Emprego formal beira o 1,2 milhão
Se previsão do governo para a criação de vagas se confirmar, 2005 terá sido o segundo melhor ano da década
Cleide Silva
O ano se encerrou com o segundo melhor resultado em uma década na criação de empregos formais, atrás apenas dos números de 2004. Foram 1,2 milhão de novas vagas com carteira assinada, conforme projeções do Ministério do Trabalho, ante 1,5 milhão em 2004. Analistas do mercado apostam que em 2006 a criação de empregos deve repetir os números de 2005 ou até mesmo superá-los e empatar com o saldo recorde obtido em 2004.
A economia deverá ter desempenho melhor que o de 2005, cujo crescimento não passará de 2,6%. As taxas de juros tendem a cair, mesmo que em ritmo lento, e é esperada melhora no câmbio.
Somando-se a isso, em um ano eleitoral, como o que se inicia, sempre ocorre a aceleração dos investimentos do setor público, como em obras, por exemplo. A combinação desses fatores é favorável ao mercado de trabalho, dizem analistas.
Para o economista da LCA Consultores Fábio Romão, este ano será parecido com 2005 na contratação de mão-de-obra. Apesar da queda em relação a 2004, com aproximadamente 323 mil postos de trabalho a menos, o número de vagas formais surpreendeu diante da baixa expansão do Produto Interno Bruto (PIB), que deve alcançar no máximo 65% das projeções iniciais.
Márcio Pochmann, professor do Instituto de Economia da Universidade de Campinas (Unicamp), acredita ser possível repetir os resultados de 2004, quando foram criados 1,523 milhão de postos formais. Na lista de justificativas, uma é o fim de mandatos de governos estaduais e federal. O gasto público será acelerado no primeiro semestre, prevê o economista.
"A tendência é de recuperação da trajetória de alta", avalia o economista da Tendências Consultoria Integrada, Guilherme Maia. O valor da renda média também deve melhorar e chegar ao fim de 2006 próximo de R$ 1.004. A última vez que esse indicador fechou o ano na casa dos R$ 1 mil foi em 2002, quando ficou em R$ 1.051. No mês passado, estava em R$ 974.
QUALIDADE
Apesar da expansão quantitativa do emprego nos dois últimos anos, a qualidade dos novos
postos é baixa. "De cada dez empregados, nove recebem até dois salários mínimos", ressalta Pochmann. Vagas de melhor qualidade normalmente são abertas quando há investimentos público e privado, o que não ocorreu com a força esperada. A maior parte dos postos foi para suprir o uso da capacidade instalada.
Entre os setores que já divulgaram projeções de emprego para 2006, os fabricantes de autopeças prevêem 5 mil contratações. As Casas Bahia, maior rede do ramo de móveis e eletrodomésticos, vão abrir 10 mil vagas para as lojas que serão inauguradas em 2006. Montadoras de veículos devem contratar para atender ao aumento da produção, entre 5% e 6%. Empresas de eletroeletrônicos também projetam ampliação de funcionários por causa da esperada demanda por aparelhos de TV em ano de Copa do Mundo.
FORMALIDADE
As projeções de emprego formal têm como base os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho, montado com informações sobre admissões e contratações mensais repassadas pelas empresas do País.
Os dados desses últimos dez anos refletem a situação macroeconômica. Entre o segundo semestre de 1994 e o início de 1999 ocorreu a abertura comercial, com forte presença de produtos importados e necessidade de maior competitividade das empresas que, num primeiro momento, resultou em corte de pessoal. O processo de privatização também custou empregos, e os saldos de vagas formais foram negativos.
Nos últimos anos, favorecido pelo aumento das exportações, pela maior fiscalização do Ministério do Trabalho nas empresas que não registravam trabalhadores, entre outros itens, o saldo passou a ser positivo, com variações de alta e queda. Também houve mudança de metodologia da pesquisa do Caged.
Na semana passada, o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, disse que o governo Lula deve fechar o mandato com saldo de 4 milhões de novos empregos formais. Somado aos informais, o número ficaria próximo de 8 milhões de vagas. Em campanha, Lula prometeu criar 10 milhões de empregos. "Era uma aposta ousada", avalia Romão. Ainda assim, diz o economista, os resultados até agora são significativos.
Segundo ele, se o País mantiver o ritmo de criação vagas de 2004 e 2005 por mais dez anos, chegará a 2015 com um desemprego de 5% da População Economicamente Ativa (PEA). Hoje, esse índice está em 9,6%.
O ESTADO DE SAO PAULO, 01/01/2006
Cleide Silva
O ano se encerrou com o segundo melhor resultado em uma década na criação de empregos formais, atrás apenas dos números de 2004. Foram 1,2 milhão de novas vagas com carteira assinada, conforme projeções do Ministério do Trabalho, ante 1,5 milhão em 2004. Analistas do mercado apostam que em 2006 a criação de empregos deve repetir os números de 2005 ou até mesmo superá-los e empatar com o saldo recorde obtido em 2004.
A economia deverá ter desempenho melhor que o de 2005, cujo crescimento não passará de 2,6%. As taxas de juros tendem a cair, mesmo que em ritmo lento, e é esperada melhora no câmbio.
Somando-se a isso, em um ano eleitoral, como o que se inicia, sempre ocorre a aceleração dos investimentos do setor público, como em obras, por exemplo. A combinação desses fatores é favorável ao mercado de trabalho, dizem analistas.
Para o economista da LCA Consultores Fábio Romão, este ano será parecido com 2005 na contratação de mão-de-obra. Apesar da queda em relação a 2004, com aproximadamente 323 mil postos de trabalho a menos, o número de vagas formais surpreendeu diante da baixa expansão do Produto Interno Bruto (PIB), que deve alcançar no máximo 65% das projeções iniciais.
Márcio Pochmann, professor do Instituto de Economia da Universidade de Campinas (Unicamp), acredita ser possível repetir os resultados de 2004, quando foram criados 1,523 milhão de postos formais. Na lista de justificativas, uma é o fim de mandatos de governos estaduais e federal. O gasto público será acelerado no primeiro semestre, prevê o economista.
"A tendência é de recuperação da trajetória de alta", avalia o economista da Tendências Consultoria Integrada, Guilherme Maia. O valor da renda média também deve melhorar e chegar ao fim de 2006 próximo de R$ 1.004. A última vez que esse indicador fechou o ano na casa dos R$ 1 mil foi em 2002, quando ficou em R$ 1.051. No mês passado, estava em R$ 974.
QUALIDADE
Apesar da expansão quantitativa do emprego nos dois últimos anos, a qualidade dos novos
postos é baixa. "De cada dez empregados, nove recebem até dois salários mínimos", ressalta Pochmann. Vagas de melhor qualidade normalmente são abertas quando há investimentos público e privado, o que não ocorreu com a força esperada. A maior parte dos postos foi para suprir o uso da capacidade instalada.
Entre os setores que já divulgaram projeções de emprego para 2006, os fabricantes de autopeças prevêem 5 mil contratações. As Casas Bahia, maior rede do ramo de móveis e eletrodomésticos, vão abrir 10 mil vagas para as lojas que serão inauguradas em 2006. Montadoras de veículos devem contratar para atender ao aumento da produção, entre 5% e 6%. Empresas de eletroeletrônicos também projetam ampliação de funcionários por causa da esperada demanda por aparelhos de TV em ano de Copa do Mundo.
FORMALIDADE
As projeções de emprego formal têm como base os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho, montado com informações sobre admissões e contratações mensais repassadas pelas empresas do País.
Os dados desses últimos dez anos refletem a situação macroeconômica. Entre o segundo semestre de 1994 e o início de 1999 ocorreu a abertura comercial, com forte presença de produtos importados e necessidade de maior competitividade das empresas que, num primeiro momento, resultou em corte de pessoal. O processo de privatização também custou empregos, e os saldos de vagas formais foram negativos.
Nos últimos anos, favorecido pelo aumento das exportações, pela maior fiscalização do Ministério do Trabalho nas empresas que não registravam trabalhadores, entre outros itens, o saldo passou a ser positivo, com variações de alta e queda. Também houve mudança de metodologia da pesquisa do Caged.
Na semana passada, o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, disse que o governo Lula deve fechar o mandato com saldo de 4 milhões de novos empregos formais. Somado aos informais, o número ficaria próximo de 8 milhões de vagas. Em campanha, Lula prometeu criar 10 milhões de empregos. "Era uma aposta ousada", avalia Romão. Ainda assim, diz o economista, os resultados até agora são significativos.
Segundo ele, se o País mantiver o ritmo de criação vagas de 2004 e 2005 por mais dez anos, chegará a 2015 com um desemprego de 5% da População Economicamente Ativa (PEA). Hoje, esse índice está em 9,6%.
O ESTADO DE SAO PAULO, 01/01/2006
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