6.09.2004

Salários em queda limitam expansão da indústria, aponta IBGE

ANA PAULA GRABOIS
da Folha Online, no Rio
O mercado interno brasileiro ainda se ressente da massa salarial em queda. A Pesquisa Industrial Mensal do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de abril mostra um desempenho fraco da produção de bens de consumo semi e não-duráveis (alimentos, bebidas, roupas e calçados).A maior parte dos semi e não-duráveis é voltada para o consumo interno e é bastante sensível às condições de emprego e renda da população.Nos primeiros quatro meses deste ano, este grupo registrou a menor expansão entre os demais pesquisados quando se compara com o mesmo período do ano passado.Enquanto os bens de capital (máquinas e equipamentos) tiveram alta de 21,4% no primeiro quadrimestre, os semi e não-duráveis cresceram apenas 1,5%.Os bens intermediários tiveram alta de 4,7%. Os bens duráveis (eletrodomésticos, automóveis, celulares), estimulado pelas condições mais favoráveis de crédito ao consumidor, registraram crescimento de 21,1%."Há um sinal discreto de reação dos não-duráveis. É preciso aguardar mais um pouco", disse o coordenador da área de Indústria do IBGE, Silvio Sales. De março para abril, os semi e não-duráveis registraram leve alta de 0,2% --também a mais baixa em relação às demais."No mercado interno, há um comportamento claro de crescimento dos duráveis, como automóveis, eletrodomésticos e celulares. Isso guarda relação com a gradual redução dos juros e a melhoria no mercado de trabalho, com o aumento da ocupação e dos salários industriais", afirmou Sales. Na sua avaliação, entretanto, o efeito do aumento do número de pessoas trabalhando em abril não causou forte reação no consumo de semi e não-duráveis porque a massa salarial ainda está em baixa. Uma das razões é que as vagas criadas em abril foram associadas a salários baixos, de até um salário mínimo. A massa salarial é o total de salários pagos aos trabalhadores. O desemprego atingiu taxa recorde (13,1%), enquanto a renda média do trabalhador voltou a cair em abril.

FSP, 09/06/2004