Relatório aponta 831 milhões de pessoas subnutridas no mundo
ONU estima que 1,1 bilhão de pessoas vivem com menos de US$ 1 por dia
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA SUCURSAL DO RIO
O Relatório do Desenvolvimento Humano 2004, que será lançado hoje em Bruxelas (Bélgica) pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), mostra que, apesar dos avanços verificados no século 20, há 831 milhões de pessoas no mundo subnutridas e aponta tendências preocupantes para o futuro.Citando estatísticas do Banco Mundial e da Unesco, estima que 1,1 bilhão de pessoas vivem no mundo com menos de US$ 1 por dia (levando em conta o poder de compra da moeda em cada país) e que 2,7 bilhões de habitantes vivem sem saneamento adequado.A maior preocupação citada no relatório está na tendência para os próximos anos. O documento prevê que, se o ritmo de avanço em alguns indicadores não melhorar, vários países terão dificuldade para cumprir as metas assumidas com a ONU em 2000 de redução da pobreza e melhoria das condições de vida.O relatório detecta tendência de piora nas condições para atingir as metas até 2015 justamente na África subsariana, região com pior IDH, nos indicadores de pobreza, fome e acesso a saneamento. Essa região só cumprirá metas de educação e mortalidade na infância depois de 2100, caso o ritmo de mudanças não se altere.
Metas difíceis
Na média mundial, o relatório aponta que os países terão dificuldade para cumprir até 2015 as metas de redução da fome, de educação, de mortalidade na infância e de acesso a saneamento.Entre as metas assumidas, estão reduzir à metade da parcela da população mundial com rendimento menor que US$ 1 por dia, assegurar que as crianças tenham acesso ao ensino primário e diminuir em dois terços a taxa de mortes dos menores de cinco anos."Sem mudanças significativas, os países que experimentam reversões ou estagnação têm poucas probabilidades de atingir os seus objetivos", diz o relatório.Os dados do relatório da ONU mostram que o IDH recuou em 20 países, 13 deles da África subsaariana, durante a década de 90. Pela primeira vez, essa situação foi registrada em tantos países: na década de 80, apenas três entre 113 países com dados disponíveis viram o índice cair.
Prioridade máxima
O retrocesso na África se deve em grande parte, segundo o relatório, à Aids, que atinge mais pessoas em idade produtiva. A doença reduziu a expectativa de vida dessas populações, chegando a baixar para 40 anos ou menos em sete casos (Angola, República Centro-Africana, Lesoto, Moçambique, Serra Leoa, Suazilândia e Zimbábue).Esse quadro, aliado à estagnação de desenvolvimento em outras localidades, levou o Pnud a considerar 54 países como prioridade máxima ou alta -o que significa que têm necessidade de mais atenção, verbas e compromisso internacional ou apresentam progresso insuficiente para atingir as Metas de Desenvolvimento do Milênio. Dos 54, 24 apresentaram queda dos rendimentos durante a década.O texto registra ainda que, nos 27 países enquadrados na prioridade máxima, o desenvolvimento pode fracassar em todos os aspectos. Estão nesse grupo 21 países da África subsaariana, três árabes, um da Ásia oriental, outro do sul da Ásia e um do Caribe.Noruega e Suécia aparecem no topo do ranking do IDH como os países com melhor índice de desenvolvimento entre os 177 territórios analisados -0,956 e 0,946, respectivamente. Em terceiro lugar, com o mesmo IDH da Suécia, está a Austrália, país que apresentou um índice de expectativa de vida um pouco menor (diferença de 0,02 entre os dois).No total, 55 países aparecem no Relatório de Desenvolvimento Humano 2004 na classificação de IDH elevado, isto é, igual ou superior a 0,800. Também estão nessa faixa países como Estados Unidos (8º lugar), Japão (9º), Itália (21º), Argentina (34º) e Uruguai (46º).
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