Para ONU, 45% dos jovens estão na miséria
Relatório do Unicef divulgado ontem aponta que, no Brasil, a pobreza é a maior ameaça a crianças e adolescentes
RICARDO WESTIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Pobreza, conflitos armados e Aids são, no início do século 21, as maiores ameaças às crianças e aos adolescentes no mundo, de acordo com o relatório anual do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), divulgado ontem. No Brasil, dos três problemas apontados, o que mais preocupa o órgão da ONU é a pobreza.
Segundo o relatório "Situação Mundial da Infância 2005", 45% das crianças e dos adolescentes do Brasil vivem abaixo da linha da pobreza. Isso significa que, de todos os 60,3 milhões de brasileiros com menos de 18 anos, 27,4 milhões vêm de famílias em que cada membro sobrevive com menos de R$ 4,33 por dia (menos de meio salário mínimo por mês).
Para ilustrar como "milhões estão perdendo a infância", o Unicef cita o Brasil logo no primeiro parágrafo de seu relatório: "Meninos e meninas revirando pilhas de lixo em busca de alimento em Manila, obrigados a carregar uma AK-47 pelas florestas da República Democrática do Congo, forçados a se prostituir nas ruas de Moscou, privados dos pais pela Aids em Botsuana, mendigando comida no Rio de Janeiro".
Para compor o documento, o Unicef usou, no caso do Brasil, números do IBGE (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e de outros órgãos do governo dos últimos três anos.
A representante do Unicef no Brasil, Marie-Pierre Poirier, faz uma comparação para citar onde o índice chega a alarmantes 96%: "Podemos dizer que a pobreza brasileira tem a cara da criança do semi-árido nordestino".
Apesar de citar uma imagem negativa do Brasil na abertura do relatório, o órgão da ONU faz elogios ao programa brasileiro de Aids e ao Bolsa-Escola.
O Unicef divulgou uma classificação de 193 países com base no bem-estar de crianças e adolescentes. O critério é o índice de mortalidade infantil (morte antes dos cinco anos de idade). Quanto mais próximo dos primeiros lugares, pior a situação.
O Brasil aparece em 90º lugar, com 35 mortes em mil nascimentos. Em 2003, ocupou o 93º lugar, com 36 mortes por mil.
A tendência de queda é mundial: no início dos anos 60, uma em cada cinco crianças morria antes do cinco anos; hoje, há 1 morte por 12 nascimentos.
FOLHA DE SÃO PAULO
RICARDO WESTIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Pobreza, conflitos armados e Aids são, no início do século 21, as maiores ameaças às crianças e aos adolescentes no mundo, de acordo com o relatório anual do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), divulgado ontem. No Brasil, dos três problemas apontados, o que mais preocupa o órgão da ONU é a pobreza.
Segundo o relatório "Situação Mundial da Infância 2005", 45% das crianças e dos adolescentes do Brasil vivem abaixo da linha da pobreza. Isso significa que, de todos os 60,3 milhões de brasileiros com menos de 18 anos, 27,4 milhões vêm de famílias em que cada membro sobrevive com menos de R$ 4,33 por dia (menos de meio salário mínimo por mês).
Para ilustrar como "milhões estão perdendo a infância", o Unicef cita o Brasil logo no primeiro parágrafo de seu relatório: "Meninos e meninas revirando pilhas de lixo em busca de alimento em Manila, obrigados a carregar uma AK-47 pelas florestas da República Democrática do Congo, forçados a se prostituir nas ruas de Moscou, privados dos pais pela Aids em Botsuana, mendigando comida no Rio de Janeiro".
Para compor o documento, o Unicef usou, no caso do Brasil, números do IBGE (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e de outros órgãos do governo dos últimos três anos.
A representante do Unicef no Brasil, Marie-Pierre Poirier, faz uma comparação para citar onde o índice chega a alarmantes 96%: "Podemos dizer que a pobreza brasileira tem a cara da criança do semi-árido nordestino".
Apesar de citar uma imagem negativa do Brasil na abertura do relatório, o órgão da ONU faz elogios ao programa brasileiro de Aids e ao Bolsa-Escola.
O Unicef divulgou uma classificação de 193 países com base no bem-estar de crianças e adolescentes. O critério é o índice de mortalidade infantil (morte antes dos cinco anos de idade). Quanto mais próximo dos primeiros lugares, pior a situação.
O Brasil aparece em 90º lugar, com 35 mortes em mil nascimentos. Em 2003, ocupou o 93º lugar, com 36 mortes por mil.
A tendência de queda é mundial: no início dos anos 60, uma em cada cinco crianças morria antes do cinco anos; hoje, há 1 morte por 12 nascimentos.
FOLHA DE SÃO PAULO
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