2.11.2005

Trabalhador vê impacto positivo

FÁTIMA FERNANDES
JANAÍNA LEITE
DA REPORTAGEM LOCAl

O crescimento da produção industrial e do emprego em 2004 teve impacto positivo nos salários dos trabalhadores, segundo CUT (Central Única dos Trabalhadores), Força Sindical e Dieese.
As categorias de trabalhadores ligadas à CUT que negociaram reajustes salariais no segundo semestre do ano passado tiveram aumento real de salário entre 1% e 5%, segundo levantamento da central. No caso das categorias ligadas à Força Sindical, o reajuste real médio foi da ordem de 3%.
Levantamento do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos) a partir de amostra de 200 acordos salariais constatou que, em 2004, mais de 80% das categorias tiveram reposição integral da inflação ou algum tipo de aumento real -de 1% a 4%- nos salários. "Foi um dos melhores resultados dos últimos dez anos", afirma Clemente Ganz Lúcio, diretor técnico do Dieese.
"Os acordos salariais do segundo semestre foram os melhores dos últimos 12 anos para os trabalhadores", afirma Carlos Alberto Grana, presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT e diretor da central sindical.
Os metalúrgicos ligados à CUT, segundo informa, tiveram aumento real de 4% nos salários. "Esses aumentos são reflexo do crescimento econômico. Ainda não estamos satisfeitos, pois as perdas acumuladas nos salários foram muito elevadas nos últimos anos", afirma Grana.
Os trabalhadores da construção civil, segundo ele, conseguiram aumento real de 10% no piso da categoria. Os metalúrgicos, de 4%. Na região do ABC, os reajustes foram maiores porque o setor automotivo lá instalado reagiu muito bem no ano passado, principalmente por causa das exportações, na avaliação de Grana.
"A situação econômica das empresas melhorou. Isso beneficiou os trabalhadores", diz João Carlos Gonçalves, o Juruna, secretário-geral da Força Sindical.
As duas centrais sindicais têm expectativas diferentes para as negociações salariais neste ano. "Nossa previsão é que a produção continue crescendo neste ano e que os trabalhadores terão aumento real de salário parecido com o de 2004", diz Grana.
Para Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, presidente da Força Sindical, a situação já não será tão favorável para o trabalhador. "Algumas indústrias já registraram queda na produção no início deste ano. Esse é o primeiro sintoma antes do desemprego. Este ano será mais complicado do que o ano passado. Poderemos ter mais desemprego do que emprego", diz.
Juruna afirma que nas negociações neste semestre a central vai "estabelecer como ponto de honra nas negociações aumento real de salários e participação nos lucros e resultados das empresas".
Já o secretário-geral da CGT (Confederação Geral de Trabalhadores), Canindé Pegado, já questiona os resultados 2004.
Para o sindicalista, a expansão da oferta de vagas obedeceu a movimento irregular. "Os postos aumentaram, mas isso não foi traduzido em ganho para os funcionários." O motivo é que não houve crescimento da massa salarial capaz de superar o acumulado da inflação e garantir, assim, ganho real dos salários.

FOLHA DE SAO PAULO