3.24.2005

Desemprego aumenta e renda cai em São Paulo

CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Após nove meses em queda, o desemprego voltou a crescer na região metropolitana de São Paulo e atingiu 17,1% da PEA (População Economicamente Ativa) em fevereiro. A taxa de janeiro foi de 16,7%.
A rendimento médio do trabalhador teve a terceira queda consecutiva e chegou ao pior resultado para um mês de janeiro desde 1985 -R$ 1.006.
Pesquisa da Fundação Seade e do Dieese mostra que o aumento do desemprego em fevereiro pode ser explicado porque houve o fechamento de vagas (94 mil) em número superior à quantidade de pessoas que deixou o mercado de trabalho (66 mil). "O desemprego no mês passado voltou ao mesmo patamar de dezembro de 2004. Se essas pessoas não tivessem saído, a taxa teria sido ainda maior", diz Clemente Ganz Lucio, diretor técnico do Dieese. A estimativa é a de que 1,687 milhão de pessoas estejam desempregadas nos 39 municípios pesquisados.
Pelo segundo mês consecutivo, o nível de ocupação voltou a cair na Grande São Paulo. Na indústria, foram eliminadas 35 mil vagas; no comércio, 40 mil e no setor de serviços, 50 mil postos de trabalho. "Tradicionalmente, de janeiro a março, as empresas dispensam trabalhadores temporários contratados no final do ano. A partir de abril há contratações", afirma Alexandre Loloian, coordenador de pesquisas do Seade.
Na comparação entre fevereiro deste ano e igual mês de 2004, houve aumento de 4,9% no nível de ocupação, com a criação de 380 mil postos.
Quanto aos rendimentos, desde outubro, a pesquisa registrou uma queda acumulada de 3,54% para os ocupados e de 5,34% para os assalariados (setores privado e público).
O achatamento ocorre devido à pressão do número de desempregados (que aceitam rendimentos menores), à tendência de precarização do trabalho, que ocorre desde a década de 90, e à alta rotatividade. "Um terço da força de trabalho é substituída a cada ano. Cortam salários maiores e contratam por menos", diz Lucio.
FOLHA DE SAO PAULO