Indústria eleva hora extra e gera pouca vaga
Em agosto, mais da metade dos trabalhadores do setor estendeu a jornada; desemprego em SP é o menor do governo Lula
DO "AGORA"
O ministro do Trabalho, Ricardo Berzoini, disse ontem que pode limitar a utilização de horas extras por empresas se isso atrapalhar a criação de empregos.
MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Em agosto, 50,6% dos trabalhadores assalariados na indústria da região metropolitana de São Paulo fizeram hora extra, ante 40,5% em julho. É o maior percentual desde fevereiro de 2003, mostra a Pesquisa de Emprego e Desemprego, divulgada ontem pela Fundação Seade e pelo Dieese.No mesmo período, a indústria gerou apenas 4.000 vagas, ou seja, um crescimento de 0,3%. O que, segundo especialistas, sugere que, em vez de contratar, as empresas intensificaram as horas extras (jornada acima de 44 horas por semana) para se ajustar ao aquecimento da economia. Em julho, a indústria não gerou vagas."
DA REPORTAGEM LOCAL
Em agosto, 50,6% dos trabalhadores assalariados na indústria da região metropolitana de São Paulo fizeram hora extra, ante 40,5% em julho. É o maior percentual desde fevereiro de 2003, mostra a Pesquisa de Emprego e Desemprego, divulgada ontem pela Fundação Seade e pelo Dieese.No mesmo período, a indústria gerou apenas 4.000 vagas, ou seja, um crescimento de 0,3%. O que, segundo especialistas, sugere que, em vez de contratar, as empresas intensificaram as horas extras (jornada acima de 44 horas por semana) para se ajustar ao aquecimento da economia. Em julho, a indústria não gerou vagas."
No momento em que não está muito claro se a recuperação vai se manter, você ajusta a princípio a produção com horas extras. As empresas fazem isso sempre que podem", diz Anselmo Luis dos Santos, economista e pesquisador do Cesit (Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho), da Unicamp.O movimento também ocorreu no comércio, setor que eliminou 22 mil ocupações: o percentual de trabalhadores que fizeram hora extra passou de 55,1% em julho para 60,8% no mês passado. Em serviços, que foi o setor que mais gerou vagas, houve apenas uma variação, de 35,1% para 35,8%.
A taxa de desemprego, segundo a pesquisa Seade/Dieese, recuou de 18,5% para 18,3% no mês passado. É o menor índice de desemprego do governo Lula.A redução no contingente de desempregados, no entanto, foi de apenas 9.000 pessoas no mês passado: apesar dos 68 mil postos de trabalho gerados em agosto, 59 mil pessoas passaram a procurar emprego, ou seja, entraram na PEA (População Economicamente Ativa), que é a soma de todos os que estão no mercado de trabalho, empregados ou não."Existe um certo otimismo que induziu as pessoas a procurar emprego", explica Clemente Ganz Lúcio, diretor técnico do Dieese. "Essa quantidade [9.000 a menos] é interior às registradas em meses anteriores", diz.
O número de ocupados cresceu principalmente em serviços (53 mil vagas geradas) e outros setores (33 mil postos de trabalho), categoria no qual se destacaram os serviços domésticos.
O assalariado com carteira de trabalho teve queda de 0,2% em julho sobre junho, e o sem carteira, de 1,3%. O de autônomos subiu 3,2%. A estimativa é que o total de desempregados na Grande São Paulo seja de 1,845 milhão.Após dois meses consecutivos de alta, a renda média do trabalhador recuou em julho na comparação com junho: passou de R$ 1.012 para R$ 1.008.
"A baixa qualidade do emprego que está sendo criado pode ter causado essa queda", diz o diretor adjunto de Produção e Análise de Dados da Fundação Seade, Sinésio Pires Ferreira.
Isso pode ser notado, diz ele, porque, apesar de a renda média por trabalhador ter caído, a massa salarial ficou praticamente estável: ou seja, mais pessoas foram contratadas por salários menores. Segundo Ganz, a expectativa é que neste mês aconteça uma redução mais acentuada no desemprego: "Especialmente a partir do quatro trimestre a taxa deve cair".
FOLHA DE SÃO PAULO
FOLHA DE SÃO PAULO
Berzoini diz que hora extra pode ser limitada
DO "AGORA"
O ministro do Trabalho, Ricardo Berzoini, disse ontem que pode limitar a utilização de horas extras por empresas se isso atrapalhar a criação de empregos.
Uma pesquisa divulgada anteontem pelo Fundação Seade e pelo Dieese mostrou que a proporção de trabalhadores que fazem hora extra subiu de 40,2% em julho para 43,7% em agosto na região metropolitana de São Paulo.
O mesmo levantamento apontou que 50,6% dos trabalhadores assalariados na indústria da região metropolitana de São Paulo fizeram hora extra, ante 40,5% em julho. Isso significou o maior percentual desde o início do ano passado.No mesmo período, a indústria gerou apenas 4.000 vagas -um crescimento de apenas 0,3% em agosto sobre julho. Isso pode significar que, num primeiro momento de retomada econômica, as empresas podem estar intensificando as horas extras (jornada acima de 44 horas por semana) dos empregados, ao invés de abrir novos postos de trabalho.Em julho, por exemplo, não houve ampliação de quadro de funcionários da indústria paulista.
Dados da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) indicam que a atividade industrial paulista cresceu 10,4% em agosto sobre igual mês do ano passado e 1,8% na comparação com julho.Segundo Berzoini, hoje já existe um limite máximo de extensão da jornada de duas horas por dia ou o que estabelecer o acordo coletivo de determinadas categorias, que pode ser reduzido até a metade. "Se virmos que é uma tendência generalizada de utilizar horas extras ao invés de contratar, vamos propor uma medida legislativa que tenha o sentido de restringir e reduzir a utilização desse recurso", disse Berzoini.
Os empresários ainda não começaram a contratar pela falta de confiança, na opinião do ministro. Para ele, ainda há a idéia de que o crescimento do país não é sustentado.Berzoini firmou ontem um convênio com a Nestlé e com a GRSA no programa Primeiro Emprego (estímulo à contratação de jovens).
As duas empresas se comprometeram a criar 600 vagas de estágio a cada seis meses para resultarem, até 2006, em ao menos 2.000 efetivações.
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