Volkswagen corta salário de empregado político
373 exercem cargo público na Alemanha e não trabalham na firma
Bertrand Benoit
Em Berlim
Volkswagen, a indústria alemã fabricante de automóveis, se rendeu à pressão pública nesta quinta-feira (13/01) ao declarar que deverá abolir sua política controvertida de continuar pagando salários aos seus empregados que deixam o emprego para entrarem na política em tempo integral.
A empresa, controlada pelo Estado alemão, revelou ter 373 representantes eleitos em sua folha de pagamento, incluindo quatro parlamentares e dois membros do Bundestag, a câmara inferior do parlamento federal, todos os seis políticos pertencentes ao Partido Social Democrata (SPD), do chanceler Schröder.
O anúncio surpreendente --que não era esperado antes do final do mês-- foi feito enquanto Bernd Pischetsrieder, atual presidente da empresa, buscava rebater as acusações de que a VW estaria financiando uma rede lobista no interior das câmaras parlamentares alemãs.
A Volkswagen é o mais recente grupo industrial que reage a uma série de escândalos que abalaram a confiança dos alemães em seus representantes políticos. Inicialmente hesitante, o SPD, líder da coalizão governamental, já prometeu uma revisão das regras que fiscalizam as atividades extra-curriculares dos parlamentares.
Numa declaração oficial, a VW afirmou que seu comitê executivo votaria na próxima terça (18), a revogação de uma medida interna válida desde 1990, segundo a qual os empregados que se tornam representantes eleitos recebem salários integrais da fábrica, independentemente de sua carga de trabalho.
"Essa medida dava aos parlamentares uma flexibilidade máxima para programarem seu trabalho", segundo a Volkswagen. "Essa flexibilidade . . . foi concebida para preservar a independência deles no exercício de seus mandatos".
No entanto, os críticos da medida alegavam que esses pagamentos não só comprometiam a independência dos representantes, mas também feriam regras parlamentares da região da Baixa Saxônia. Essas regras estabelecem que os políticos não deveriam receber qualquer pagamento, a não ser o devido pelo seu trabalho parlamentar.
"Parlamentares que voluntariamente negociam sua independência são tão culpados como as empresas que os remuneram", disse ao Financial Times Anke Martiny, ex-integrante do Bundestag e atualmente uma integrante do conselho da Transparência Internacional, organização internacional anticorrupção baseada em Berlim.
Uma fonte próxima à VW disse que os empregados da automobilística em busca de um mandato político agora teriam duas opções: ter seu pagamento suspenso ou receber parte de seus salários mediante a execução completa de uma determinada tarefa.
Tradução: Marcelo Godoy
FINANCIAL TIMES
Bertrand Benoit
Em Berlim
Volkswagen, a indústria alemã fabricante de automóveis, se rendeu à pressão pública nesta quinta-feira (13/01) ao declarar que deverá abolir sua política controvertida de continuar pagando salários aos seus empregados que deixam o emprego para entrarem na política em tempo integral.
A empresa, controlada pelo Estado alemão, revelou ter 373 representantes eleitos em sua folha de pagamento, incluindo quatro parlamentares e dois membros do Bundestag, a câmara inferior do parlamento federal, todos os seis políticos pertencentes ao Partido Social Democrata (SPD), do chanceler Schröder.
O anúncio surpreendente --que não era esperado antes do final do mês-- foi feito enquanto Bernd Pischetsrieder, atual presidente da empresa, buscava rebater as acusações de que a VW estaria financiando uma rede lobista no interior das câmaras parlamentares alemãs.
A Volkswagen é o mais recente grupo industrial que reage a uma série de escândalos que abalaram a confiança dos alemães em seus representantes políticos. Inicialmente hesitante, o SPD, líder da coalizão governamental, já prometeu uma revisão das regras que fiscalizam as atividades extra-curriculares dos parlamentares.
Numa declaração oficial, a VW afirmou que seu comitê executivo votaria na próxima terça (18), a revogação de uma medida interna válida desde 1990, segundo a qual os empregados que se tornam representantes eleitos recebem salários integrais da fábrica, independentemente de sua carga de trabalho.
"Essa medida dava aos parlamentares uma flexibilidade máxima para programarem seu trabalho", segundo a Volkswagen. "Essa flexibilidade . . . foi concebida para preservar a independência deles no exercício de seus mandatos".
No entanto, os críticos da medida alegavam que esses pagamentos não só comprometiam a independência dos representantes, mas também feriam regras parlamentares da região da Baixa Saxônia. Essas regras estabelecem que os políticos não deveriam receber qualquer pagamento, a não ser o devido pelo seu trabalho parlamentar.
"Parlamentares que voluntariamente negociam sua independência são tão culpados como as empresas que os remuneram", disse ao Financial Times Anke Martiny, ex-integrante do Bundestag e atualmente uma integrante do conselho da Transparência Internacional, organização internacional anticorrupção baseada em Berlim.
Uma fonte próxima à VW disse que os empregados da automobilística em busca de um mandato político agora teriam duas opções: ter seu pagamento suspenso ou receber parte de seus salários mediante a execução completa de uma determinada tarefa.
Tradução: Marcelo Godoy
FINANCIAL TIMES
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