Dados mostram recuperação do emprego
Índústria em SP teve contratação recorde em junho; construção recupera postos fechados em 2003, e vagas formais crescem
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
O mercado de trabalho já reage ao sinais de retomada da economia e mostra uma forte recuperação, segundo três indicadores que medem o emprego com carteira assinada divulgados ontem.
A indústria paulista de transformação chegou ao recorde de contratações em junho, com a criação de 12.124 postos de trabalho. Foi o melhor resultado mensal desde que a pesquisa de nível de emprego da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) foi iniciada, em 1994.
A construção civil brasileira também conseguiu recuperar os postos de trabalho perdidos no ano passado, com a abertura de 56,8 mil vagas de janeiro a maio deste ano, segundo informaram o Sinduscon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo) e a consultoria GVconsult, a partir de dados oficiais do Ministério do Trabalho.Além disso, o ministro do Trabalho, Ricardo Berzoini, disse ontem que o país deve fechar o mês de junho contabilizando aproximadamente 1 milhão de empregos formais criados no primeiro semestre. A estimativa foi feita com base nos dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), a partir de informações enviadas mensalmente pelas empresas de todo o país.
Recorde histórico
A criação de vagas na indústria paulista também foi recorde para o período de janeiro a junho. No primeiro semestre deste ano, o nível de emprego aumentou 1,97% -ou 30.091 postos criados. Esse número supera os 27.416 registrados em todos os meses de 2000, considerado um dos melhores anos para o emprego no país.
Para a Fiesp, as comparações dos resultados obtidos pela indústria de transformação devem ser feitas a partir de 2000. Isso porque houve uma mudança significativa no perfil industrial depois do ajuste cambial, em 1999.
A antecipação de contratações sazonais -principalmente no setor de sucos e sorvetes (congelados e supercongelados)- e o desempenho positivo de atividades ligadas às exportações explicam o crescimento do emprego em junho, segundo informa a federação das indústrias paulistas.
"Segmentos da indústria que tradicionalmente contratam em julho e agosto anteciparam as admissões para junho", afirmou Claudio Vaz, diretor do Departamento de Pesquisas Econômicas da Fiesp. Essa antecipação ocorreu com mais intensidade no setor de sucos -em especial o de laranja, produzido nas cidades de Araraquara, de Bebedouro, de Limeira e de Matão.
Segundo o empresário, as admissões antecipadas também são motivadas pelo crescimento das exportações. "Não podemos afirmar que as empresas estão apostando na melhora do mercado interno. Não sabemos se é uma preparação para circunstâncias melhores [da economia] ou se houve uma antecipação da safra", disse.
Apenas no setor de congelados e de supercongelados, o nível de emprego cresceu 18,28% em junho, o que equivale à abertura de cerca de 3.500 vagas. "As contratações feitas em junho foram suficientes para repor as vagas que até então estavam sendo fechadas nesse segmento. Com isso, esse setor registra 2% de crescimento no ano", diz o empresário.
Entre os setores que contrataram mais do que demitiram, impulsionados pelas exportações, estão o de curtimento de couros e peles (3,34%), o de calçados de Franca (2,78%) e o de fiação e tecelagem (2,59%). "São segmentos essencialmente ligados às exportações. A reação ainda é pequena nos setores voltados para o mercado interno", disse Vaz.
Emprego na construção
O nível de emprego na construção civil brasileira subiu 1,33% em maio em comparação a abril, com a abertura de quase 15,9 mil vagas. Foi o quinto mês consecutivo de crescimento no setor.
Só em dezembro de 2003 a construção civil havia fechado 42 mil vagas. Na comparação dos cinco primeiros meses deste ano com igual período do ano passado, o emprego no setor registra aumento de 0,64% -o equivalente a 7.500 postos de trabalho.Em maio, trabalhava com carteira assinada na construção civil 1,21 milhão de empregados no país. Desse total, 363 mil estavam no Estado de São Paulo.
Em São Paulo, o nível de emprego no setor também subiu em maio, com um aumento de 0,82% ou cerca de 2.900 vagas a mais, comparado a abril.Em relação a maio de 2003, houve crescimento de 2,13% ou de 7.600 vagas.O segmento de edificações foi responsável por 55% das vagas criadas da construção paulista, que teve ganho de 1,12% no número de vagas em maio, o equivalente à abertura de 2.225 postos.
FSP, 15/07/2004
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