Trabalho informal ocupa 34,1% da mão-de-obra, segundo o IBGE
DA SUCURSAL DO RIO
O novo estudo do IBGE mostra que, das pessoas ocupadas em 2002, 34,1% eram trabalhadores por conta própria cujo rendimento médio familiar era inferior a meio salário mínimo (R$ 200, na época). São, em sua maioria, camelôs e pessoas que sobrevivem de biscates, de bicos.Ao pesquisar a situação do mercado de trabalho em 2002, o IBGE confirmou também situações já detectadas por outros levantamentos. Mulheres e negros ganham, em média, menos do que homens brancos.O preço da hora de trabalho de uma mulher chega, em média, a custar 14,3% a menos do que aquela paga a um homem.A "Síntese dos Indicadores Sociais" também mostra que os ganhos a mais na escolaridade da mulher ainda não resultaram em igualdade no mercado de trabalho. Na população que não completou quatro anos de estudo (ou seja, não foi além da quarta série do ensino fundamental), as mulheres ganham 19% a menos do que os homens por hora trabalhada. Nesse grupo populacional, o rendimento médio dos homens é de R$ 2,10 por hora, enquanto as mulheres têm média de R$ 1,70.Entre homens e mulheres que já completaram 12 anos de estudo ou mais (ou seja, que ao menos completaram o ensino médio e ingressaram no ensino superior), o rendimento médio por hora trabalhada dos homens é de R$ 14,50, enquanto as mulheres recebem R$ 9,10 pela mesma hora. Quanto maior a escolaridade, maior a defasagem salarial.Os dados do IBGE confirmam que há um preconceito no mercado de trabalho, mas essa não é a única explicação para a diferença de rendimento. Como o IBGE não compara homens e mulheres da mesma profissão, a carreira escolhida acaba influenciando o rendimento médio. No Brasil, mulheres são, por exemplo, maioria entre os professores, categoria que, mesmo tendo o mesmo número de anos de estudo, recebe, em média, salários mais baixos do que médicos ou advogados.CriançasEm 2002, 263 mil crianças e adolescentes de 10 a 17 anos trabalhavam nas ruas no Brasil. Eles representavam 5,1% do total de 5,2 milhões de brasileiros dessa faixa etária que estavam ocupados. O trabalho infantil ou adolescente é uma realidade para 16,5% das famílias brasileiras com crianças ou adolescentes.O local mais comum que se verifica o trabalho infantil ou juvenil é, nas cidades, em lojas, fábricas e oficinas (35,2% do total) ou, no campo, em fazendas, sítios e granjas (34,5% do segmento).O trabalho nas ruas é mais freqüente nas regiões metropolitanas. A maior porcentagem foi encontrada na região metropolitana de Salvador, onde 22,9% das crianças e adolescentes trabalhavam em vias públicas.Outra característica do mercado de trabalho analisada pelo IBGE foi o perfil da ocupação dos jovens. Os dados mostram que mais da metade (63,1%) dos brasileiros que têm de 20 a 24 anos trabalham, sendo que 47,9% apenas trabalham, enquanto outros 15,2% conciliam trabalho e estudo. A porcentagem dos que somente estudam é de 11,6%.
FSP, 14/04/2004
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