Jovem chega ao mercado sem completar estudo
RAFAEL CARIELLO
DA SUCURSAL DO RIO
A geração que chega agora ao mercado de trabalho, embora tenha freqüentado mais a escola que seus antecessores, tem poucos anos de estudo completos e "está aquém das crescentes exigências de qualificação de grande parte dos postos de trabalho", diz o economista João Saboia, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
Ele foi o coordenador do estudo "Os Jovens no Mercado de Trabalho no Brasil", realizado pelo Instituto de Economia da universidade em parceria com a empresa de recursos humanos Gelre.
Usando dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), do IBGE, o relatório mostra que a escolarização entre jovens de 15 a 24 anos aumentou entre 1993 e 2003 no Brasil, mas a média de anos de estudo completos ainda é baixa.
Embora tenha crescido de 61,9% para 82,4% a proporção de adolescentes de 15 a 17 anos na escola e de 18,3% para 26,8% a fatia de jovens entre 20 e 24 anos estudando, o número médio de anos de estudo completos para essa faixa dos 20 e poucos anos, no Brasil, ainda era de 8,5 anos em 2003. Ou seja, minimamente acima dos 8 anos requeridos para completar apenas o nível fundamental -terminar a oitava série. "A defasagem ou atraso escolar é um traço marcante do sistema educacional brasileiro", diz o estudo.
Defasagem
Além disso, o trabalho mostra que a defasagem é muito maior entre pardos e pretos. Embora a diferença nas taxas de escolarização para os brancos seja pequena -85,6% de brancos na escola entre 15 e 17 anos, contra 79,2% de pardos e pretos-, na faixa de 15 a 17 anos a maior parte desses jovens ainda está no primário (58,8%, contra 40,6% no ensino médio).
Entre os brancos da mesma faixa etária, 64,7% cursavam alguma série do ensino médio, contra 34% ainda no ensino fundamental. Entre 20 e 24 anos, há 29% de pretos e pardos ainda cursando o ensino fundamental e outros 42,9% no ensino médio.
Apenas 21,6% freqüentavam a universidade. Entre os brancos na escola desse grupo de idade, 61,4% faziam curso superior; 23,1%, o ensino médio; e apenas 10,1% o nível fundamental.
Entre as causas apontadas para a grande defasagem, diz o estudo, está "o fato de que muitos brasileiros dividem seu tempo entre a escola e o trabalho, o que dificultaria uma maior dedicação aos estudos e, por conseguinte, favoreceria o atraso escolar".
Renda influencia
Para os que estudam e trabalham, o tipo de ocupação também contribui para prejudicar o rendimento escolar. Para quase 40% dos jovens de 15 a 24 anos ocupados em 2003, a renda média mensal não passava de um salário mínimo, e quase 70% deles trabalhavam mais de 40 horas semanais.
A renda da família, obviamente, influencia em maior ou menor grau a possibilidade de dedicação integral aos estudos. Na faixa de 15 a 17 anos, entre os jovens que vivem em famílias que têm renda per capita de até meio salário mínimo, 55,7% só estudam (não trabalham) e 9,2% só trabalham. Na mesma faixa etária, entre os que têm renda per capita acima de dois mínimos, 79,1% só estudam e apenas 2% só trabalham.
A taxa de atividade (jovens que trabalham) entre os que têm de 20 a 24 anos permaneceu constante no período (73% em 1993 e 73,2% em 2003), mas caiu entre os adolescentes de 15 a 17 anos (53,3% antes e 39,4% dez anos depois).
DA SUCURSAL DO RIO
A geração que chega agora ao mercado de trabalho, embora tenha freqüentado mais a escola que seus antecessores, tem poucos anos de estudo completos e "está aquém das crescentes exigências de qualificação de grande parte dos postos de trabalho", diz o economista João Saboia, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
Ele foi o coordenador do estudo "Os Jovens no Mercado de Trabalho no Brasil", realizado pelo Instituto de Economia da universidade em parceria com a empresa de recursos humanos Gelre.
Usando dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), do IBGE, o relatório mostra que a escolarização entre jovens de 15 a 24 anos aumentou entre 1993 e 2003 no Brasil, mas a média de anos de estudo completos ainda é baixa.
Embora tenha crescido de 61,9% para 82,4% a proporção de adolescentes de 15 a 17 anos na escola e de 18,3% para 26,8% a fatia de jovens entre 20 e 24 anos estudando, o número médio de anos de estudo completos para essa faixa dos 20 e poucos anos, no Brasil, ainda era de 8,5 anos em 2003. Ou seja, minimamente acima dos 8 anos requeridos para completar apenas o nível fundamental -terminar a oitava série. "A defasagem ou atraso escolar é um traço marcante do sistema educacional brasileiro", diz o estudo.
Defasagem
Além disso, o trabalho mostra que a defasagem é muito maior entre pardos e pretos. Embora a diferença nas taxas de escolarização para os brancos seja pequena -85,6% de brancos na escola entre 15 e 17 anos, contra 79,2% de pardos e pretos-, na faixa de 15 a 17 anos a maior parte desses jovens ainda está no primário (58,8%, contra 40,6% no ensino médio).
Entre os brancos da mesma faixa etária, 64,7% cursavam alguma série do ensino médio, contra 34% ainda no ensino fundamental. Entre 20 e 24 anos, há 29% de pretos e pardos ainda cursando o ensino fundamental e outros 42,9% no ensino médio.
Apenas 21,6% freqüentavam a universidade. Entre os brancos na escola desse grupo de idade, 61,4% faziam curso superior; 23,1%, o ensino médio; e apenas 10,1% o nível fundamental.
Entre as causas apontadas para a grande defasagem, diz o estudo, está "o fato de que muitos brasileiros dividem seu tempo entre a escola e o trabalho, o que dificultaria uma maior dedicação aos estudos e, por conseguinte, favoreceria o atraso escolar".
Renda influencia
Para os que estudam e trabalham, o tipo de ocupação também contribui para prejudicar o rendimento escolar. Para quase 40% dos jovens de 15 a 24 anos ocupados em 2003, a renda média mensal não passava de um salário mínimo, e quase 70% deles trabalhavam mais de 40 horas semanais.
A renda da família, obviamente, influencia em maior ou menor grau a possibilidade de dedicação integral aos estudos. Na faixa de 15 a 17 anos, entre os jovens que vivem em famílias que têm renda per capita de até meio salário mínimo, 55,7% só estudam (não trabalham) e 9,2% só trabalham. Na mesma faixa etária, entre os que têm renda per capita acima de dois mínimos, 79,1% só estudam e apenas 2% só trabalham.
A taxa de atividade (jovens que trabalham) entre os que têm de 20 a 24 anos permaneceu constante no período (73% em 1993 e 73,2% em 2003), mas caiu entre os adolescentes de 15 a 17 anos (53,3% antes e 39,4% dez anos depois).
FOLHA DE SAO PAULO
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