3.20.2005

Lucro menor obrigará GM a cortar custos

DA BLOOMBERG

A General Motors Corp., a terceira maior emitente corporativa de títulos, está sendo pressionada para desativar unidades de produção e negociar contratos coletivos de trabalho com os sindicatos, num momento em que os novos modelos lançados por seu principal executivo, Rich Wagoner, não conseguiram trazer de volta os consumidores atraídos pelas montadoras asiáticas, o que reduziu os lucros e fez despencar os preços dos bônus da montadora.
Os bônus da GM caíram ontem para seus níveis mais baixos desde pelo menos 2001 em relação aos títulos do governo dos Estados Unidos depois que a empresa, a maior montadora do mundo, previu seu maior prejuízo trimestral dos últimos 13 anos. A Standard & Poor's baixou suas perspectivas de classificação do título para negativas e qualificou como "frágil" a capacidade da GM de conservar sua classificação de recomendável para investimento.
"A GM está sujeita a outra leva de severas contenções de custos na América do Norte", disse David Healy, analista da Burnham Securities Inc., com sede em Nova York. As reduções "poderão incluir o fechamento de novas unidades de montagem, a demissão de mais funcionários e talvez voltar a recorrer ao sindicato em busca de novas concessões."
A empresa, com sede em Detroit, um mito corporativo outrora sinônimo do poder industrial norte-americano, continua a perder compradores em favor de empresas como as japonesas Toyota Motor Corp. e Hyundai Motor Co., apesar de oferecer os descontos mais elevados do setor automobilístico. A Harley-Davidson Inc., a maior fabricante norte-americana de motocicletas, ultrapassou ontem a GM em capitalização de mercado.
Com as vendas norte-americanas encaminhando-se neste ano para sua menor participação de mercado dos últimos 80 anos, a GM está considerando mais difícil cobrir as despesas do programa de assistência médica que oferece a seu 1,1 milhão de funcionários, aposentados e dependentes, e arcar com os custos mais elevados do aço e de outros insumos. O dividendo trimestral da empresa, de US$ 0,50 por ação, que atualmente gera um rendimento de 6,88%, segundo cálculos da Bloomberg, terá de ser suspenso, disse o administrador de investimentos Wil Stith.
"Eles precisam pensar mais profundamente numa forma de conter a sangria", disse Stith, que ajuda administrar cerca de US$ 2 bilhões em investimentos de renda fixa na MTB Investment Advisors de Baltimore. A probabilidade de a GM ganhar dinheiro no resto do ano "caiu bem significativamente".
Os bônus da GM, que já estão sendo negociados como se tivessem tido sua classificação reduzida para níveis inferiores ao recomendável para investimento, a categoria conhecida como "junk", caíram ontem ainda mais.
FOLHA DE SAO PAULO