Desemprego e renda têm alta em fevereiro
Taxa cresce pelo segundo mês seguido e vai a 10,6%, aponta IBGE; rendimento médio dos trabalhadores aumenta 1%
GABRIELA WOLTHERS
DA SUCURSAL DO RIO
A taxa de desemprego calculada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) subiu pelo segundo mês seguido, atingindo 10,6% em fevereiro, contra 10,2% em janeiro e 9,6% em dezembro. Em compensação, houve uma melhora na qualidade do mercado de trabalho, com aumento no número de empregados com carteira assinada e no rendimento médio dos trabalhadores.
Segundo o gerente da Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE, Cimar Pereira, a alta na desocupação teve um protagonista -a região metropolitana do Rio de Janeiro, cuja taxa passou de 7,4% em janeiro para 8,4% em fevereiro. Nesse período, a população desempregada registrou um aumento de 109 mil pessoas nas seis regiões metropolitanas pesquisadas pelo instituto. Destas, 59 mil (54% do total) estavam no Rio.
Cimar, no entanto, não enxerga uma crise de emprego no Estado. Para ele, o que houve foi um atraso nas demissões dos trabalhadores temporários que são normalmente contratados em dezembro devido a um maior movimento do comércio na época de Natal.
Nas demais regiões metropolitanas, esses trabalhadores foram, na sua maioria, dispensados em janeiro, como ocorre todos os anos. No Rio, por causa do turismo de verão e do Carnaval, que caiu no início de fevereiro, as demissões se concentraram no mês passado. "Esse efeito retardado no Rio é que praticamente provocou esse aumento de 10,2% para 10,6% na taxa de desocupação em fevereiro", disse Cimar.
Esse foi um dos motivos de o aumento da taxa de desemprego não ter gerado preocupação entre os especialistas ouvidos pela Folha. "O crescimento da taxa de desemprego em fevereiro é um fenômeno sazonal, não tem mistério", afirmou o economista do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) Marcelo de Ávila. "O importante é que a taxa está bem menor do que em fevereiro de 2004, quando atingiu 12%. Isso mostra um dinamismo maior da economia."
"Com certeza é um efeito sazonal", avaliou o economista Fábio Romão, da consultoria LCA. Para ambos, assim como para o IBGE, o destaque da pesquisa é mesmo a melhora da estrutura do mercado de trabalho.
"Houve um crescimento de 5,9% no número de pessoas empregadas com carteira assinada em fevereiro de 2005 na comparação com fevereiro de 2004", disse Ávila, destacando ser este o maior índice desde o início da pesquisa do IBGE, em março de 2002.
"Entre os sem-carteira, o crescimento foi de 5,7%. Essa diferença positiva para os trabalhadores com carteira assinada só aconteceu uma outra vez na série do IBGE, em novembro de 2004. Em dezembro de 2003, o emprego sem carteira estava crescendo 17,3%, ou seja, o grau de informalidade estava aumentando abruptamente. Agora, com esse movimento que se mostra cada vez mais forte, está havendo um aumento do grau de formalidade. Isso é muito bom", completou o economista do Ipea.
Na comparação com janeiro, foi registrado um aumento de 1,5% nos empregados com carteira de trabalho assinada. Já o rendimento médio real (descontada a inflação) dos empregados apresentou uma alta de 1% em relação a janeiro deste ano. Na comparação com fevereiro de 2004 a alta foi de 2,6% - a maior da série do IBGE.
Apesar da alta, o rendimento médio real do trabalhador ainda está abaixo do registrado há dois anos. Ficou em R$ 932,90 em fevereiro deste ano, contra R$ 963,54 em fevereiro de 2003.
Fábio Romão, da LCA, destaca ainda que o cruzamento dos dados do IBGE com os do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério do Trabalho, mostra que as regiões metropolitanas voltaram a ter destaque no emprego formal. O IBGE concentra sua pesquisa nas seis regiões metropolitanas do país. O Caged, em todo o país.
GABRIELA WOLTHERS
DA SUCURSAL DO RIO
A taxa de desemprego calculada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) subiu pelo segundo mês seguido, atingindo 10,6% em fevereiro, contra 10,2% em janeiro e 9,6% em dezembro. Em compensação, houve uma melhora na qualidade do mercado de trabalho, com aumento no número de empregados com carteira assinada e no rendimento médio dos trabalhadores.
Segundo o gerente da Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE, Cimar Pereira, a alta na desocupação teve um protagonista -a região metropolitana do Rio de Janeiro, cuja taxa passou de 7,4% em janeiro para 8,4% em fevereiro. Nesse período, a população desempregada registrou um aumento de 109 mil pessoas nas seis regiões metropolitanas pesquisadas pelo instituto. Destas, 59 mil (54% do total) estavam no Rio.
Cimar, no entanto, não enxerga uma crise de emprego no Estado. Para ele, o que houve foi um atraso nas demissões dos trabalhadores temporários que são normalmente contratados em dezembro devido a um maior movimento do comércio na época de Natal.
Nas demais regiões metropolitanas, esses trabalhadores foram, na sua maioria, dispensados em janeiro, como ocorre todos os anos. No Rio, por causa do turismo de verão e do Carnaval, que caiu no início de fevereiro, as demissões se concentraram no mês passado. "Esse efeito retardado no Rio é que praticamente provocou esse aumento de 10,2% para 10,6% na taxa de desocupação em fevereiro", disse Cimar.
Esse foi um dos motivos de o aumento da taxa de desemprego não ter gerado preocupação entre os especialistas ouvidos pela Folha. "O crescimento da taxa de desemprego em fevereiro é um fenômeno sazonal, não tem mistério", afirmou o economista do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) Marcelo de Ávila. "O importante é que a taxa está bem menor do que em fevereiro de 2004, quando atingiu 12%. Isso mostra um dinamismo maior da economia."
"Com certeza é um efeito sazonal", avaliou o economista Fábio Romão, da consultoria LCA. Para ambos, assim como para o IBGE, o destaque da pesquisa é mesmo a melhora da estrutura do mercado de trabalho.
"Houve um crescimento de 5,9% no número de pessoas empregadas com carteira assinada em fevereiro de 2005 na comparação com fevereiro de 2004", disse Ávila, destacando ser este o maior índice desde o início da pesquisa do IBGE, em março de 2002.
"Entre os sem-carteira, o crescimento foi de 5,7%. Essa diferença positiva para os trabalhadores com carteira assinada só aconteceu uma outra vez na série do IBGE, em novembro de 2004. Em dezembro de 2003, o emprego sem carteira estava crescendo 17,3%, ou seja, o grau de informalidade estava aumentando abruptamente. Agora, com esse movimento que se mostra cada vez mais forte, está havendo um aumento do grau de formalidade. Isso é muito bom", completou o economista do Ipea.
Na comparação com janeiro, foi registrado um aumento de 1,5% nos empregados com carteira de trabalho assinada. Já o rendimento médio real (descontada a inflação) dos empregados apresentou uma alta de 1% em relação a janeiro deste ano. Na comparação com fevereiro de 2004 a alta foi de 2,6% - a maior da série do IBGE.
Apesar da alta, o rendimento médio real do trabalhador ainda está abaixo do registrado há dois anos. Ficou em R$ 932,90 em fevereiro deste ano, contra R$ 963,54 em fevereiro de 2003.
Fábio Romão, da LCA, destaca ainda que o cruzamento dos dados do IBGE com os do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério do Trabalho, mostra que as regiões metropolitanas voltaram a ter destaque no emprego formal. O IBGE concentra sua pesquisa nas seis regiões metropolitanas do país. O Caged, em todo o país.
FOLHA DE SAO PAULO
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