Sob Bush, mais 1,3 milhão fica pobre
Número de pobres cresce pelo terceiro ano seguido, chega a 35,9 milhões e vira munição de campanha para Kerry
FERNANDO CANZIAN
ENVIADO ESPECIAL A NOVA YORK
Cerca de 1,3 milhão de americanos passaram a viver abaixo da linha de pobreza em 2003, o que elevou para 35,9 milhões o total de pessoas consideradas pobres nos EUA. Segundo dados do Censo divulgados ontem, há cerca de três vezes mais negros e hispânicos pobres do que "brancos não-hispânicos" vivendo no país.Previsto para setembro, o relatório do Censo com a má notícia foi antecipado -antes da fase mais quente do período eleitoral e no meio da principal temporada de férias dos norte-americanos.
O candidato democrata John Kerry, no entanto, aproveitou a ocasião para reforçar suas críticas à política econômica de seu adversário em 2 de novembro, o republicano George W. Bush.
Apesar da recuperação econômica em curso, o percentual médio da população vivendo abaixo da linha de pobreza subiu pelo terceiro ano consecutivo, para 12,5% (o maior índice desde 1998), ante os 12,1% de 2002. É considerado pobre nos EUA o indivíduo que tem uma renda anual de U$ 9.573 (R$ 28.700) ou menos. Para famílias de quatro pessoas, sendo duas crianças, a cifra é U$ 18,660 (R$ 55.900). Segundo o Censo, uma família gasta por ano cerca de um terço desse valor apenas em alimentação.
No Brasil, segundo o Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas, está na miséria quem tem renda igual ou inferior ao equivalente a US$ 325 por ano, e está na pobreza quem tem renda igual ou inferior a US$ 488 anuais.
O Censo revelou que um terço dos que vivem na pobreza nos EUA são crianças e que a renda do país ficou praticamente estagnada nos dois últimos anos. Houve também um aumento de 1,4 milhão, para um total de 45 milhões, no número de pessoas sem seguro de saúde no país.
"Esse dados só confirmam o fracasso das políticas do presidente Bush", afirmou Kerry.O democrata vem criticando há meses a política de corte de impostos de Bush, imposta a partir de 2001 e que beneficiou principalmente as famílias mais ricas.
O secretário de Comércio do governo, Don Evans, disse que os EUA estão em uma fase de recuperação. "A primeira coisa que deve ser lembrada é que historicamente o número de pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza tem acompanhado o emprego", disse Evans. "Em junho de 2003, a taxa de desemprego era de 6,3%. Agora, está em 5,5%."Desde que Bush assumiu, em 2000, os EUA perderam cerca de 1,1 milhão de empregos e vêm tentando se recuperar de um período recessivo registrado em 2001. A taxa de pobreza no país em 2000 era de 11,3%, ante os 12,5% atuais. O índice de crianças pobres subiu de 16,7% em 2002 para 17,6% em 2003 -totalizando 12,9 milhões.
FSP, 27/08/2004
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