plano da empresa contém "a visão e foco estratégico para reconstruir os negócios. Com ele, nós retomaremos a estrada americana", disse Ford.
Ford, que apresentou o programa de transformação anterior em 2002, logo após ter se autonomeado executivo-chefe, disse que aquele plano atingiu suas metas, mas não foi suficiente diante da forte concorrência estrangeira."Nós não defenderemos os negócios de costume", disse Ford.Mas a empresa manteve alguma esperança para alguns trabalhadores, dizendo que planeja criar uma nova fábrica em algum ponto da América do Norte para construção de carros pequenos a baixo custo. Os executivos da Ford se recusaram a dizer quando a fábrica será construída -ou se planeja empregar trabalhadores sindicalizados nos Estados Unidos ou Canadá.A idéia parecia repetir a intenção original da GM com a Saturn Corp., cuja fábrica em Spring Hill, Tennessee, visava provar que trabalhadores americanos eram capazes de produzir carros capazes de competir com os automóveis japoneses.
De fato, os Saturn conseguiram roubar alguns compradores da Toyota e da Honda no início dos anos 90, quando os carros começaram a ser vendidos. Mas os Saturn foram perdendo popularidade após a GM ter decidido concentrar sua atenção no desenvolvimento de utilitários esporte.E apesar da GM estar tentando rejuvenescer sua linha Saturn, ela anunciou no ano passado que fechará uma linha de montagem em Spring Hill, colocando em dúvida o futuro a longo prazo da fábrica.O anúncio pela Ford do plano "Way Forward", na segunda-feira, colocou um fim a semanas de especulação de que ela eliminaria algumas linhas de produtos.
Mas na segunda-feira, a Ford se recusou a fazer comentários sobre veículos específicos. Logo após ter apresentado o programa na segunda-feira, a Ford disse que perdeu US$ 1 bilhão antes da dedução de impostos em suas operações automotivas em 2005, em comparação a uma perda de US$ 850 milhões em 2004. Ela postou um lucro anual de US$ 2 bilhões, uma queda em comparação a US$ 3,5 bilhões em 2004, seu terceiro lucro anual consecutivo. Ela conseguiu continuar ganhando dinheiro devido aos bons resultados no exterior e à força de sua divisão de serviços financeiros.Mas em dezembro, a Standard & Poor's Ratings Services rebaixou a dívida da Ford em dois pontos, descendo ainda mais na condição de junk, o mesmo que a S&P fez com a GM após esta ter revelado seu plano de reestruturação. A S&P alertou que a Ford estava particularmente vulnerável aos passos que a GM poderia adotar para melhorar sua participação de mercado, como os grande descontos para funcionários oferecidos aos compradores em geral no verão passado. Mas a agência de rating, que alertou que a GM poderia ser forçada a pedir concordata, disse não achar que a Ford terá que fazer o mesmo.Um motivo, disseram os analistas, é que a família Ford, que controla a empresa por meio de uma classe especial de ações, fará de tudo para impedir tal medida.
Na segunda-feira, os primos de Ford, Edsel B. Ford II e Elena Ford, assistiam enquanto ele invocava seu bisavô, Henry Ford, em um esforço para encorajar os funcionários da Ford a serem mais inovadores.Ford lembrou que Henry Ford construiu seu primeiro carro em um barracão atrás de sua casa em Detroit, apenas para perceber que era grande demais para passar pela porta. Ford disse que ele então não hesitou em derrubar a parede para tirá-lo."Nós pretendemos lembrar diariamente às pessoas que se você quiser construir algo que nunca foi construído antes, talvez seja preciso derrubar uma parede ou duas", disse Ford.
Mas Wall Street, por outro lado, esperava por informações mais específicas do que as que a empresa forneceu em sua apresentação de uma hora. Executivos da Ford disseram que a montadora não mais emitirá metas anuais de ganhos para analistas -o fim de uma antiga prática da Ford de declarar suas metas antecipadamente.
A empresa disse na segunda-feira que espera voltar a ser lucrativa em suas operações automotivas em 2008, o que significa que perderá dinheiro nelas neste ano e no próximo.Mark Fields, recentemente nomeado presidente das operações da Ford para as Américas e que foi o autor do plano "Way Forward", também disse que a Ford pretende estabilizar sua participação de mercado em declínio e no final conseguir ganhos nas vendas.Mas ele não disse quando isso acontecerá ou que participação no mercado americano a Ford espera obter.
A recusa da Ford em dar mais detalhes sobre seus planos de fechamento de fábricas e metas financeiras contrasta com o plano bem definido da Nissan por Ghosn, o executivo da Renault que assumiu a empresa em 1999.
A Nissan cumpriu ou ultrapassou as metas em três programas traçados por Ghosn, que prometeu há seis anos renunciar ao cargo se a empresa não atingisse suas metas.Na segunda-feira, Fields disse em uma entrevista que estava encarando seu trabalho "como se meu emprego estivesse em risco"."Com sorte seremos bem-sucedidos", acrescentou Fields. "Eu compartilharei as recompensas e, caso contrário, compartilharei as conseqüências."

1.20.2006

Governo anuncia flexibilização do mercado de trabalho

Moçambique
2006-01-20 08:30
DE com Lusa
O governo moçambicano tenciona apresentar em breve uma lei para aumentar a "flexibilidade" do mercado de trabalho, revela um a carta endereçada ao Fundo Monetário Internacional (FMI), divulgada quinta-feira em washington. Na "carta de intenções" do governo moçambicano, datada de Outubro do ano passado mas só agora tornada pública pelo FMI, Maputo reconhece "a importância de remover um número de obstáculos ao desenvolvimento do sector privado", incluindo as actuais leis laborais.Neste aspecto, o governo moçambicano compromete-se perante o FMI a submeter ao parlamento até final de Março deste ano uma lei que visa "aumentar a flexibilidade do mercado de trabalho, abordando em particular os custos de despedimento e facilitando o recrutamento contratual".
Na carta, o executivo moçambicano diz que vai "continuar a reestruturar e a encorajar a participação privada nas empresas públicas, particularmente serviços de infra-estruturas"."Um opção estratégica para reestruturar a PETROMOC, a distribuidora estatal de petróleo, será decidida até ao final de 2006," diz a carta.
As autoridades moçambicanas comprometem-se também "a examinar as opções para reestruturar as companhias estatais de telecomunicações e electricidade, para aumentar a sua eficiência e investimento com ajuda do Banco Mundial".
O governo moçambicano diz ainda que tenciona fazer aprovar "um decreto sobre o uso da terra urbana", até ao final de Junho, que "vai também facilitar a redução de custos e tempo envolvidos em transacções", não fornecendo mais pormenores.
A carta revela ainda que o governo moçambicano, como parte dos planos para "melhorar a governação", tenciona aprovar uma estratégia anti-corrupção até ao final de Março e, no âmbito da luta contra a lavagem de dinheiro, vai criar "uma unidade de investigação financeira" até final de Junho.No documento as autoridades moçambicanas dizem esperar um crescimento económico de 7,9% este ano, a desaceleração da inflação 7% e "a manutenção de uma posição sustentável fiscal e externa".
Apesar de mais aumentos nos preços do petróleo, as autoridades moçambicanas dizem esperar uma redução do défice da conta corrente, "principalmente devido a um aumento de doações externas".
O governo moçambicano diz ainda que tenciona reduzir de 25% para 20% as tarifas máximas de importações aplicáveis "a todos os parceiros comerciais".

Ford suprime 25 mil postos de trabalho


DE com Expansion
William Clay Ford, administrador-delegado do grupo automobilístico norte-americano, anunciará na próxima segunda-feira a supressão de 25 mil postos de trabalho, o equivalente a 20% dos seus funcionários nos Estados Unidos, segundo fontes próximas da empresa citadas pela agência Bloomberg. Esta medida, que será levada a cabo nos próximos quatro anos, insere-se no plano de restruturação denominado 'Way Forward', o qual pretende reduzir as perdas da empresa nos Estados Unidos, onde está a sofrer a concorrência de marcas asiáticas como a Toyota e a Honda e o aumento dos benefícios sociais concedidos aos funcionários.A Ford encerrou o ano passado com uma quota de mercado de 18,6% nos Estados Unidos, quando há cerca de dez anos esta percentagem atingia os 25,7%.O responsável máximo do segundo maior grupo automobilístico havia já afirmado que deveria anunciar a redução dos postos de trabalho em breve. Esta será a segunda restruturação levada a cabo por William Ford desde que assumiu a liderança da empresa em 2001.
Diario Economico

Emprego de carteira assinada em baixa



BRASÍLIA – O fraco desempenho da economia brasileira em 2005 acabou refletindo na criação de postos de trabalho formais no país. De acordo com dados divulgados ontem pelo Ministério do Trabalho, no ano passado foram criados 1,254 milhão de empregos com carteira assinada, cerca de 17,7% a menos do que o resultado do ano anterior, cujo saldo (diferença entre empregos criados e perdidos) ficou em 1,523 milhão de postos.
Em Minas Gerais, a situação foi parecida. Em 2005, o saldo entre os empregos criados e os perdidos no Estado foi de 155.409, aproximadamente 11,4% a menos que o verificado em 2004, cujo saldo foi de 175.254 postos de trabalho. A projeção para 2006 do ministro Luiz Marinho é repetir o desempenho de 2004.
Caso seja concretizada, o total ficaria em cerca de 5 milhões de postos de trabalho formais criados durante o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2006), que chegou a falar na criação de 10 milhões de empregos durante a campanha presidencial.
Selic Em 2005, o setor da indústria de transformação foi a que mais desacelerou o ritmo de crescimento do emprego, com apenas 177.548 postos de trabalhos criados, quase 65% a menos do que os 504.610 gerados no ano anterior.
O comércio também perdeu fôlego, com saldo de 389.815 empregos, frente a 403.940 de 2004. Questionado sobre a razão dessa desaceleração, Marinho culpou a política monetária.
“É por causa da nossa querida e estimada Selic – afirmou o ministro, referindo-se à taxa básica de juros, considerada muito elevada, sobretudo pelo setor produtivo, e que segurou o crescimento maior do país em 2005.
Sudeste Do lado positivo, o setor de serviços foi o que melhor desempenho teve em relação à geração de empregos, com saldo positivo de 569.705 postos, 21,2% a mais do que em 2004, quando ficou em 470.123.
A construção civil também mostrou força, com resultado positivo de 85.053 empregos, 67,55% a mais do que no ano anterior (50.763 unidades). Na opinião de Marinho, esses setores deverão continuar crescendo em 2006, possibilitando a ampliação do número de trabalhadores com registro na carteira.
“Para este ano (2006), esses setores continuarão crescendo mais”, adiantou o ministro. A região Sudeste foi a que mais gerou saldo positivo na criação de empregos em 2005, com 790,111 mil postos de trabalho.
Deste total, o Rio de Janeiro ficou com 121.111 empregos, ocupando o terceiro lugar na lista, encabeçada por São Paulo com 472.931 empregos
Jornal O Tempo

Marinho culpa juros por desaceleração do emprego

Brasília - A criação de empregos com carteira assinada diminuiu o ritmo em 2005. Ano passado, foi gerado 1,254 milhão de postos de trabalho, contra 1,523 milhão, em 2004. Mesmo assim, 2005 teve o segundo melhor resultado da série histórica do Cadastro Geral de Empregados e Demitidos (Caged) do Ministério do Trabalho.
Os dados foram divulgados pelo ministro do Trabalho, Luiz Marinho. Ele previu que pode chegar a 5 milhões o número de empregos formais criados nos quatro anos do governo Lula.
Marinho admitiu a desaceleração na abertura de postos de trabalho e a atribuiu à política de juros do Banco Central. Para este ano, no entanto, o ministro se diz otimista.
Segundo ele, os juros podem cair mais e fechar 2005 em torno de 13%. Isso, aliado a um crescimento de 5%, faria a criação de vagas voltar ao nível de 2004.
Monitor Mercantil

Ministros do emprego discutem "flexigurança"

"Flexigurança" é o novo palavrão para o mercado do emprego. Uma mistura de flexibilidade com segurança mas que, só por si, não convence os sindicatos.Na Áustria, onde os ministros dos Vinte e Cinco discutem as formas de impulsionar o emprego, os sindicatos organizaram uma manifestação. Protestam contra a deterioração das suas condições sociais e dizem que a "flexigurança" não chega para resolver a crise de emprego da União Europeia. Os ministros estudam, sobretudo, o modelo dinamarquês, que associa uma grande flexibilidade na entrada e saída do mercado de trabalho com uma forte protecção social dos trabalhadores, graças a bons subsídios de desemprego e a um acompanhamento na procura de um novo trabalho. Um êxito ao qual não é alheio o facto de que o país é, dos Vinte e Cinco, quem mais investe em políticas activas de emprego.Outro dos debates foi a abertura do mercado de trabalho dos antigos Quinze. Até agora, só o Reino Unido, a Irlanda e a Suécia abriram as portas aos trabalhadores dos novos Dez. Áustria e Alemanha já anunciaram que as suas vão continuar fechadas por mais três anos.
EuroNews (www.euronews.net)

Criação de emprego com carteira assinada cai 17,7% em 2005


O número de empregos com carteira assinada criados no ano passado foi 1,25 milhão. O índice é 17,7% menor que o de 2004, quando o número de novos postos com carteira chegou a 1,52 milhão. A informação foi divulgada ontem pelo Cadastro Geral de Emprego e Desemprego (Caged).
Para o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, as altas taxas de juros praticadas pelo Banco Central prejudicaram a ampliação da oferta de vagas ao longo do ano. O ministro diz esperar que a "querida e estimada Selic", que hoje é de 18%, caia até o final do ano para cerca de 14%. Ontem o Banco Central baixou a Selic em apenas 0,75 ponto, deixando a taxa básica de juros em 17,25%.
O ministro destacou o fraco desempenho da indústria de transformação, que teve um saldo positivo de apenas 177.500 vagas no ano passado, frente a 504.600 em 2004.
Marinho prevê que o governo Lula encerre o mandato com a criação 5 milhões de novas vagas com carteira assinada e outros 3 milhões de empregos informais. Nesses 36 meses do governo atual, foram gerados 3,422 milhões de empregos com carteira, um crescimento de 15,23%.

Com Investnews.

Presa mulher acusada de planejar duas mortes para roubar emprego

20/01/2006 - 08h13

Luciano Cavenagui
Do Diário do Grande ABC

Um emprego e uma grande paixão. Esses foram os motivos alegados pela ex-estagiária de Administração de Empresas Carolina de Paula Faria dos Santos, 22 anos, para encomendar o assassinato de duas ex-colegas, afirma a polícia. A primeira vítima, moradora da Vila Euclides, em São Bernardo, foi baleada em 18 de novembro quando dirigia pela via Anchieta, e sobreviveu ao atentado. Então, Carolina teria escolhido uma segunda vítima, assassinada em 29 de dezembro.
Carolina, seu primo Rodolfo Queirós dos Santos, 25 anos, e Edson Siqueira dos Santos, 25, foram presos quarta-feira à noite em Cubatão, pelo Garra (Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos) de São Bernardo.
Em depoimento à polícia, Carolina, que é casada, teria dito que planejou os crimes para voltar à empresa onde estagiou, a Petrocoque (subsidiária da Petrobras), em Cubatão. Outro motivo seria o desejo de ficar próxima a um funcionário da gerência com o qual teve um envolvimento amoroso. Ele também seria casado.
Para conseguir seu objetivo, ela teria de abrir uma vaga na empresa. A solução que encontrou foi matar as ex-colegas. “Por mais absurdo que pareça, na visão dela, seu objetivo seria alcançado”, afirmou o delegado seccional de São Bernardo, Marco Antônio de Paula Santos.
Carolina mora em Cubatão e é formada em Administração de Empresas. Por meio de currículo, conseguiu uma vaga de estágio de seis meses na Petrocoque, no setor de Recursos Humanos, para cobrir a vaga de uma funcionária que saiu devido à licença-maternidade. Seu estágio começou em 6 de dezembro de 2004 e terminou em 20 de junho do ano passado. Ela ganhava bolsa de R$ 600.
Segundo a polícia, Carolina ficou decepcionada por não ter sido efetivada na empresa. Após o estágio, ela voltou à Petrocoque para saber o que teria de fazer para ser contratada. “Um funcionário disse a ela que alguém teria de ser demitido ou morrer para uma vaga ser aberta. Carolina interpretou a informação da morte de maneira exacerbada, ficou com isso na cabeça e arquitetou todo o planejamento para matar duas ex-colegas”, diz o delegado seccional. Os alvos passaram a ser a assistente de planejamento financeiro Renata Borelli, 24 anos, moradora da Vila Euclides, em São Bernardo, e a tesoureira Mônica Tamer Almeida Cruz, 42.
Carolina contatou seu primo Rodolfo Queirós, também morador de Cubatão, para realizar os assassinatos, afirma a polícia,. “Eu me recusei a matar e indiquei para minha prima duas pessoas que poderiam fazer o serviço”, afirmou Queirós à reportagem. Os escolhidos foram Edson Siqueira dos Santos, o Quimbau, e Aislan Dionísio Nascimento, 24 anos. Eles receberiam R$ 3 mil pelos crimes. Ambos têm envolvimento com o tráfico de drogas na favela Cota 400, em Cubatão, segundo a polícia.
Em 18 de novembro do ano passado, o primeiro ataque. A vítima: Renata Borelli. Ela sofreu um ataque no km 34 da Anchieta, em São Bernardo, quando voltava do trabalho para a Vila Euclides. Dirigindo um Celta, Carolina teria seguido a ex-colega desde Cubatão e emparelhou os carros na Via Anchieta. Dentro do Celta também estariam Quimbau e Nascimento. Eles seriam os autores dos seis tiros contra Renata, que só foi atingida por uma bala no ombro. Ferida, ela foi até a delegacia seccional, que começou a investigar o caso. Se voltasse ao trabalho, morreria. Esse era o tom das ameaças que passou a receber desde o atentado.
Visita
Em 29 de dezembro, Mônica, outra ex-colega de Carolina, foi morta com cinco tiros em um ponto de ônibus na Praia Grande. Uma semana antes, a estagiária a visitou em casa para ver seu filho recém-nascido. “Carolina foi muito fria. Ela se mostrou articulada e sem nenhum indício de distúrbio mental. Em depoimento, ela não demonstrou nenhum remorso pelo que fez e deu a entender que faria tudo novamente”, contou o delegado Santos.
Por meio de rastreamento telefônico das ameaças que Renata recebia, a polícia chegou até Rodolfo Queirós, que delatou a prima e os outros participantes do caso, todos moradores de Cubatão. Aislan Dionísio Nascimento e Ewerton Moura Andrade, 19 anos, estão foragidos. Andrade, segundo a polícia, participou das ameaças de morte feitas à Renata por telefone.
Carolina, seu primo e Quimbau foram indiciados por homicídio e tentativa de homicídio. Se condenados, podem pegar de 12 a 30 anos de prisão. Quimbau tem passagem criminal por roubo.

Estudo liga estresse no trabalho a doença cardíaca e diabetes

20/01/2006 - 11h16
da BBC, em Londres

O estresse no ambiente de trabalho é um importante fator no desenvolvimento de doenças do coração e diabetes, segundo pesquisadores britânicos.
Já há muito tempo se conhece a relação entre o estresse e problemas de saúde, mas o estudo publicado nesta sexta-feira pela revista acadêmica British Medical Journal identificou pela primeira vez este processo biológico.
Os pesquisadores estudaram os históricos de saúde de 10 mil funcionários públicos britânicos e descobriram uma relação entre o estresse e a síndrome metabólica, uma condição que se manifesta, entre outras coisas, pela obesidade e a pressão alta.
“Funcionários com estresse de trabalho crônico têm mais do que o dobro de chances de ter a síndrome do que os que não têm este estresse, levando em conta outros fatores de risco”, disse a líder da pesquisa, Tarani Chandola, da University College, de Londres, que liderou os trabalhos.
“O estudo fornece evidência para a plausibilidade biológica dos mecanismos de estresse psicossocial, ligando fatores estressantes do dia-a-dia com doenças cardíacas.”
Variáveis
Durante o estudo, desenvolvido entre 1985 e 1999, os níveis de estresse relacionados ao trabalho dos participantes foram medidos quatro vezes.
Os pesquisadores também avaliaram os diferentes aspectos da síndrome metabólica, que designa uma série de fatores que causam doenças cardíacas e diabetes, como a alta pressão sangüínea e colesterol elevado, entre 1997 e 1999.
Variáveis como classe social, fumo, consumo de bebidas alcoólicas e falta de exercício foram levados em consideração.
A conclusão foi de que, quanto mais estresse as pessoas tinham no trabalho, maior era a probabilidade de elas apresentarem sintomas da síndrome metabólica.
Uma das possíveis explicações para isso, segundo os autores do estudo, é que a exposição prolongada ao estresse no trabalho afeta o sistema nervoso da pessoal.
Eles também sugerem que o estresse crônico pode reduzir a resistência biológica do trabalhador, afetando seu equilíbrio fisiológico.
O estudo também conclui que funcionários que têm cargos inferiores na hierarquia estão mais sujeitos a apresentar a síndrome metabólica, confirmando teorias de que o status social de uma pessoa está ligado à condição.

1.17.2006

Pescadores sofrem com precarização do trabalho

A precarização das condições de trabalho no setor pesqueiro foi tema do Seminário Norte e Nordeste da Pesca, realizado ontem na sede da Delegacia Regional do Trabalho (DRT/CE)

Débora Dias
da Redação



MAIS DE 95% dos pescadores cearenses contratados
não têm carteira assinada
(Foto: EDIMAR SOARES)
Barcos irregulares, ausência de fiscalização e escassez na produção de lagosta. Como resultado dessa cadeia, a precarização das condições de trabalho no setor pesqueiro. De acordo com a Delegacia Regional do Trabalho (DRT), mais de 95% dos pescadores contratados não possuem carteira de trabalho assinada. Nesse cenário, profissionais reivindicam direitos, enquanto proprietários de barcos alegam que não possuem condições de voltar a cumprir a legislação trabalhista.
Para buscar alternativas ao problema, a Coordenadoria da Fiscalização Portuária e Aquaviária da DRT/CE realizou ontem o Seminário Norte e Nordeste da Pesca, reunindo representantes de empregadores e empregados no setor. ''Falta ordenamento. O pescador reclama que falta sustentabilidade e os armadores (donos de barco) dizem que faltam condições de dar essa sustentabilidade. Se tiver regulamentação, vamos ter carteira assinada'', argumenta o presidente da Federação de Pescadores do Estado, Raimundo Félix da Rocha.
Ele considera que é preciso definir e fiscalizar o número de embarcações necessárias para o setor, para evitar a exaustão dos recursos naturais. ''Há omissão dos órgão públicos ao permitir um aumento excessivo da frota. A produção fica cada vez mais dividida e a lucratividade é reduzida'', concorda o presidente do Sindicato dos Pequenos e Médios Armadores dos Estados do Ceará e Piauí, Eloy de Souza Araújo.
Também vice-presidente do Conselho Nacional de Pesca e Aqüicultura, Araújo estima que das cinco mil embarcações de lagosta, apenas cerca de 1.300 são registradas. Ele lembra que o setor assinava a carteira trabalhista de todos os pescadores contratados. Mas nos últimos anos, com a queda na produção de lagosta, foram reduzidos custos. O período de defeso da lagosta começa dia 1º de janeiro.
O coordenador da fiscalização portuária e aquaviária da DRT/CE, Marcelino Mendes, aponta entre os problemas uma prática comum no setor: o contrato de parcerias. Do total do que for pescado, 80% fica para o proprietário do barco e 20% é distribuído entre a mão-de-obra. ''Mas se o barco não consegue atingir a meta de produção, o pescador pode até descer devendo ao empregador. Mas a responsabilidade é da empresa'', alerta.
Mendes justifica que o trabalho de fiscalização deve continuar. No entanto, somente autuar as empresas não está resolvendo a questão. Ele defende um esforço para o setor regularizar a situação trabalhista. Como parte desse esforço, sugestões foram apresentadas pela DRT para discussão entre os envolvidos.
Uma alternativa seria a realização de um contrato de safra. ''As carteiras seriam assinadas apenas por um período, sem custos para as empresas com FGTS e aviso prévio'', explica Mendes. Ele aponta que é analisada ainda a possibilidade das empresas suspenderem os contratos trabalhistas nos períodos em que enfrentem dificuldades financeiras. ''O Governo, então, assumiria os custos'', acrescenta.
O POVO (Fortaleza)

Reino Unido: metade dos gays não assume homossexualidade no trabalho

Uma pesquisa com trabalhadores gays e lésbicas no Reino Unido mostrou que metade dos entrevistados não assume sua orientação sexual no local de trabalho. O estudo revelou também que 10% dos gays e 12% das lésbicas já sofreu discriminação no emprego devido a sua sexualidade.O trabalho foi patrocinado pelas publicações "Gay Times" e "Out Now Consulting", esta última especializada em pesquisas de mercado para a comunidade GLBT. Os resultados indicam que 52% dos gays e 51% das lésbicas já saíram do armário no trabalho. O governo britânico estima que 6% dos trabalhadores ingleses (aproximadamente 3 milhões de pessoas) sejam homossexuais. As autoridades do país estão interessadas em dados sobre essa população para estimar os custos dos benefícios concedidos a casais do mesmo sexo após a aprovação da Parceria Civil.
Mix Brasil

Emprego e renda na indústria recuam em novembro

Rio de Janeiro - Emprego e renda na indústria caíram no mês de novembro de 2005, na comparação com o mês de outubro. A indústria contratou 0,6% a menos, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os dados apontam que, na série com ajuste sazonal (que leva em consideração as tendências econômicas da época do ano), este é o segundo resultado negativo consecutivo nessa base de comparação.

Com este resultado, o trimestral aponta que houve queda de 0,1% entre os trimestres encerrados em outubro e novembro. Em relação ao mesmo período de 2004, também observa-se queda (-0,9%) nas contratações. Apesar da tendência negativa, os indicadores para períodos mais abrangentes mostraram aumento: 1,2% no acumulado no ano e 1,5% no acumulado nos últimos doze meses.

Dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI) comprovam a queda do emprego em novembro. De acordo com os dados da Confederação, o pessoal empregado na indústria foi reduzido em 0,36% em novembro, em comparação com outubro. O documento Indicadores Industriais, da CNI, aponta esse comportamento como um reflexo do desaquecimento da atividade econômica, registrado no terceiro trimestre do ano passado.

Renda

A folha de pagamento do setor também caiu na comparação com outubro, em 0,8%, segundo apurou o IBGE. No acumulado do ano, o índice apresentou crescimento de 3,7%. Em 12 meses o resultado foi maior, fechando com um avanço de 4,4%. O número de horas pagas no setor também cresceu 1,3% na comparação com outubro, porém, apresentou desaceleração de 0,7% ante o mesmo período de 2004, resultando no terceiro índice negativo na comparação com igual mês do ano anterior.

Vendas cresceram

No mesmo mês em que emprego e renda caíram, a pesquisa da CNI mostrou que as vendas da indústria cresceram 3,84%. De acordo com o documento, o resultado de novembro interrompeu uma seqüência de quatro meses de queda, mas ressalta que apesar do crescimento, em novembro, as vendas apenas retornaram ao patamar que encerraram o segundo trimestre de 2005.

O documento atribui o movimento à redução nas taxas de juros e ao aumento do volume de crédito, de uma maneira geral. Na comparação das vendas com novembro de 2004, houve um crescimento de 0,94% e no período acumulado de janeiro a novembro de 2005, as vendas apresentaram expansão de 2,14%, em comparação ao mesmo período do ano anterior.
As horas trabalhadas na produção tiveram uma queda de 1,04%, em novembro, em relação a outubro, o que a CNI atribui a um reflexo da adequação dos estoques, que tinham sido elevados em outubro. A formação de estoques também explica que, no mesmo mês de queda do emprego e renda, as vendas tenham subido.

Na semana passada, este cenário já havia sido traçado por Aloísio Campelo, coordenador da Sondagem Conjuntural da Indústria de Transformação da FGV. Segundo ele, os empresários da indústria falharam na projeção sobre a demanda por seus produtos ao longo de 2005 e acabaram acumulando estoques que ainda estão em processo de desova. Por conta disso, a produção industrial desacelerou no quarto trimestre e só deve ser retomada depois de janeiro.
Jacqueline Farid e Isabel Sobral
Estadão.com.br

Emprego na indústria paulista tem pior crescimento desde 2003, indica Ciesp

Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil
São Paulo
O nível de emprego da indústria paulista fechou o ano de 2005 com crescimento de 0,97%, de acordo com a pesquisa do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp). É o pior resultado, por este levantamento, desde 2003 quando houve redução de 0,24%. A pesquisa indica que a indústria paulista fechou 18.420 postos de trabalho no ano de 2005 contra 8.318 fechados no ano anterior.Segundo o diretor titular do Departamento de Economia do Ciesp, Boris Tabacof, os resultados tornam 2005 "um ano desperdiçado" para a indústria. "Fatores que convergiam para uma expansão mais rápida tanto da economia, da produção, do nível de atividade o que é quase sinônimo de geração de postos de trabalho foram uma oportunidade não aproveitada no país".Tabacof salientou que, em 2005, houve desaceleração dos investimentos, o que segundo ele é negativo para a indústria porque a falta de investimentos barra o desenvolvimento econômico. O setor de máquinas e equipamentos foi destacado na pesquisa por refletir as expectativas de investimento e crescimento futuro da indústria. De acordo com o Ciesp, o ano de 2005 fechou com desaceleração de 1,33% nesse setor. Em 2004 a taxa de investimentos foi de 5,75%.Tabacof disse esperar que 2006 seja um ano melhor do que o anterior e, segundo ele, os fatores atuais são favoráveis para que a indústria consiga resultados melhores. Na avaliação do diretor de economia o Produto Interno Bruto (PIB) do país deve ser de 3%, o crescimento da indústria por volta de 4,5% assim como o emprego. Mas ele destaca que espera por uma queda da taxa básica de juros. "Nós temos que esperar e proclamar que é preciso que haja uma queda rápida nos juros. Não tem nenhum motivo para manter a Selic nessa altura".
17/01/2006

Emprego e salário industrial caem em novembro, diz IBGE

JANAINA LAGE
da Folha Online, no Rio

O nível de emprego industrial teve queda de 0,6% em novembro na comparação com outubro, segundo dados divulgados hoje pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Em outubro, o indicador havia apurado leve queda de 0,2% (dado revisado) em igual base de comparação.
A renda do trabalhador acompanhou o movimento do mercado de trabalho e recuou 0,8% na passagem de outubro para novembro. Trata-se do terceiro mês seguido de baixa. Em outubro, no entanto, o valor real da folha de pagamento havia tido uma queda ainda mais expressiva: de 1,6%. Desde agosto, a renda do trabalhador acumula queda de 3,7%.
Segundo o economista da Coordenação da Indústria do IBGE, André Macedo, a análise do indicador de tendência do mercado de trabalho na indústria mostra um "quadro de estabilização com ligeira redução do emprego". Já o rendimento do trabalhador da indústria mostra uma clara tendência de desaceleração, que pode ser verificada tanto nos indicadores de curto prazo como nos de longo prazo.
Macedo destaca que a própria estabilidade do emprego contribui para um menor nível de remuneração. "Se não há um aquecimento do ritmo de contratação, não há aumento na folha de pagamento", disse.
Na comparação com novembro de 2004, o valor real da folha de pagamento cresceu 2,2% e, no ano, acumula alta de 3,7%. "No indicador acumulado em 12 meses, a folha de pagamento real prossegue com taxa positiva (4,4%), porém mantém clara desaceleração no ritmo de crescimento nos últimos meses: 6,0% até agosto, 5,6% até setembro e 4,9% até outubro", informa o IBGE.
Já o nível de emprego industrial cresceu 1,2% no ano. Em relação a novembro de 2004, houve queda de 0,9%. O mercado de trabalho na indústria responde aos sinais de aquecimento da produção. Com a desaceleração do setor no terceiro trimestre, houve uma perda de ritmo. O crescimento da produção em novembro de 0,6% mostrou que a recuperação da indústria no quarto trimestre veio em ritmo mais moderado do que o previsto.
De acordo com Macedo, os setores que mostram fôlego maior de contratações estão associados a produção de bens de consumo duráveis (automóveis e eletrodomésticos) e voltados para o mercado externo. Em novembro, a principal contribuição positiva veio do setor de alimentos e bebidas (5,4%). Doze das 18 atividades registraram taxas negativas, com destaque para calçados e artigos de couro (-12,8%) e madeira (-16,0%).
Dez dos 14 locais pesquisados tiveram queda no nível de emprego. As principais contribuições vieram do Rio Grande do Sul (-8,5%), Paraná (-3,3%) e região Nordeste (-2,0%). Minas Gerais representou a maior contribuição positiva, com alta de 3,1% em razão da ampliação do emprego na indústria de alimentos e bebidas (16,8%).
Horas pagas
O número de horas pagas aos trabalhadores da indústria cresceu 1,3% em novembro na comparação com outubro, descontados os efeitos sazonais.Em relação a igual mês de 2004, mostrou redução de 0,7%, a terceira baixa seguida. No ano, ainda acumula expansão de 0,9% e, em 12 meses, de 1,2%. As horas pagas funcionam como um indicador antecedente sobre novas contratações. Isso porque quando o empresário se vê obrigado a pagar muitas horas extras há um aumento na probabilidade de que o crescimento da produção se transforme também em expansão da mão-de-obra.

1.16.2006

Microsoft lança plano de combate ao desemprego no Vale do Ave

Francisco Cruz

Formar e requalificar perto de quatro mil desempregados da indústria têxtil do Vale do Ave, dotando-os dos conhecimentos básicos no domínio da informática, é o objectivo do Programa TII – Tecnologia, Inovação e Iniciativa, um projecto pioneiro a nível europeu promovido pela Microsoft Europa para, em colaboração com o Centro Tecnológico de Indústrias Têxtil e do Vestuário (CITEVE) e o Ministério do Trabalho e Solidariedade Social, fazer diminuir o desemprego num sector representa 15% das exportações nacionais e emprega cerca de 200 mil pessoas.
Apresentado esta segunda-feira na sede do CITEVE, em Famalicão, o programa agora oficialmente lançado em Portugal, mas já a decorrer naquelas mesmas instalações desde Dezembro último, visa proporcionar a uma mão-de-obra maioritariamente feminina, com baixa taxa de escolaridade, idade superior a 45 anos e sem conhecimentos de informática, um curriculum de formação adaptado às suas necessidades enquanto trabalhadores no activo ou desempregados da indústria têxtil.
Concebido para uma implementação a três anos, o Programa TII, que representa um investimento inicial da multinacional norte-americana na ordem do meio milhão de contos – o investimento nos próximo dois anos dependerá da reavaliação que irá sendo feita anualmente, explicou o director-geral da Microsoft Portugal, João Paulo Girbal – tem por objectivo abarcar entre 3.500 e 4.000 trabalhadores da indústria têxtil, os quais terão à sua disposição três níveis de formação digital - Básico (num total de 15 horas), Elementar (45 horas) e Avançado (51 horas) – e abrangendo questões tão diversas como aprender a ligar um computador, trabalhar com as diversas aplicações e programas, aceder à Internet, e muitos outras.
Inicialmente apenas em desenvolvimento no CITEVE de Famalição, onde já estão em formação cerca de 170 desempregados, o Programa TII, que decorre de um outro programa internacional de combate à exclusão social que a Microsoft tem vindo a desenvolver, de nome Unlimited Potencial (Potencial Ilimitado), e através do qual a empresa espera acabar com 20 milhões de iletrados digitais em todo o mundo até 2010, vai ter centros em outras três cidades do Norte do País, como são os casos de Guimarães, Covilhã e Porto.
Para o director-geral da Microsoft, trata-se de cumprir uma responsabilidade social que a empresa há muito vem a assumir, inclusive, em Portugal, com a implementação de outros projectos também baseados no programa Unlimited Potential, como «o Programa Escolhas, que visa combater a exclusão social, particularmente das minorias, através da formação, e o Programa Cais Digital, destinado às pessoas mais desfavorecidas», entre outros.
Para o Ministro do Trabalho e da Solidariedade Social, Vieira da Silva, são programas «ambiciosos» como este, do âmbito da «responsabilidade social das empresas», mas também resultantes de «parcerias efectivas», que ajudam a combater «o problema central da sociedade portuguesa» - «o défice de qualificação» dos trabalhadores, que impede Portugal de ser «um país mais forte, mais coeso».
Segundo Vieira da Silva, os números mais recentes demonstram que «apenas 20% da população activa portuguesa possui aquilo que, segundo os parâmetros internacionais, é patamar mínimo de formação, ou seja, o 12.º ano de escolaridade», ao mesmo tempo que «na faixa etária dos 25 aos 35 anos, são perto de 500 mil os trabalhadores inseridos no mercado de trabalho que não possuem formação de nível secundário».
«Trata-se de um atraso estrutural, que vem de séculos», garantiu o ministro, assegurando que a aposta no novo Governo passa pelo apoio a este tipo de iniciativas e pela «certificação com qualidade», na qual «formação, certificação escolar, certificação profissional» são as «palavras do futuro».
Também presente na apresentação, o comissário europeu do Emprego, Assuntos Sociais e Igualdade de Oportunidades, o checo Vladimir Spidla, recordou que «fomentar o emprego e o acesso à formação e competências para trabalhadores mais velhos e para jovens desempregados é um dos objectivos prioritários da União Europeia, pelo que «gostaria de felicitar o CITEVE, a Microsoft, o Governo e o Poder Local aqui em Portugal por esta parceria inovadora que cria uma boa prática e um exemplo para outros».
Publicado no diário digital/sapo.pt
16-01-2006 21:53:02

Analfabetos são maiores vítimas de trabalho escravo

Natal, 16 de Janeiro de 2006 - 08:37

Os homens analfabetos são a maioria das vítimas de trabalho escravo no Brasil, segundo informa o assessor da Secretaria de Inspeção do Trabalho, Marcelo Campos. Esses homens trabalham, principalmente, no desmatamento e na preparação de florestas e solos para o plantio de sementes, de capim, além da criação de gado. No ano passado, o Pará foi o estado com o maior número de trabalhadores libertos, 1.128 ao todo, pelo Grupo Especial de Fiscalização Móvel do Ministério do Trabalho e Emprego.Campos diz que, freqüentemente, há confusão sobre as definições de trabalho escravo e regime degradante de trabalho. "Trabalho escravo é quando o trabalhador está impedido de romper com o trabalho. Não é possível a ele dizer, para quem o está explorando, que no dia seguinte não volta a trabalhar. Se disser, vai receber surras ou até ter a sua vida em risco", informa. No trabalho degradante, segundo o assessor, a pessoa pode romper o contrato. "A pessoa tem a supressão de todo seu direito trabalhista, como no caso do trabalho escravo, mas efetivamente, se ela quiser, não precisa voltar a trabalhar no dia seguinte", explica.
Publicado no DNOnline
Fonte: ABr

1.13.2006

Emprego na indústria de SP tem queda recorde

FABIANA FUTEMA
DA FOLHA ONLINE

Pressionada por taxas de juros elevadas e um câmbio desfavorável às exportações, a indústria paulista demitiu 45.818 funcionários em dezembro, o que reduziu o nível de emprego em 2,16%. Foi o pior resultado mensal registrado desde janeiro de 2000, quando a pesquisa da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) começou a ser feita. Trata-se também do pior dezembro da história, superando o tombo de 2,14% registrado em 2003.
"Dezembro é um mês sazonalmente de queda. O que surpreende é a dimensão da queda", disse o diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp, Paulo Francini. Para ele, a retração recorde do último mês reflete os efeitos da política econômica sobre a atividade industrial. "A economia teve uma taxa de crescimento ridícula, que fez com que a indústria e o emprego industrial tivessem um desempenho igualmente ridículos. A política econômica exagerada gerou um crescimento medíocre."
Por conta da queda recorde de dezembro, a desaceleração no nível de emprego de 2005 veio mais forte do esperado pela Fiesp. No ano passado, o nível de emprego registrou uma alta de 2,4%, com a geração de 48.419 vagas. Esse volume representa uma queda de 66,5% em relação a 2004, quando a indústria paulista criou 144.487 postos de trabalho, o que resultou numa alta de 7,45% no nível de emprego.Apesar de ficar abaixo das previsões da Fiesp - que até novembro esperava alta de 3% no nível de emprego, ou criação de 60 mil postos de trabalho-, Francini disse que não se surpreendeu com o baixo desempenho de 2005. Entre as principais críticas da entidade à política do governo estão os juros elevados e o dólar depreciado, que derrubaram o nível de atividade, os investimentos e as exportações. "Quando falta vento, uma hora o papagaio cai. O decréscimo da atividade industrial acabou afetando o emprego", disse Francini.A Fiesp espera por uma recuperação do emprego em janeiro. "Janeiro é sazonalmente um mês de recuperação. Após o ajuste de dezembro, as empresas voltam a contratar em janeiro", afirmou Francini.
Segundo ele, o comportamento do emprego industrial em 2006 dependerá muito do "rigor e ortodoxia do Banco Central". A pesquisa da Fiesp considera os dados de 47 sindicatos patronais. Com base nos dados, a Fiesp avalia as participações setoriais e por porte das empresas no resultado da pesquisa de emprego industrial.
Setor demite na capital para pagar menos no interior

JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A indústria brasileira vem recorrendo à alta rotatividade de empregados para reduzir os custos com salários. Estudo realizado pelo Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) mostra que, entre os anos de 2000 e 2004, a remuneração de novos contratados ficou, em média, entre 10% e 20% abaixo dos salários de funcionários desligados (demitidos ou aposentados).
Além disso, o documento confirma a tendência verificada no início dos anos 90 de que o emprego industrial está migrando para o interior do país. Os dados revelam que, a cada quatro vagas abertas pela indústria, três estão fora das capitais.O autor do estudo e diretor do Instituto de Economia da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), João Luiz Sabóia, afirma que já era esperado que os salários dos trabalhadores admitidos fossem inferiores aos de empregados desligados."O diferencial é que é muito grande. Receber cerca de 85% do salário do demitido é um diferencial muito elevado", explicou o especialista.
O estudo mostra que os trabalhadores contratados nas capitais entre 2000 e 2004 receberam o equivalente a 84,3% do salário de funcionários demitidos no período. No caso do interior, a diferença foi menor: 86,5%. A situação mais extrema acontece quando as empresas demitem na capital para contratar no interior. "Despedindo na capital e contratando no interior, a empresa tem 30% de ganho", afirmou Sabóia.Segundo ele, os salários dos trabalhadores são em média mais elevados nas capitais. Por esse motivo, há mais espaço para reduções salariais quando há renovação de mão-de-obra. "No interior, o salário já é mais baixo.
"Os dados apontados no estudo do Senai revelam que a remuneração média nas capitais, em 2004, foi de 2,3 salários mínimos. No interior, não passava de 1,9 salário mínimo. As atividades industriais que garantiram melhor remuneração foram material de transporte, mecânica, material elétrico e de comunicação, papel, metalurgia, química e extração mineral, entre outros.
A queda no nível salarial de novos contratados vem ocorrendo apesar de a indústria ter aumentado a exigência de escolaridade dos trabalhadores. "A indústria não gera mais empregos líquidos [diferença entre contratações e demissões] para quem tem baixa escolaridade", afirma o autor do estudo. Para trabalhadores que cursaram até a 4ª série, o mercado perdeu mais de 200 mil vagas entre 2000-2004.
Migração
Do 1,057 milhão de empregos gerados pela indústria nos primeiros cinco anos do século 21, 75,9% concentraram-se no interior do país. O setor industrial perde apenas para a agropecuária no nível de geração de emprego fora das capitais. As principais razões para esse movimento de migração do emprego industrial são a guerra fiscal entre Estados e municípios, os salários mais baixos no interior, a proximidade dos insumos e a infra-estrutura (viária, portuária, comunicações).Sabóia acrescenta, porém, que as regiões Sul e Sudeste ainda são pólos de geração de emprego industrial. Cerca de 60% das vagas na indústria foram criadas nos Estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina e Minas Gerais.A chamada microrregião de Porto Alegre (abrange a capital gaúcha e cidades próximas) foi a campeã na abertura de postos, com a criação de 48.496 vagas. Em seguida, aparecem São Paulo (35.801), Campinas (35.633) e Curitiba (35.196).
FSP, 13/01/2006

Indústria prevê demissões no início do ano

Sondagem da FGV mostra que 32% das empresas pretendem cortar vagas, e 11%, contratar, no pior resultado desde 1998

CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL

O emprego industrial, que já apresenta queda, deve se retrair ainda mais neste trimestre.
De acordo com a Sondagem da Indústria de Transformação divulgada ontem pela Fundação Getulio Vargas, 32% das empresas entrevistadas pretendem reduzir o número de trabalhadores contra apenas 11% que prevêem aumentá-lo nos primeiros três meses deste ano. É o pior resultado de expectativa do mercado de trabalho da pesquisa, cuja metodologia atual foi adotada em 1998.
"A indústria estava em tendência de desaceleração. Mas agora é possível que já estejamos no fundo do poço. Se houver recuperação, ela vai acontecer devagar. Provavelmente, o primeiro trimestre vai ser fraco", disse Aloisio Campelo, economista da FGV-RJ responsável pela pesquisa.A sondagem aponta ainda que a tendência ruim para os trabalhadores da indústria é generalizada. Houve piora dos prognósticos de emprego nos quatro grandes setores: bens intermediário, bens de capital, bens de consumo e material de construção.Júlio Gomes de Almeida, diretor-executivo do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), também argumenta que dentro do setor de bens de consumo, o segmento calçadista é um dos mais afetados. Nesse caso, o principal culpado pelo recuo dos quadros de funcionários é o câmbio. De acordo com o Sindifranca (representante da indústria calçadista do município paulista de Franca), aconteceram 4.500 demissões no ano passado. A cidade é um dos principais pólos calçadistas do país.Para Paulo Francini, diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), a julgar pelo ânimo dos empresários do setor industrial, a situação deve permanecer em compasso de espera nos próximos meses. "Como se pode mudar de humor se não acontece nada de novo? Não surgiu nenhum fato novo na economia para alterar as perspectivas do empresários." Segundo ele, a sondagem é reflexo do "desânimo" originário da política monetária e da apreciação do real.
Se confirmado esse cenário de estagnação do emprego nos próximos meses, o governo Lula pode perder um dos seus grandes trunfos eleitorais: o crescimento do número de empregos. Pesquisa da Fiesp já apontou fechamento recorde de vagas em dezembro (leia texto ao lado).
No ano passado, o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, projetou fechar 2005 com a geração de 1,2 milhão de postos de trabalho. "A grande variável econômica do governo Lula foi o aumento do emprego, mas a perspectiva é de demissões no primeiro semestre. A recuperação deve ficar para o segundo semestre", afirmou o diretor-executivo do Iedi.
O cenário atual também é ruim para outras variáveis. A sondagem revela que para 20% dos industriais, o nível atual de demanda (interna e externa) é considerado fraco. Para somente 9%, ela está forte. Esse é o pior janeiro desde 1999. Quanto à situação atual dos negócios, ela é considerada boa para 16% das empresas e fraca para 22% delas.
Quando os industriais olham para um horizonte um pouco mais distante, porém, as projeções se mostram mais animadas. Isso, avaliam os analistas, parece estar relacionado com a expectativa de redução das taxas de juros pelo Banco Central. "O tempo de defasagem entre um corte de juros e o reflexo na atividade industrial é de três a seis meses", disse Campelo, o economista da FGV.A questão que trata das previsões da situação dos negócios em seis meses revela que para 55% dos entrevistados ela será melhor e para 12%, pior. Esses dados estão próximos da média histórica para esse tipo de resposta.
FSP, 13/001/2006

1.12.2006

Criação de emprego é maior no interior do que nas capitais, diz Senai

Da FolhaNews

A criação de empregos no setor industrial é maior no interior do que nas regiões metropolitanas. É o que indica a pesquisa sobre geração de emprego feita pelo Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial). Segundo o levantamento, da 1,057 milhão de vagas criadas pela indústria nos últimos cinco anos - entre 2000 e 2004 -, 75,99% foram oferecidas em municípios localizados no interior do país. As principais cidades são Campinas (SP), São José dos Campos (SP), Franca (SP), Joinville (SC), Blumenau (SC), Caxias do Sul (RS) e Divinópolis (MG).
"Os principais fatores que influenciam o crescimento do emprego industrial no interior são as vantagens fiscais oferecidas pelos municípios para a instalação de novas empresas e o baixo custo da mão-de-obra", disse João Luiz Sabóia, coordenador do estudo. A pesquisa foi feita com base nos dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) e da Rais (Relação Anual de Informações Sociais), ambos do Ministério do Trabalho. De acordo com os números apresentados, embora a criação de empregos esteja concentrada no interior, 11 capitais se destacam entre as 50 microrregiões responsáveis pela criação de 60% dos empregos industriais no período. Neste caso, o destaque ficou com Porto Alegre, que gerou 48.496 postos de trabalho. Em seguida aparece São Paulo, com 35.801 vagas.
Outro destaque da pesquisa é a constatação de que a remuneração média dos empregados admitidos é menor do que as dos demitidos. Na média, os novos trabalhadores recebem entre 80% e 90% dos que perderam o emprego. Além disso, a remuneração nas capitais ainda é superior a do interior. Em 2004, os novos empregos do setor industrial receberam, em média, 2,3 salários mínimos nas capitais, enquanto no interior a remuneração média era equivalente a 1,9 salário mínimo. "Esses números mostram que os menores salários pagos no interior são um dos atrativos para as empresas se instalarem longe das capitais", diz Sabóia.