12.28.2004

Frigorífico demitirá funcionários

Margen, segundo do país, não obtém crédito desde prisão de diretores

HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE

O Frigorífico Margen Ltda., que atua em oito Estados do Brasil, vai demitir hoje seus 10 mil funcionários, disse ontem o advogado da empresa Ney Moura Teles. "Todo mundo vai ser mandado embora com pagamento dos direitos trabalhistas", afirmou Teles.
No dia 1º deste mês, a PF (Polícia Federal) prendeu 11 pessoas acusadas de sonegação de impostos, formação de quadrilha, tráfico de influência, corrupção em órgãos públicos e lavagem de dinheiro (leia texto nesta página).
Entre os presos, estão oito diretores do Margen. O frigorífico seria usado no esquema da suposta quadrilha. O advogado nega.
Segundo Teles, desde as prisões, a empresa não consegue mais créditos para comprar gado e abater os animais, o que resulta em prejuízo diário de R$ 400 mil. A situação, ainda de acordo com o advogado, levou o grupo a tomar a decisão de demitir os funcionários.
Os diretores da empresa permanecem presos. No dia 17, a desembargadora Suzana Camargo, do TRF (Tribunal Regional Federal) da 3ª Região, em São Paulo, negou liminar (decisão provisória) que os colocaria em liberdade.
Teles atua como advogado do grupo no TRF e, por essa razão, foi ouvido pela reportagem.
Desde terça-feira passada, a Folha tenta entrevistar o gerente comercial do frigorífico, Wagner Cyrne Diniz, designado para prestar esclarecimentos sobre as dificuldades da empresa.
Em todas as ocasiões, a assessoria do Margen informou que Diniz estava ocupado com viagens ou reuniões. Os diretores substitutos também foram procurados pela reportagem, mas não responderam aos recados.
Até novembro, o Margen era o segundo do país em abate de bovinos. O líder desse mercado brasileiro é o grupo Friboi. Com abatedouros e unidades de distribuição em Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Acre, Rondônia, Tocantins, Paraná e São Paulo, o Margen abatia 8.000 cabeças de gado por dia e tinha faturamento anual de R$ 2,3 bilhões.

FOLHA DE SÃO PAULO