EMPREGO PRECÁRIO
A despeito da queda na taxa de desemprego, aumentou a precariedade do mercado de trabalho nas regiões metropolitanas do país. Em dezembro de 2004, o número de pessoas com rendimento inferior a um salário mínimo, trabalhando 40 horas semanais, era de 2,7 milhões, de acordo com a Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE. Em dezembro de 2003, a cifra era de 2,3 milhões.
O contingente dos sub-remunerados teve um acréscimo de 441 mil pessoas -quase 20%. Com isso, a proporção de trabalhadores sub-remunerados em relação ao total dos empregados subiu de 12,1% para 14% no mesmo período.
O aumento dos sub-remunerados representa a face mais perversa do declínio do rendimento médio real dos trabalhadores, que caiu pelo sétimo ano consecutivo. Embora se observe uma recuperação do mercado de trabalho no que concerne à criação de vagas e à formalização do emprego, a retomada da atividade econômica não se refletiu num aumento médio do poder aquisitivo. Isso significa que os postos de trabalho criados são remunerados com salários mais baixos.
Além disso, mais pessoas de uma mesma família tiveram de procurar emprego na tentativa de compensar o recuo da renda do chefe do domicílio. Esse fenômeno ajuda a explicar o aumento dos sub-remunerados, uma vez que essas pessoas tendem a aceitar atividades que oferecem salários mais baixos e, muitas vezes, em piores condições de trabalho. Segundo os resultados do IBGE, a maior parte desse grupo é formada por mulheres, "não-brancos" e trabalhadores (jovens e idosos) sem carteira ou por conta própria.
Infelizmente, esse descompasso entre a evolução do rendimento e a da ocupação não deverá ser atenuado, pois está em curso um processo de desaceleração da atividade produtiva que fatalmente será agravado pela política de juros. O Banco Central, como se sabe, esfria a economia com o objetivo de cumprir a meta de inflação, restringindo, assim, as perspectivas de aumento do emprego e da renda dos assalariados.
EDITORIAL, FOLHA DE SAO PAULO
O contingente dos sub-remunerados teve um acréscimo de 441 mil pessoas -quase 20%. Com isso, a proporção de trabalhadores sub-remunerados em relação ao total dos empregados subiu de 12,1% para 14% no mesmo período.
O aumento dos sub-remunerados representa a face mais perversa do declínio do rendimento médio real dos trabalhadores, que caiu pelo sétimo ano consecutivo. Embora se observe uma recuperação do mercado de trabalho no que concerne à criação de vagas e à formalização do emprego, a retomada da atividade econômica não se refletiu num aumento médio do poder aquisitivo. Isso significa que os postos de trabalho criados são remunerados com salários mais baixos.
Além disso, mais pessoas de uma mesma família tiveram de procurar emprego na tentativa de compensar o recuo da renda do chefe do domicílio. Esse fenômeno ajuda a explicar o aumento dos sub-remunerados, uma vez que essas pessoas tendem a aceitar atividades que oferecem salários mais baixos e, muitas vezes, em piores condições de trabalho. Segundo os resultados do IBGE, a maior parte desse grupo é formada por mulheres, "não-brancos" e trabalhadores (jovens e idosos) sem carteira ou por conta própria.
Infelizmente, esse descompasso entre a evolução do rendimento e a da ocupação não deverá ser atenuado, pois está em curso um processo de desaceleração da atividade produtiva que fatalmente será agravado pela política de juros. O Banco Central, como se sabe, esfria a economia com o objetivo de cumprir a meta de inflação, restringindo, assim, as perspectivas de aumento do emprego e da renda dos assalariados.
EDITORIAL, FOLHA DE SAO PAULO
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