3.03.2005

Metalúrgicos ampliam tarifa zero de banco

Funcionários da Volkswagen e da Ford de São Paulo, Paraná e Bahia terão isenção de taxas nas contas-salário

CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Os metalúrgicos do ABC (CUT) conseguiram ampliar a isenção do pagamento de tarifas bancárias para funcionários da Volkswagen e da Ford para o interior de São Paulo e mais dois Estados -Paraná e Bahia-, além de estender o benefício para trabalhadores terceirizados.
Nos cálculos do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, que negocia desde agosto com empresas e bancos o fim das tarifas cobradas nas contas-salário, 58.843 trabalhadores já têm direito à chamada "tarifa zero". Do total, 36.793 são metalúrgicos do ABC paulista.
"O peso da tarifa bancária no contracheque do trabalhador é de 1% ao mês, em média. Isso significa uma economia de R$ 19 milhões por ano, considerado esse universo de 58 mil trabalhadores", diz o presidente do sindicato, José Lopez Feijóo, a partir de cálculos feitos pelo Dieese.
A campanha pela tarifa zero é a mais nova bandeira da CUT, após a conquista do empréstimo com desconto em folha de pagamento, que permitiu a concessão de crédito a trabalhadores e aposentados com taxas de juros menores.
A CUT já recomenda aos sindicatos filiados que cobrem a medida de bancos e empresas em que trabalham os funcionários representados por essas entidades.
Na Volkswagen, a proposta de acordo negociada com o Unibanco, banco que paga os salários dos empregados da montadora, deve ser avaliada hoje pelos trabalhadores do ABC. Terão direito à tarifa zero em suas contas-salário, segundo a Folha apurou, 12.600 funcionários da fábrica de São Bernardo do Campo, 4.500 da unidade de Taubaté e 3.500 empregados de Curitiba (PR).
Outros 4.000 funcionários de empresas terceirizadas que trabalham dentro da montadora -como a Gedas Informática, a GR Alimentação e a Pérola Asseio e Conservação- também serão beneficiados. De acordo com o Dieese, juntos, os 24.600 empregados diretos e indiretos da Volkswagen vão economizar por ano R$ 7,95 milhões -esse dinheiro teriam de pagar ao banco caso fossem cobradas as tarifas.
O sindicato informa que a isenção envolve uma lista de mais de 20 tarifas. Uma das mais altas é a taxa de abertura de crédito para cheque especial -R$ 20,90. Os trabalhadores não terão de pagar tarifas, por exemplo, para fazer saques em caixas da rede integrada do banco e nos terminais da fábrica, podem tirar extratos sem limite pela internet e nos caixas, além de ter direito a 40 folhas de cheques por mês.
Procurado pela Folha, o Unibanco informou que não se pronuncia sobre o acordo por considerá-lo uma negociação comercial envolvendo clientes.
A assessoria do banco informou que desde dezembro a instituição lançou o programa "Tarifa Zero", com descontos de até 100% nas tarifas dos correntistas -desde que os clientes adquiram serviços, como empréstimos, seguros, aplicações financeiras e capitalização.
Na Ford, onde os trabalhadores fecharam anteontem acordo de tarifa zero com o Bradesco e o Unibanco, os metalúrgicos do ABC querem negociar a extensão do benefício para os terceirizados. Além dos 4.000 empregados diretos de São Bernardo, terão direito à isenção de tarifas os 8.500 trabalhadores do complexo de Camaçari (BA), 250 da unidade de Tatuí e 1.300 metalúrgicos de Taubaté.
"É um movimento importante porque gera recursos para a economia. Esse dinheiro deixa de ir para os cofres dos bancos e ficar concentrado com os banqueiros", diz Feijóo. "A idéia é estender a tarifa zero a todos os trabalhadores do país, por meio do projeto de lei apresentado pelo deputado Vicente Paulo Pereira (PT-SP)".