8.27.2004

Desemprego cai pelo 3º mês consecutivo

Criação de vagas em julho supera aumento no total de pessoas aptas a trabalhar; total de desocupados diminui

GABRIELA WOLTHERS
DA SUCURSAL DO RIO
A taxa de desemprego de julho voltou ao patamar do primeiro mês do governo Lula -11,2%, uma queda de -0,5 ponto percentual em relação a junho e de -1,6 ponto percentual em relação a julho de 2003. De acordo com os dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), é a terceira queda consecutiva da taxa.Se o patamar do desemprego é igual a janeiro de 2003, o cenário econômico é bem diferente. Além de se referirem a meses diferentes -janeiro é um mês cujo desemprego tende a aumentar devido às demissões de trabalhadores temporários contratados na época de Natal-, a taxa no início do governo estava num ritmo crescente, chegando a ultrapassar a barreira dos 13% em junho de 2003.
Agora, além do desemprego em queda, a população desocupada também diminuiu pelo terceiro mês consecutivo. Houve ainda a criação de novas vagas. Enquanto a População em Idade Ativa (PIA), ou seja, apta a trabalhar, aumentou 2,1% em julho em comparação com o mesmo mês do ano passado, o crescimento do número de pessoas ocupadas foi ainda maior -4,3%.
"Voltamos a uma situação que prevalecia no final do governo FHC, antes de a crise econômica ter sido deflagrada com mais intensidade", disse Lauro Ramos, coordenador de Estudos de Mercado de Trabalho do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), órgão do Ministério do Planejamento.
"A taxa de desemprego, de dois dígitos, ainda está num nível muito alto, mas, pelo menos, estamos numa situação mais parecida com 2002, e não mais com 2003." Ressaltando que ainda se trata de uma hipótese, Ramos não descarta a possibilidade de a taxa de desemprego terminar o ano "beirando um dígito".
Em julho, havia 2,41 milhões de pessoas desocupadas nas seis regiões metropolitanas pesquisadas pelo IBGE. Houve queda de 4,1% em relação a junho.Apesar de não fazer projeções, o gerente da pesquisa do IBGE, Cimar Azeredo Pereira, também considera o clima econômico positivo. Para ele, ao contrário do ano passado, quando a taxa de desemprego começou a desacelerar somente em novembro, o mercado de trabalho está reagindo mais cedo. "Houve antecipação das contratações típicas do meio do segundo semestre, quando aumentam os pedidos de encomendas na indústria para o fim do ano", declara.
Segundo o IBGE, 25,6% dos desempregados são chefes de família, e 42,6% estão procurando emprego de 31 dias a seis meses.
FSP, 27/08/2004