2.11.2005

Cidades como Diadema e São Caetano ampliaram vagas em mais de 9%


ABC e interior puxam alta do emprego industrial em SP

FABIANA FUTEMA
DA FOLHA ONLINE

A região do ABC paulista e o interior do Estado puxaram o crescimento do emprego industrial de São Paulo em 2004.
No ano passado, a indústria de transformação paulista abriu 93.626 novas vagas, o que representa um crescimento de 5,01% no nível de emprego. Em 2003, o emprego havia crescido apenas 0,27%, com a criação de 4.646 postos de trabalho.
A cidade de Diadema, no ABC paulista, por exemplo, registrou o maior avanço no emprego industrial: 10,54%. Em segundo lugar ficou São Caetano do Sul, com incremento de 9,31%. Esse mesmo dinamismo não se repetiu na capital, onde o emprego industrial cresceu apenas 1,58% em 2004, segundo pesquisa divulgada ontem pelo Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo).
De acordo com a entidade, a geração de vagas no interior e no ABC paulista está ligada ao desempenho da atividade industrial. "O ano foi muito positivo para as exportações e para a indústria automotiva. Nesses setores, a contratação foi mais forte", disse Boris Tabacof, diretor do Departamento de Economia do Ciesp.
O município de Diadema mostra, por exemplo, a importância da indústria automotiva para o comportamento do emprego da região. "A cidade tem uma grande concentração de empresas de autopeças, que fornecem componentes para as montadoras", afirmou Ignácio Martinez, diretor do Ciesp em Diadema.
O deslocamento do setor industrial para o interior também explica o menor incremento de vagas na cidade de São Paulo. "Houve uma migração de indústrias para o interior, atraídas por incentivos fiscais e custos menores", disse o diretor do Ciesp, José Vellozo.

Desaceleração
Segundo Tabacof, o crescimento da economia em 2004 foi fundamental para reaquecer a atividade industrial e elevar o nível de emprego do setor. "Foi um ano muito positivo. E comprova a tese de que é o crescimento econômico que gera emprego."
Para 2005, entretanto, o empresário prevê um comportamento mais tímido do emprego industrial. "A tendência é termos uma atividade industrial menor do que no ano passado. Com isso, o ritmo de geração de empregos deverá desacelerar", disse Tabacof.
Segundo ele, essa desaceleração foi iniciada no terceiro trimestre de 2004. "Coincidentemente, o emprego industrial começou a desacelerar após a elevação dos juros. A Selic subiu em setembro, e o ritmo de geração de vagas ficou menor a partir de outubro."
Em dezembro, o nível de emprego industrial do Estado caiu 0,44% em relação a novembro. Foi a única queda mensal registrada no ano passado. No mesmo mês de 2003, o nível de emprego havia caído 0,48%, com a eliminação de 8.819 vagas.
Para mudar esse cenário, Tabacof defende mudanças em três frentes: juros, câmbio e tributação. "O câmbio está desfavorável às exportações. A carga tributária já alcançou um patamar insuportável. Todas essas variáveis ainda podem ser atacadas."
FOLHA DE SAO PAULO