1.24.2005

Só 39,5% dos trabalhadores têm carteira

DA SUCURSAL DO RIO

Ainda não há uma melhora clara nem mesmo uma inversão de tendência, mas a informalidade ao menos parou de crescer em 2004, segundo o IBGE.
Do total de pessoas empregadas em dezembro, 39,5% tinham carteira de trabalho assinada. É um pouco mais do que os 39,1% de dezembro de 2003. A marca, porém, está longe de voltar ao nível de dezembro de 2002 -41,4%.
Em dezembro, o contingente de trabalhadores com carteira subiu 4,2% ante igual mês de 2003.
Já o percentual de trabalhadores sem carteira, por sua vez, também registrou um ligeiro aumento em relação ao total. Passou de 16,2% em dezembro de 2003 para 16,5% no mesmo mês de 2004. Em 2002, no entanto, o índice era bem menor: 14,5%. Em dezembro, as contratações sem carteira aumentaram 5,5%.
Segundo Cimar Azeredo Pereira, do IBGE, os dados mostram que o emprego formal voltou a subir em 2004, graças a recuperação do nível de atividade econômica. Mas o aumento, afirma, ainda não foi suficiente para reduzir a informalidade aos patamares de antes da crise de 2003.
Um dado ressaltado pelo IBGE foi a queda da participação relativa dos empregados por conta própria. Tal contingente, que reúne especialmente camelôs e biscates, representava 20,5% do total em dezembro de 2003. Caiu para 19,8% em igual mês de 2004. Em 2002, o índice era de 19,5%.
Para o economista Claudio Dedecca, da Unicamp, os resultados de dezembro não podem ser interpretados como um recuo da informalidade. A informalidade se agravou "por vários anos sucessivos" e há uma grande massa de trabalhadores sem garantias legais que ainda precisam ser incorporados, diz ele. Isso só ocorrerá, afirma, com a expansão do rendimento e crescimento econômico. "É preciso uma expansão do PIB de ao menos 5,5% a 6% ao ano para que ocorra uma mudança estrutural. Como isso não vai acontecer em 2005, o problema da informalidade persistirá", avalia.
Segundo o IBGE, o número de mulheres desempregadas cresceu proporcionalmente e elas continuam sendo a maioria entre os desocupados -56,9% do total em dezembro de 2004. O percentual era menor em igual mês de 2003 (54,4%) e em 2002 (51,8%).
Os dados revelam ainda que 43,8% dos desempregados possuía ao menos o ensino médio completo em dezembro de 2004.