6.10.2004

Supermercado sorteia emprego como prêmio para seus clientes

Quem comprar mais de R$ 30 ganha cupom para concorrer à vaga
FABIANA REWALD
DO AGORA
Ao fazer compras de R$ 30 no supermercado Super José, em Sorocaba (a 100 km de São Paulo), o cliente ganha um cupom para concorrer a uma vaga na nova loja da rede. Lançada há cinco dias, a promoção já recebeu 10 mil inscrições e elevou as vendas em quase 10%.A idéia começou a surgir quando, há 15 dias, o dono da rede resolveu anunciar a abertura de 35 vagas de emprego para a nova filial de seu supermercado. Recebeu 2.000 currículos.Impressionado com a quantidade de candidatos e pressionado pela vizinhança, que concorria na seleção, Vitor Francisco da Silva, 33, teve uma idéia: preencheu as 35 vagas e abriu mais uma para sortear entre os seus clientes."Meus vizinhos começaram a perguntar por que eu não arrumava vaga para eles. Para não ter tanta concorrência, resolvi sortear uma vaga", conta o dono do supermercado.Entre os clientes, há os que estão confiantes na sorte, como Arlete Dias de Souza, 30, desempregada há seis anos, que gastou R$ 81 e preencheu dois cupons. "Achei a idéia boa. Toda oportunidade é bem-vinda." Mas há opiniões divergentes. "Acho que é puro marketing. Não tenho nenhum pingo de esperança", diz Francine da Silva, 24.ImoralPara Egberto Della Bella, delegado regional do Trabalho, ninguém pode vender uma vaga de emprego e o sorteio de vagas para clientes é imoral. "Você não pode fazer uma seleção a partir de alguém que comprou o produto." A punição pode variar. "Vai de uma multa de R$ 400 até o fechamento do supermercado, se houver reincidência.""Isso é caso de polícia", diz Luiz Marinho, presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores).

FSP, 10/06/2004