4.30.2004

Equipe econômica venceu de novo, diz CUT

Luiz Marinho critica novo valor do mínimo; para Paulinho (Força), "dinheiro é de pinga", e aposentados apontam "traição"

DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
As duas principais centrais sindicais do país, a CUT e a Força Sindical, criticaram o valor fixado para o mínimo. Aposentados das principais entidades informaram que se sentiram "traídos" pelo governo com o aumento anunciado para o salário -que passa a valer R$ 260- e ameaçam uma onda de protestos a partir de amanhã.O presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Luiz Marinho, disse que "a equipe econômica venceu mais uma vez". Marinho, que comentou o reajuste antes de entrar para uma reunião com o ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda), disse que o governo deveria pelo menos ter elevado o valor para R$ 270."Se cabiam R$ 270 no Orçamento, eu acho que o presidente Lula perdeu a oportunidade de fazer um reajuste no valor máximo e distribuir renda", disse.O presidente da CUT lembrou que a central reivindicava um mínimo de R$ 300. Segundo o sindicalista, o mínimo não pode ser complementado pelo salário-família . "Tem que ser um indicativo de distribuição de renda."O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, José Lopez Feijóo, disse estar mais frustrado que no governo anterior. "De Fernando Henrique Cardoso eu não esperava outra coisa. De Lula, eu esperava", afirmou.Feijóo disse que a promessa do candidato Lula era dobrar o valor real do mínimo. "O Orçamento do ano passado havia sido feito pelo FHC. Mas o deste ano, não foi. Então ele [Lula] errou, não cumpriu sua promessa", afirmou. Para dobrar o valor real do mínimo, o governo teria que fazer reajustes de 25% anuais além da inflação.Marinho disse que os trabalhadores vão fazer protestos sobre o valor do mínimo amanhã, Dia do Trabalho. Segundo ele, os sindicalistas vão continuar lutando por uma política permanente de recuperação do salário mínimo. "Para que não se repita a novela "me engana que eu gosto.'"EsmolaSobre o reajuste, o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, disse: "Isso é dinheiro de pinga. É uma esmola".A Força Sindical disse "exigir" salário mínimo de R$ 320 e "respeito" do governo com os trabalhadores. "Nossa expectativa era que o governo cumprisse sua promessa da campanha eleitoral e iniciasse um processo de recuperação do poder de compra do salário mínimo", disse João Batista Inocentini, presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados e Pensionistas da Força Sindical.O sindicato, que representa 296 mil aposentados no país, informa que vai levar a "indignação" com o aumento do mínimo à manifestação do 1º de Maio."Em 2003, o governo já havia concedido reajuste menor que a inflação acumulada. O reajuste foi de 19,71%, e a inflação pelo INPC, de 20,44%. Esperávamos que neste ano houvesse compensação. Estamos indignados. Levaremos os aposentados à rua em protesto contra a falta de respeito."TraiçãoA Cobap (Confederação Brasileira de Aposentados e Pensionistas), que reúne cerca de 100 mil aposentados no país, classificou o aumento de R$ 20 ao salário mínimo como uma "traição"."Fomos traídos. O governo não teve responsabilidade nem ética com os aposentados", diz Manoel José da Silva, presidente do Conselho fiscal da Cobap.

FSP, 30/04/2004