1.17.2006

Emprego e salário industrial caem em novembro, diz IBGE

JANAINA LAGE
da Folha Online, no Rio

O nível de emprego industrial teve queda de 0,6% em novembro na comparação com outubro, segundo dados divulgados hoje pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Em outubro, o indicador havia apurado leve queda de 0,2% (dado revisado) em igual base de comparação.
A renda do trabalhador acompanhou o movimento do mercado de trabalho e recuou 0,8% na passagem de outubro para novembro. Trata-se do terceiro mês seguido de baixa. Em outubro, no entanto, o valor real da folha de pagamento havia tido uma queda ainda mais expressiva: de 1,6%. Desde agosto, a renda do trabalhador acumula queda de 3,7%.
Segundo o economista da Coordenação da Indústria do IBGE, André Macedo, a análise do indicador de tendência do mercado de trabalho na indústria mostra um "quadro de estabilização com ligeira redução do emprego". Já o rendimento do trabalhador da indústria mostra uma clara tendência de desaceleração, que pode ser verificada tanto nos indicadores de curto prazo como nos de longo prazo.
Macedo destaca que a própria estabilidade do emprego contribui para um menor nível de remuneração. "Se não há um aquecimento do ritmo de contratação, não há aumento na folha de pagamento", disse.
Na comparação com novembro de 2004, o valor real da folha de pagamento cresceu 2,2% e, no ano, acumula alta de 3,7%. "No indicador acumulado em 12 meses, a folha de pagamento real prossegue com taxa positiva (4,4%), porém mantém clara desaceleração no ritmo de crescimento nos últimos meses: 6,0% até agosto, 5,6% até setembro e 4,9% até outubro", informa o IBGE.
Já o nível de emprego industrial cresceu 1,2% no ano. Em relação a novembro de 2004, houve queda de 0,9%. O mercado de trabalho na indústria responde aos sinais de aquecimento da produção. Com a desaceleração do setor no terceiro trimestre, houve uma perda de ritmo. O crescimento da produção em novembro de 0,6% mostrou que a recuperação da indústria no quarto trimestre veio em ritmo mais moderado do que o previsto.
De acordo com Macedo, os setores que mostram fôlego maior de contratações estão associados a produção de bens de consumo duráveis (automóveis e eletrodomésticos) e voltados para o mercado externo. Em novembro, a principal contribuição positiva veio do setor de alimentos e bebidas (5,4%). Doze das 18 atividades registraram taxas negativas, com destaque para calçados e artigos de couro (-12,8%) e madeira (-16,0%).
Dez dos 14 locais pesquisados tiveram queda no nível de emprego. As principais contribuições vieram do Rio Grande do Sul (-8,5%), Paraná (-3,3%) e região Nordeste (-2,0%). Minas Gerais representou a maior contribuição positiva, com alta de 3,1% em razão da ampliação do emprego na indústria de alimentos e bebidas (16,8%).
Horas pagas
O número de horas pagas aos trabalhadores da indústria cresceu 1,3% em novembro na comparação com outubro, descontados os efeitos sazonais.Em relação a igual mês de 2004, mostrou redução de 0,7%, a terceira baixa seguida. No ano, ainda acumula expansão de 0,9% e, em 12 meses, de 1,2%. As horas pagas funcionam como um indicador antecedente sobre novas contratações. Isso porque quando o empresário se vê obrigado a pagar muitas horas extras há um aumento na probabilidade de que o crescimento da produção se transforme também em expansão da mão-de-obra.