6.01.2004

1,3 milhão trabalham no exterior

Carolina Quintella

Com as sucessivas crises econômicas que estimularam a emigração de mão-de-obra, nada menos do que 1,3 milhão de brasileiros que vivem no exterior remetem hoje recursos para ajudar parentes no Brasil a fechar as contas do mês. O número consta em estudo divulgado ontem pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento, na conferência As remessas como um instrumento de desenvolvimento no Brasil, num hotel da Zona Sul do Rio. Ao todo, são cerca de 2,5 milhões de brasileiros vivendo no exterior. Essa enorme força de trabalho, equivalente a pouco mais do que o total de desempregados nas seis principais regiões metropolitanas do país, é responsável por remessas anuais de US$ 5,4 bilhões ao Brasil.
É quase o dobro dos números calculados pelo Banco Central: US$ 2,9 bilhões, em 2003. A diferença, de acordo com o banco, se deve ao alto grau de informalidade nas remessas dos recursos. Os bancos brasileiros não atuam nesse nicho, com exceção do Banco do Brasil. Por falta de concorrência, o resultado é o alto preço da transferência do capital, o que estimula a informalidade das remessas, feitas por intermédio de amigos que viajam ou por lojas de brasileiros no exterior.
De acordo com o gerente do Fundo Multilateral de Investimentos do BID, Donald Terry, o custo do envio de dinheiro ao Brasil chega a 8,9% do montante, superior em 15% a 20%, em média, ao resto da América Latina. Terry pediu ao BC brasileiro que as transferências de até US$ 1 mil ocorram sem fechamento de contrato de câmbio, numa tentativa de baratear a operação.
O Brasil é o segundo no ranking de remessas na América Latina, perdendo só para o México (US$ 13,2 bilhões). O valor médio de cada operação é de US$ 428.

JORNAL DO BRASIL, 01/06/2004