10.25.2004

Estados vitais na eleição têm desemprego alto

Cox News Service

Economia deve ser fator pró-Kerry nas eleições de 2 de novembro

Marilyn Geewax
Em Washington

As últimas estatísticas sobre o desemprego a serem reveladas antes das eleições de 2 de novembro poderão dar ao candidato presidencial John Kerry novo motivo para otimismo.Na última sexta-feira (22/10), o Departamento do Trabalho divulgou números do desemprego relativos a setembro, e estes revelaram que a situação é ruim na maioria dos Estados nos quais o resultado da corrida presidencial é tido como imprevisível.
O resultado é particularmente incerto em oito Estados: Flórida, Pensilvânia, Ohio, Wisconsin, Michigan, Minnesota, New Hampshire e Novo México.Embora vários desses Estados tenham registrado pequenos aumentos no índice de emprego no ano passado, em seis deles houve redução de empregos desde a posse de Bush. Em todos eles, a taxa de redução de empregos no setor industrial desde 2001 foi de dois dígitos. Os empregos desse setor são aqueles que geralmente proporcionam melhores salários e benefícios ao trabalhador.
O sombrio cenário empregatício, especialmente para os trabalhadores do setor industrial, poderá ter um impacto na disputa entre Bush e Kerry pelos 114 votos desses Estados no Colégio Eleitoral. Para se eleger, um candidato precisa obter pelo menos 270 votos no Colégio Eleitoral. Nos seus discursos na campanha política, Bush cita freqüentemente os empregos criados em todo o país no ano passado.
"Nós acrescentamos 1,9 milhão de novos empregos à economia nos últimos três meses", disse o presidente em um discurso de campanha na última sexta-feira em Wilkes-Barre, Pensilvânia. "Em setembro de 2004 foram criados 4.600 empregos no Estado da Pensilvânia".
Kerry, por sua vez, lembra às suas platéias que houve uma redução líquida do número de empregos durante o mandato de Bush, observando que 2,65 milhões de postos de trabalho desapareceram entre dezembro de 2000 e setembro de 2003."George Bush é o primeiro presidente em 72 anos sob cujo mandato houve redução de empregos", disse Kerry na sexta-feira passada em um comício em Madison, Wisconsin. "De fato, somente aqui, em Wisconsin, 7.000 empregos desapareceram no mês passado. E quando adicionamos esses números a outros dados, observamos que este Estado não teve o acréscimo de um único emprego nos últimos quatro anos". É fundamental saber se o que determina mais a atitude do eleitor é a perda geral de empregos ou a melhora do mercado empregatício no ano passado.
"A maioria dos trabalhadores olha primeiro para aquilo que vê à sua volta... e isso dá a eles uma indicação a respeito da situação da economia", afirma Michael Ettlinger, economista do Instituto de Política Econômica, um grupo de pesquisas de esquerda que analisa estatísticas e dados estaduais.Nathaniel Persily, um professor da Universidade da Pensilvânia que é especialista em legislação eleitoral, diz que estudos revelam que o que determina o candidato escolhido pelos eleitores não é o fato de terem perdido ou não seus empregos, mas sim os rumos seguidos pela economia. Mas Persily concorda com Ettlinger ao dizer que muita gente baseia as suas impressões a respeito da direção seguida pela economia na situação constatada em seus próprios Estados.Se uma economia debilitada significa que as pessoas votam pela mudança, então Kerry tem boas chances em Ohio, onde gigantescas usinas siderúrgicas e outras indústrias antigas estão de portas fechadas.

Radiografia dos Estados
Desde o início da campanha, a estratégia de Kerry tem sido eliminar um dos grandes Estados nos quais Bush teve êxito na sua vitória apertada de novembro de 2000 --Flórida ou Ohio-- e se agarrar àqueles nos quais o democrata Al Gore venceu.
Quando Bush venceu em Ohio, a economia do Estado ia bem, apesar dos bolsões de depressão do mercado de trabalho. Em março de 2001, pouco após Bush assumir a presidência, o índice de desemprego em Ohio era de 3,6%, o mais baixo desde 1978.
Mas, desde então, Ohio perdeu mais de 174 mil empregos no setor industrial e o índice de desemprego no Estado saltou para 6%, um número consideravelmente pior do que o índice nacional de 5,4%.
Os trabalhadores industriais da Pensilvânia também foram duramente atingidos. As indústrias do Estado eliminaram mais de 163 mil empregos desde a posse de Bush. Essas perdas estão anulando a vantagem usufruída por Bush devido ao conservadorismo predominante nesses Estados. Em Ohio, a legislatura votou recentemente pela proibição do casamento gay e pela permissão do porte de armas. Na Pensilvânia, conservadores de linha dura têm promovido uma aguerrida campanha antiimpostos, antigay e pró-religião."Com base nas idéias que defende, Bush deveria estar vencendo em Ohio sem nenhum problema, mas o desemprego está fazendo com que Kerry tenha uma chance no Estado", diz Persily.
Na região dos Grandes Lagos, que, segundo muitos especialistas, decidirá a eleição, os golpes sofridos pela base industrial foram pesados. Em Michigan, as fábricas demitiram mais de 147 mil trabalhadores durante o mandato de Bush, contribuindo para que o índice de desemprego subisse para 6,8%, um dos mais altos do país.
O Estado de Wisconsin é freqüentemente associado a vacas leiteiras e queijos. Mas as fazendas não se constituem em uma força econômica tão importante quanto as fábricas de autopeças, ferramentas e motocicletas, e o setor industrial eliminou 68 mil empregos, o que reforça o apelo de Kerry, especialmente na área de Milwaukee, que foi duramente atingida. Outras cidades, como La Crosse, Eau Claire e Madison, têm mantido o equilíbrio do mercado de trabalho com a criação de empregos no setor de serviços e de alta tecnologia. Em média, o índice de desemprego no Estado é de 5%, um número abaixo da média nacional. Minnesota também possui uma economia mista. As indústrias do Estado demitiram 44.400 trabalhadores, mas o setor de serviços profissionais e empresariais está em crescimento. O aumento de vagas nos escritórios fez com que o índice de desemprego caísse para 4,6%.New Hampshire é um Estado pequeno e de alta renda, com um invejável índice de desemprego de 3,7%. Mas as demissões no setor industrial foram severas. Desde que Bush assumiu, foram demitidos 25.400 trabalhadores nas indústrias locais --o que representa um em cada quatro trabalhadores.
Um outro Estado pequeno, o Novo México, perdeu 7.000 empregos no setor industrial. Mas, no cômputo geral, o Estado saiu ganhando. Desde janeiro de 2001, foram acrescentados ao mercado de trabalho estadual quase 42 mil empregos. É difícil avaliar a economia da Flórida no calor da batalha eleitoral. O índice de desemprego em setembro foi de apenas 4,5%, com a criação de 290 mil novos empregos. Mas, devido ao fato de quatro furacões terem atingido recentemente o Estado, em um período de apenas 44 dias, a Flórida luta para absorver um prejuízo estimado de US$ 22 bilhões em danos a residências, negócios, atrações turísticas e plantações de laranja. No curto prazo, os furacões fizerem com que disparassem as vendas de compensados, ferramentas e outros equipamentos. Os salários dos trabalhadores da construção civil e das equipes de manutenção da rede de serviços públicos aumentaram.Mas os economistas ainda não determinaram o impacto de longo prazo sobre o mercado de imóveis, a agricultura, o turismo e a indústria de simpósios e convenções.

Tradução: Danilo Fonseca