Metrópole passa campo na criação de vagas
Aquecimento do mercado interno impulsionou postos nas cidades, enquanto entressafra afetou contratações no interior
MARCELO BILLI
DA REPORTAGEM LOCAL
O emprego voltou às grandes cidades brasileiras. Desde setembro do ano passado, o emprego formal cresce mais nas regiões metropolitanas. Naquele mês, foram geradas 71.175 vagas nas nove regiões acompanhadas pelo Ministério do Trabalho. Já no interior dos mesmos nove Estados foram criadas 58.167 vagas.
A tendência se repete até dezembro, mês em que o saldo de emprego com carteira assinada é geralmente negativo. No caso das regiões metropolitanas, a queda no emprego foi bem menor. Foram eliminadas 36 mil vagas, contra a queda de 239 mil no interior. A perda de emprego no campo no último mês do ano, apesar de alta, não assusta. Ela foi gerada pela entressafra da cana, que reduz o volume de emprego em toda a cadeia do açúcar e álcool.
"No período da entressafra, sempre ocorre diminuição grande dos contratos de trabalho. Mas o desempenho do setor agrícola sempre melhora no primeiro semestre. E o da indústria costuma crescer no segundo", explica Paula Montagner, coordenadora do Observatório do Mercado de Trabalho, órgão do ministério.
No ano, o saldo de emprego no interior segue maior. Foram 633 mil vagas, ao passo que nas regiões metropolitanas foram criados 546 mil postos. Mas a diferença entre as vagas abertas no interior e nas grandes cidades caiu.
Em 2003, o volume de emprego gerado no interior foi 51% superior ao dos grandes centros. No ano passado, a diferença, ainda em favor do interior, caiu para 16%. "O mercado de trabalho nas regiões metropolitanas melhorou muito no ano passado", diz Rogério Nagamine, pesquisador do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).
Os dados sobre criação de emprego formal são do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), apurados pelo Ministério do Trabalho e Emprego. Apesar de alguns analistas considerarem que ele tem algumas distorções, por ser baseado em declarações voluntárias dos empregadores, todos dizem concordar que se trata de uma boa medida das tendências do mercado de trabalho formal.
A divisão entre regiões metropolitanas e interior só está disponível para nove Estados -Pará, Ceará, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul-, onde estão aproximadamente 77% das vagas formais criadas no país no ano passado.
Mercado interno
A recuperação mais forte nas regiões metropolitanas já era, de certa forma, esperada. A economia dessas regiões depende mais de setores que estão ligados ao mercado interno. Durante todo o ano de 2003 -e praticamente desde a desvalorização cambial de 1999-, o setor externo foi o motor da economia brasileira, com as exportações "salvando" alguns setores da estagnação interna.
O complexo agroindustrial foi o mais beneficiado pelo ajuste pós-desvalorização. Por conta disso, foi também nas regiões onde o setor é mais forte -no interior, em geral- que o emprego cresceu.
O quadro mudou já no terceiro trimestre do ano passado, quando o mercado interno teve participação preponderante para o crescimento. Entre julho e setembro de 2004, a economia cresceu 6%, usando como base de comparação os mesmos meses de 2003. Mais de 60% desse crescimento foi gerado pelo mercado interno.
O crescimento do setor exportador ajudou a empurrar parte do mercado interno, que gera riqueza nas áreas urbanas. O setor mais dependente do mercado interno, o de serviços, cresce quando a renda e o consumo tornam-se os motores da economia.
"A retomada das exportações primeiro teve impactos no interior. Mas foi estourando para outros setores, para a indústria e os serviços. No ano passado, o dinamismo econômico chegou às regiões metropolitanas", diz Anselmo Luís dos Santos, pesquisador do Cesit (Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho), da Unicamp.
Serviços
Não é a toa que foi justamente o setor de serviços o que mais gerou vagas formais nas regiões metropolitanas. Em todo o Brasil, segundo os dados do Caged, foi criado 1,5 milhão de vagas formais. Indústria, comércio e serviços tiveram praticamente a mesma contribuição para a criação desses postos de trabalho, com cada setor gerando cerca de um terço das vagas. O quadro muda de figura nas nove regiões metropolitanas acompanhadas pelo Caged. Nesse caso, foram 546 mil vagas, com o setor de serviços respondendo por aproximadamente 42% do total, o comércio, por 27%, e a indústria, por 26%.
FOLHA DE SAO PAULO
MARCELO BILLI
DA REPORTAGEM LOCAL
O emprego voltou às grandes cidades brasileiras. Desde setembro do ano passado, o emprego formal cresce mais nas regiões metropolitanas. Naquele mês, foram geradas 71.175 vagas nas nove regiões acompanhadas pelo Ministério do Trabalho. Já no interior dos mesmos nove Estados foram criadas 58.167 vagas.
A tendência se repete até dezembro, mês em que o saldo de emprego com carteira assinada é geralmente negativo. No caso das regiões metropolitanas, a queda no emprego foi bem menor. Foram eliminadas 36 mil vagas, contra a queda de 239 mil no interior. A perda de emprego no campo no último mês do ano, apesar de alta, não assusta. Ela foi gerada pela entressafra da cana, que reduz o volume de emprego em toda a cadeia do açúcar e álcool.
"No período da entressafra, sempre ocorre diminuição grande dos contratos de trabalho. Mas o desempenho do setor agrícola sempre melhora no primeiro semestre. E o da indústria costuma crescer no segundo", explica Paula Montagner, coordenadora do Observatório do Mercado de Trabalho, órgão do ministério.
No ano, o saldo de emprego no interior segue maior. Foram 633 mil vagas, ao passo que nas regiões metropolitanas foram criados 546 mil postos. Mas a diferença entre as vagas abertas no interior e nas grandes cidades caiu.
Em 2003, o volume de emprego gerado no interior foi 51% superior ao dos grandes centros. No ano passado, a diferença, ainda em favor do interior, caiu para 16%. "O mercado de trabalho nas regiões metropolitanas melhorou muito no ano passado", diz Rogério Nagamine, pesquisador do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).
Os dados sobre criação de emprego formal são do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), apurados pelo Ministério do Trabalho e Emprego. Apesar de alguns analistas considerarem que ele tem algumas distorções, por ser baseado em declarações voluntárias dos empregadores, todos dizem concordar que se trata de uma boa medida das tendências do mercado de trabalho formal.
A divisão entre regiões metropolitanas e interior só está disponível para nove Estados -Pará, Ceará, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul-, onde estão aproximadamente 77% das vagas formais criadas no país no ano passado.
Mercado interno
A recuperação mais forte nas regiões metropolitanas já era, de certa forma, esperada. A economia dessas regiões depende mais de setores que estão ligados ao mercado interno. Durante todo o ano de 2003 -e praticamente desde a desvalorização cambial de 1999-, o setor externo foi o motor da economia brasileira, com as exportações "salvando" alguns setores da estagnação interna.
O complexo agroindustrial foi o mais beneficiado pelo ajuste pós-desvalorização. Por conta disso, foi também nas regiões onde o setor é mais forte -no interior, em geral- que o emprego cresceu.
O quadro mudou já no terceiro trimestre do ano passado, quando o mercado interno teve participação preponderante para o crescimento. Entre julho e setembro de 2004, a economia cresceu 6%, usando como base de comparação os mesmos meses de 2003. Mais de 60% desse crescimento foi gerado pelo mercado interno.
O crescimento do setor exportador ajudou a empurrar parte do mercado interno, que gera riqueza nas áreas urbanas. O setor mais dependente do mercado interno, o de serviços, cresce quando a renda e o consumo tornam-se os motores da economia.
"A retomada das exportações primeiro teve impactos no interior. Mas foi estourando para outros setores, para a indústria e os serviços. No ano passado, o dinamismo econômico chegou às regiões metropolitanas", diz Anselmo Luís dos Santos, pesquisador do Cesit (Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho), da Unicamp.
Serviços
Não é a toa que foi justamente o setor de serviços o que mais gerou vagas formais nas regiões metropolitanas. Em todo o Brasil, segundo os dados do Caged, foi criado 1,5 milhão de vagas formais. Indústria, comércio e serviços tiveram praticamente a mesma contribuição para a criação desses postos de trabalho, com cada setor gerando cerca de um terço das vagas. O quadro muda de figura nas nove regiões metropolitanas acompanhadas pelo Caged. Nesse caso, foram 546 mil vagas, com o setor de serviços respondendo por aproximadamente 42% do total, o comércio, por 27%, e a indústria, por 26%.
FOLHA DE SAO PAULO
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