1.27.2006

Desemprego cai, renda e formalidade crescem

Dezembro registra 8,3% e 2005, média de 9,8%; renda sobe 2% no ano e vagas formais atingem 40% do total

JANAINA LAGE
DA FOLHA ONLINE, NO RIO
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
O ano de 2005 terminou com o desemprego em queda e a renda média em alta. A taxa de desemprego das seis principais regiões metropolitanas do país superou os prognósticos mais otimistas e chegou a 8,3% em dezembro, o menor patamar da série da Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), iniciada em março de 2002. O resultado contribuiu para que a média de desemprego em 2005 -9,8%- registrasse a menor marca da série histórica -em 2004 foi de 11,5%.
A renda do trabalhador fechou em alta de 2% em relação a 2004, atingindo a média de R$ 972,61. Foi a primeira vez em que a renda cresceu desde 1997, segundo cálculos da consultoria Tendências.
Após seis meses de estabilidade, a queda do desemprego está relacionada à menor procura por trabalho, e não a uma alta significativa nas vagas de novembro para dezembro. Em relação a dezembro de 2004, porém, houve um aumento de 474 mil novos postos de trabalho -ou alta de 2,4%.
Outro fator que contribuiu para a queda da taxa em dezembro foi o aumento na contratação de trabalhadores temporários, principalmente em São Paulo, no setor de comércio. Com isso, São Paulo registrou uma taxa de desemprego de 7,8%. É a primeira vez que a região metropolitana tem taxa abaixo da média das seis regiões.
Para o IBGE, 2005 mostrou uma recuperação significativa do mercado de trabalho, com aumento do emprego formal e da renda.
A redução na procura por trabalho superou as expectativas. Só em dezembro, 291 mil pessoas pararam de procurar emprego, queda de 13,6% em relação a novembro. O contingente em busca de trabalho caiu para 1,8 milhão. É a primeira vez que o número de desocupados fica abaixo de 2 milhões nas regiões pesquisadas.
Lula comemora
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficou "muito contente" e "animado" com os números do IBGE, segundo um assessor direto. "Tinha confiança em que esses números iam aparecer", disse Lula a interlocutores.
O ministro das Relações Institucionais, Jaques Wagner, também considerou o índice "uma ótima notícia" na semana. A idéia do Planalto agora é tentar aproveitar ao máximo a boa repercussão desses números."
É uma queda surpreendente do desemprego, não esperava uma redução tão grande na procura por trabalho. Ela sempre acontece em dezembro, mas não nessa proporção", disse Marcelo de Ávila, economista do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), órgão ligado ao Ministério do Planejamento.
Para ele, menos pessoas procuraram vaga porque a renda familiar cresceu, o que possibilitou que jovens e mulheres saíssem do mercado de trabalho.
Já Fábio Romão, da LCA Consultores, estima que a abertura de vagas esteve muito concentrada no setor de serviços. "O resultado global de 2005 é bem-vindo, mas está apoiado no setor de serviços e esconde um desempenho preocupante do emprego industrial", afirma Romão. Em dezembro, o emprego industrial recuou 0,9%, com a redução de 31 mil vagas.
Tendência ou soluço
O IBGE diz que não é possível prever se a melhora do fim do ano no emprego representa uma tendência, mas historicamente a taxa sobe em janeiro por conta da dispensa de trabalhadores temporários. "Ainda não é possível verificar se o desempenho de dezembro foi apenas um soluço ou se estamos diante de um novo movimento", afirmou Azeredo.
Segundo Guilherme Maia, da consultoria Tendências, o desempenho do mercado de trabalho em 2005 foi afetado pela desaceleração na economia no terceiro trimestre, em razão do aperto monetário, da crise política e da perda de confiança de consumidores e empresários. Esse movimento gerou o adiamento da contratação de temporários para o fim do ano por conta da acumulação de estoques no terceiro trimestre.
Carteira assinada
A pesquisa do IBGE registrou ainda aumento da formalidade no ano passado. De 2004 para 2005, houve um crescimento médio de 5,6% no número de trabalhadores com carteira assinada. Somente em dezembro, o aumento foi de 2% na comparação com o mês anterior. A proporção de trabalhadores formais na população ocupada atingiu o nível recorde de 40,3% na média de 2005. Em 2004, eles representavam 39,3% da população ocupada.
Colaborou a Sucursal de Brasília.
FSP