Wal-Mart enfrenta resistência em Nova York
Cadeia quer abrir loja no bairro do Queens, mas tem oposição de trabalhadores, pequenas empresas e vereadores da cidade
STEVEN GREENHOUSE
DO "NEW YORK TIMES"
"A Wal-Mart está ansiosa para fazer da cidade de Nova York sua próxima fronteira", disse a porta-voz da empresa na Costa Leste, mas muitos nova-iorquinos parecem dispostos a receber a megaloja com tanto entusiasmo quanto uma cidade de fronteira recebe um fugitivo.
Pequenas empresas, líderes sindicais, vereadores e até alguns candidatos a prefeito estão se armando para evitar que a Wal-Mart se instale na cidade, agora que a maior varejista do mundo admitiu que quer abrir em 2008 sua primeira loja na cidade de Nova York, planejada para o distrito de Rego Park, em Queens.
A construtora Vornado Realty Trust, cujo projeto de centro comercial incluiria uma Wal-Mart de 12 mil metros quadrados, entrou com um pedido de uso do solo na prefeitura, e o processo de aprovação deve durar meses. Mas os adversários da Wal-Mart pretendem pressionar os órgãos governamentais que vão avaliar o pedido - o conselho comunitário, a Comissão de Planejamento Urbano e a Câmara de Vereadores - para que o rejeitem.
Será provavelmente a maior batalha contra uma única loja na história da cidade, porque o movimento trabalhista considera a empresa o inimigo público número 1, por ser tão anti-sindical e porque muitas pequenas empresas temem que dezenas de milhares de consumidores corram para a loja, levando consigo milhões de dólares em negócios.
"Nunca haverá uma coalizão mais variada e abrangente do que esse esforço contra a Wal-Mart", disse Richard Lipsky, porta-voz da Aliança de Varejistas de Bairro, uma coalizão anti-Wal-Mart em Nova York.
Um fator que tornará a luta incomumente intensa é que os sindicatos decidiram que frustrar as ambições da companhia em Nova York é vital para sua nova campanha nacional que pressiona a empresa a melhorar seu modo de pagar e tratar os funcionários.
"A Wal-Mart passou a representar o mínimo denominador comum no tratamento dos trabalhadores", disse Brian M. McLaughlin, presidente do Conselho Central de Trabalhadores da cidade de Nova York, um grupo com mais de um milhão de trabalhadores sindicalizados. "A Wal-Mart não construiu seu império com bons preços. Ela o construiu nas costas dos trabalhadores."
No entanto, membros da empresa parecem surpresos com a hostilidade que encontraram em Nova York, especialmente porque a cidade tem mais de uma dúzia de grandes lojas de descontos.
"Espero que nos dêem uma oportunidade justa", disse a porta-voz da Wal-Mart, Mia Masten, diretora de assuntos corporativos para a costa leste. "Estamos interessados em Nova York. Com a população de lá, haveria uma excelente oportunidade para nós em termos de atingir um base de consumidores que ainda não alcançamos."
Nessa primeira escaramuça, um grupo não desprezível parece estar sendo esquecido: os consumidores de Nova York. Muitos deles adoram os preços da Wal-Mart.
"Eu gosto da Wal-Mart", disse Sheila Richardson, uma oficial de correcional que mora em Corona, Queens, e na semana passada fazia compras no shopping Sears em frente ao planejado local da Wal-Mart. "Sou viciada em compras", ela disse, "e uma vez por semana dirijo até a Wal-Mart em Hampstead ou Westbury, e até em Albany. Seria bom ter uma Wal-Mart próxima."
Steven Malanga, membro do Instituto Manhattan, uma organização conservadora de pesquisa, disse que os adversários da Wal-Mart são injustos ao querer privar os consumidores de maiores opções. "A natureza do debate é se Nova York terá as oportunidades de compras mais amplas que já existem em outros lugares", disse.
Sung Soo Kim, presidente do Congresso de Pequenas Empresas da cidade, com 130 mil membros, disse: "Existe um mito de que as empresas locais podem ser competitivas com megalojas. Essas megalojas são assassinas de categorias. Elas canibalizam os varejistas existentes".
Talvez a maior oposição à Wal-Mart venha das organizações de trabalhadores, que disseram a membros da Câmara Municipal que a empresa paga salários baixos, dá seguro-saúde para menos da metade dos funcionários, é veementemente contra os sindicatos e enfrenta um enorme processo por discriminação sexual.
Segundo Masten, da Wal-Mart, a nova loja geraria mais de 300 empregos. Ela disse que as lojas nas cidades pagam US$ 10,38 por hora em média; segundo sindicalistas, o valor médio é US$ 9,25. Masten disse que a Wal-Mart oferece participação nos lucros, um plano particular de aposentadoria e benefícios de saúde acessíveis, a partir de US$ 40 por mês para cobertura individual e US$ 155 por mês para cobertura familiar.
Salientando que sua companhia emprega 1,2 milhão de americanos, ela disse: "As pessoas não ficariam numa empresa que não oferecesse oportunidades e salários e benefícios competitivos".
Tradução de Luiz Roberto Mendes Gonçalve
STEVEN GREENHOUSE
DO "NEW YORK TIMES"
"A Wal-Mart está ansiosa para fazer da cidade de Nova York sua próxima fronteira", disse a porta-voz da empresa na Costa Leste, mas muitos nova-iorquinos parecem dispostos a receber a megaloja com tanto entusiasmo quanto uma cidade de fronteira recebe um fugitivo.
Pequenas empresas, líderes sindicais, vereadores e até alguns candidatos a prefeito estão se armando para evitar que a Wal-Mart se instale na cidade, agora que a maior varejista do mundo admitiu que quer abrir em 2008 sua primeira loja na cidade de Nova York, planejada para o distrito de Rego Park, em Queens.
A construtora Vornado Realty Trust, cujo projeto de centro comercial incluiria uma Wal-Mart de 12 mil metros quadrados, entrou com um pedido de uso do solo na prefeitura, e o processo de aprovação deve durar meses. Mas os adversários da Wal-Mart pretendem pressionar os órgãos governamentais que vão avaliar o pedido - o conselho comunitário, a Comissão de Planejamento Urbano e a Câmara de Vereadores - para que o rejeitem.
Será provavelmente a maior batalha contra uma única loja na história da cidade, porque o movimento trabalhista considera a empresa o inimigo público número 1, por ser tão anti-sindical e porque muitas pequenas empresas temem que dezenas de milhares de consumidores corram para a loja, levando consigo milhões de dólares em negócios.
"Nunca haverá uma coalizão mais variada e abrangente do que esse esforço contra a Wal-Mart", disse Richard Lipsky, porta-voz da Aliança de Varejistas de Bairro, uma coalizão anti-Wal-Mart em Nova York.
Um fator que tornará a luta incomumente intensa é que os sindicatos decidiram que frustrar as ambições da companhia em Nova York é vital para sua nova campanha nacional que pressiona a empresa a melhorar seu modo de pagar e tratar os funcionários.
"A Wal-Mart passou a representar o mínimo denominador comum no tratamento dos trabalhadores", disse Brian M. McLaughlin, presidente do Conselho Central de Trabalhadores da cidade de Nova York, um grupo com mais de um milhão de trabalhadores sindicalizados. "A Wal-Mart não construiu seu império com bons preços. Ela o construiu nas costas dos trabalhadores."
No entanto, membros da empresa parecem surpresos com a hostilidade que encontraram em Nova York, especialmente porque a cidade tem mais de uma dúzia de grandes lojas de descontos.
"Espero que nos dêem uma oportunidade justa", disse a porta-voz da Wal-Mart, Mia Masten, diretora de assuntos corporativos para a costa leste. "Estamos interessados em Nova York. Com a população de lá, haveria uma excelente oportunidade para nós em termos de atingir um base de consumidores que ainda não alcançamos."
Nessa primeira escaramuça, um grupo não desprezível parece estar sendo esquecido: os consumidores de Nova York. Muitos deles adoram os preços da Wal-Mart.
"Eu gosto da Wal-Mart", disse Sheila Richardson, uma oficial de correcional que mora em Corona, Queens, e na semana passada fazia compras no shopping Sears em frente ao planejado local da Wal-Mart. "Sou viciada em compras", ela disse, "e uma vez por semana dirijo até a Wal-Mart em Hampstead ou Westbury, e até em Albany. Seria bom ter uma Wal-Mart próxima."
Steven Malanga, membro do Instituto Manhattan, uma organização conservadora de pesquisa, disse que os adversários da Wal-Mart são injustos ao querer privar os consumidores de maiores opções. "A natureza do debate é se Nova York terá as oportunidades de compras mais amplas que já existem em outros lugares", disse.
Sung Soo Kim, presidente do Congresso de Pequenas Empresas da cidade, com 130 mil membros, disse: "Existe um mito de que as empresas locais podem ser competitivas com megalojas. Essas megalojas são assassinas de categorias. Elas canibalizam os varejistas existentes".
Talvez a maior oposição à Wal-Mart venha das organizações de trabalhadores, que disseram a membros da Câmara Municipal que a empresa paga salários baixos, dá seguro-saúde para menos da metade dos funcionários, é veementemente contra os sindicatos e enfrenta um enorme processo por discriminação sexual.
Segundo Masten, da Wal-Mart, a nova loja geraria mais de 300 empregos. Ela disse que as lojas nas cidades pagam US$ 10,38 por hora em média; segundo sindicalistas, o valor médio é US$ 9,25. Masten disse que a Wal-Mart oferece participação nos lucros, um plano particular de aposentadoria e benefícios de saúde acessíveis, a partir de US$ 40 por mês para cobertura individual e US$ 155 por mês para cobertura familiar.
Salientando que sua companhia emprega 1,2 milhão de americanos, ela disse: "As pessoas não ficariam numa empresa que não oferecesse oportunidades e salários e benefícios competitivos".
Tradução de Luiz Roberto Mendes Gonçalve
THE NEW YORK TIMES
SAIBA MAIS
Vitória e Londrina fizeram oposição a loja da empresa
DA AGÊNCIA FOLHA
No Brasil, a Wal-Mart enfrentou problemas para instalar unidades nas cidades de Vitória (ES) e Londrina (PR).
Em Vitória, o embate começou em outubro do ano passado, após a autorização da prefeitura para a instalação da loja numa área de 6.500 m2.
A Câmara dos Vereadores entrou em guerra contra a empresa e aprovou uma lei limitando a área de supermercados a 3.500 m2, que não surtiu efeito, já que só invalidou empreendimentos que ainda não estavam em andamento. Para o Sindicato dos Trabalhadores no Comércio de Vitória, a loja deve deixar 1.500 desempregados, apesar da geração de 450 postos. O hipermercado está em construção.
Em Londrina, a Wal-Mart enfrentou o mesmo problema. A rede de hipermercados queria construir uma unidade no centro da cidade, onde a prefeitura planeja erguer um teatro. O prefeito Nédson Micheleti (PT) decretou o terreno de utilidade pública e inviabilizou a construção da loja.
A assessoria da Wal-Mart informou, através de uma nota, que "desde a instalação da primeira unidade da rede no país, a empresa nunca registrou nenhum tipo de resistência por parte dos consumidores e comunidades".
FOLHA DE SAO PAULO
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