Múltis usam país como base exportadora
Empresas elegem o Brasil como centro de fabricação de produtos vendidos para o mundo todo; itens vão de turbinas a sabonetes
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
As multinacionais estão transformando o Brasil em plataforma de exportação. Gigantes como as alemãs Mercedes-Benz, Continental, Voith, Siemens e Basf, a anglo-holandesa Unilever, as americanas Ford e Motorola e a dinamarquesa Novo Nordisk elegeram suas unidades locais como centros de produção de alguns itens dos seus portfólios para exportá-los para o resto do mundo.
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
As multinacionais estão transformando o Brasil em plataforma de exportação. Gigantes como as alemãs Mercedes-Benz, Continental, Voith, Siemens e Basf, a anglo-holandesa Unilever, as americanas Ford e Motorola e a dinamarquesa Novo Nordisk elegeram suas unidades locais como centros de produção de alguns itens dos seus portfólios para exportá-los para o resto do mundo.
Essas companhias embarcam nos portos e aeroportos brasileiros desde gigantescas turbinas, geradores para hidrelétricas e veículos até medicamentos, insumos químicos, celulares, centrais telefônicas e sabonetes.
Esse movimento, que vem crescendo desde 1999 com a mudança da política cambial, ajuda a robustecer a balança comercial do país e desenvolve competência e tecnologia locais. Das 40 maiores exportadoras, responsáveis por 41% das vendas externas brasileiras, 22 são transnacionais. De janeiro a agosto, despacharam para o resto do mundo mercadorias no valor de mais de US$ 12 bilhões, segundo os dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior).No entanto, o país está longe do que ocorre na China e na Índia, onde os governos têm políticas para atrair investimentos em novas fábricas voltadas para exportação. "No Brasil, há um processo passivo, mais ligado à estratégia das empresas do que a políticas do governo", diz Antonio Corrêa de Lacerda, presidente da Sobeet (Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica).
Foi na esteira de uma união estratégica -a joint venture entre a Voith e a Siemens- para fabricar turbinas e geradores para hidrelétricas que o Brasil virou centro de excelência mundial nesses produtos, em 2000. "Naquele ano foram criadas Voith Siemens Hydro em 13 países, sendo a do Brasil a maior e a mais importante", diz Julio Fenner, presidente no país."Todos os geradores vendidos pelo grupo no mundo saem do Brasil", afirma. A empresa é a maior fabricante de turbinas para hidrogeração de energia do grupo e foi uma das fornecedoras da maior hidrelétrica do mundo, a de Três Gargantas, na China.
As plataformas de exportação começaram a surgir pelo mundo afora no início dos anos 90, quando as multinacionais passaram a definir centros de competência, por grupos de produtos, com a alocação em diferentes pontos do planeta. O objetivo era atingir mercados regionais ou explorar competências locais como parte de sua estratégia global e racionalização da produção.
Mas, na época, o Brasil ficou fora desse processo devido à inflação, ao câmbio fixo e à instabilidade econômica. Foi para os países da Ásia que as múltis voltaram seus olhos, atraídas pela política cambial e principalmente pelo tamanho dos mercados potenciais.Um projeto de plataforma de exportação somente se viabiliza com produção em larga escala. E, para isso, é fundamental que o país escolhido tenha um grande mercado para dar sustentação ao investimento e reduzir o custo unitário de produção.
FOLHA DE SÃO PAULO
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