3.06.2005

Nordeste paga menos de um mínimo

DA SUCURSAL DO RIO

Se o rendimento médio dos empregados domésticos já é baixo, a situação é pior em Recife e Salvador, onde não atinge nem sequer um salário mínimo.
O menor valor é o de Recife -RS 218,10 (ou 0,84 salário mínimo) em janeiro de 2005. A cifra corresponde a 36,22% do rendimento médio da região. Num patamar próximo aparece o de Salvador: R$ 222,10 -ou 0,85 salário mínimo. As domésticas daquela região ganham o equivalente a 32,4% do rendimento médio.
Nessas duas regiões metropolitanas, também existem relativamente mais empregados domésticos, diz o IBGE. Em Salvador, representam 9,8% do total de pessoas ocupadas. Em Recife, o percentual é de 9%. A média das seis regiões metropolitanas pesquisadas é de 8%. Porto Alegre registra o menor percentual -7,2%.
De acordo com a economista Hildete Melo, a oferta de trabalho nessas regiões de renda mais baixa é menor, o que acaba por "empurrar" principalmente as mulheres para esse tipo de ocupação.
As mulheres, segundo Melo, representam a imensa maioria dos trabalhadores domésticos. Só 7% são homens, de acordo com a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) de 2001.
É na região metropolitana de São Paulo que os domésticos recebem mais em média (R$ 357,40), nominalmente a maior cifra entre as regiões. O valor representa 33,9% do rendimento médio de São Paulo, de R$ 1.053,70, o maior das áreas pesquisadas.
Em Porto Alegre, o valor médio pago aos empregados domésticos (R$ 336,60) corresponde ao percentual mais alto da renda média da região -37,6%.
Comparado com as demais categorias de ocupação, o salário das pessoas empregadas em casas de família é muito inferior.
"Ainda que a renda desse grupamento tenha aumentado, é uma forma de inserção no mercado de trabalho muito precária, com rendimento muito baixo", afirma Luiz Parreiras, economista do Ipea.

FOLHA DE SAO PAULO