5.26.2004

Desemprego vai a 10,7%, mas é o menor das regiões metropolitanas

Taxa tem aumento maior no Rio

DA SUCURSAL DO RIO
Por regiões, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) considera que apenas no Rio de Janeiro a taxa de desemprego teve variação estatisticamente significativa em abril. Passou de 9,2% em igual mês de 2003 para 10,7%.É, porém, a menor taxa entre as regiões metropolitanas pesquisadas, juntamente com Porto Alegre (10,7%).O aumento no Rio ocorreu principalmente porque a procura por trabalho cresceu numa velocidade maior do que a abertura de vagas. O número de desempregados subiu 20,7% ante abril de 2003 -ou 99 mil pessoas, das quais 80 mil eram mulheres. Já a ocupação teve alta de 2,2%. O Rio representa 25,7% do total de pessoas empregadas.Em São Paulo, que corresponde a 41,8% do total de ocupados, a taxa ficou em 14,5%, sem variação estatisticamente considerável ante abril de 2003 (14,3%). Na região, a desproporção entre a abertura de vagas e o aumento dos desempregados não foi tão grande -3,5%, contra 5,1%.No Rio, cresceu o número de trabalhadores por conta própria -8,1% sobre abril de 2003. Um exemplo desse contingente é o ambulante Antonio Silva de Jesus, 53, que há 30 anos é camelô. Ele vende cangas e toalhas na praia de Copacabana e nunca trabalhou com carteira assinada. Outra que vive de bicos é Jane Cristina Pereira, que há 20 anos cobra R$ 1 para preencher documentos com sua máquina de escrever no centro do Rio.

Mulheres e jovens são maioria

DA SUCURSAL DO RIO
Dos 2,812 milhões de pessoas sem emprego nas seis principais regiões metropolitanas do país em abril, 47% tinham menos de 24 anos de idade, 56,3% eram mulheres e 43,1% possuíam o nível médio completo, informa o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).Segundo o IBGE, 20% dos desempregados procuravam trabalho pela primeira vez em abril.Segundo Cimar Azeredo Pereira, gerente da Pesquisa Mensal de Emprego, esse retrato é, em geral, de integrantes secundários da família. São pessoas que, segundo ele, podem ficar eventualmente sem emprego e procuram trabalho por um período maior, por não serem chefes do domicílio.De acordo com o IBGE, apenas 26,3% das pessoas sem emprego em abril eram chefes de famílias. É que essas pessoas, diz Pereira, não podem ficar muito tempo sem trabalho e se ocupam com a primeira vaga que aparece.Segundo o IBGE, a maioria das pessoas que ingressaram no mercado em abril e conseguiram arrumar um trabalho tinha mais de 50 anos, baixa escolaridade (ensino fundamental incompleto) e ganhava até R$ 240. Essas pessoas, em sua maioria, empregaram-se no setor informal. Segundo Pereira, esse é o perfil de quem não pode ficar desempregado.Já os que entraram no mercado e não arrumaram uma colocação são mulheres ou estão na condição de filho no domicílio e têm o ensino médio completo.

Desemprego terá queda no 2º semestre, diz Berzoini
Para ministro, crescimento estimula busca de vagas e explica taxa recorde

JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro do Trabalho, Ricardo Berzoini, disse ontem que a recuperação da economia tem estimulado a volta de trabalhadores desalentados ao mercado de trabalho, o que eleva os índices de desemprego, apesar do aumento na geração de postos de trabalho.Na avaliação dele, haverá queda dos índices no segundo semestre. "O resultado reflete o estágio da economia quando ela ganha velocidade e se acelera. Isso aumenta a velocidade das pessoas que voltam ao mercado de trabalho."Para ele, no segundo semestre, o efeito do aumento de pessoas procurando emprego terá sido completamente absorvido, derrubando as taxas de desemprego."Nós temos a convicção de que haverá uma queda dos índices de desemprego no segundo semestre porque alcançaremos aquele patamar em que a população que tinha que entrar no mercado de trabalho já entrou. Isso será combinado à geração de empregos em um patamar elevado em razão da dinamização da economia", disse.Questionado sobre os dados do IBGE que indicam que o aumento da população procurando emprego é decorrente da queda na renda familiar, o ministro respondeu: "Essa é a informação que eu também tenho sustentado. Nós tivemos no ano passado compressão da massa salarial com a subida da inflação, fazendo com que mais pessoas da mesma família estejam buscando o mercado".Berzoini disse ainda que várias medidas adotadas pelo governo para incentivar setores da economia com grande capacidade de geração de vagas, como a construção civil, começarão a mostrar resultado a partir de agora.Isso porque vários contratos e licitações só estão sendo concluídos nos últimos dias e, a partir de então, as obras começarão. Além do estímulo do setor público, há "o desempenho da economia privada, que também tem melhorado, as exportações e alguns segmentos do mercado interno, como o setor automotivo".O presidente da CUT, Luiz Marinho, concordou com a interpretação do ministro."O desemprego é brutal. Achamos que o governo precisa adotar outras medidas como contratação emergencial, redução da jornada de trabalho e lançamento de frentes de trabalho nos grandes centros para responder na proporção desse problema, que é um drama para as famílias", afirmou.Ontem, ele e Berzoini estiveram na Comissão de Trabalho da Câmara para discutir a redução da jornada de trabalho. Para o ministro, o assunto deve ser tratado na discussão da reforma trabalhista. "Antonio Palocci [ministro da Fazenda] e Henrique Meirelles [presidente do Banco Central] se transformaram nos "cavaleiros do apocalipse", que só vieram trazer o caos social ao país", afirmou, em nota oficial, o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva.