4.28.2004

Desemprego em Alta

A taxa de desemprego atingiu 12,8% da população economicamente ativa das seis maiores regiões metropolitanas do Brasil em março, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Após cair em outubro e dezembro de 2003, o desemprego voltou a apresentar tendência de alta nos três primeiros meses de 2004.Esse desempenho do mercado de trabalho parece estar relacionado à interrupção da queda da taxa de juros no início do ano. Após corte de dez pontos percentuais durante o segundo semestre de 2003, o BC manteve a taxa básica em 16,5% ao ano em janeiro e fevereiro de 2004, contrariando as expectativas de empresários. Com a manutenção dos juros, as empresas revisaram suas perspectivas de produção e de investimento, reduzindo a abertura de novas vagas. Enquanto isso, a procura por emprego aumentou. O total dos desempregados alcançou 2,7 milhões de pessoas em março deste ano, 211 mil acima do que fora observado no mesmo mês do ano passado.Por sua vez, a renda do trabalhador apresentou uma desaceleração no processo de queda pelo quinto mês consecutivo, sobretudo devido às menores taxas de inflação. A renda média do trabalhador caiu 2,4% em março de 2004 em relação a março de 2003. Esse resultado mostra uma melhora no cenário desde novembro, quando a queda na renda foi de 13%, na comparação com o mesmo mês do ano anterior. Dada a precarização das relações de trabalho, os empregados sem carteira assinada registraram a maior queda de rendimento (4,3%) em relação a março de 2003. Em termos nominais, a renda média do trabalho foi de R$ 873,90, o equivalente a 3,6 salários mínimos.Enfim, se há uma tênue melhora na renda dos trabalhadores, as perspectivas para o mercado de trabalho permanecem pouco animadoras, dado que os juros continuam muito altos e as projeções de crescimento baixas para mudar o quadro do desemprego. Também recomendam cautela as incertezas do cenário internacional, com as crescentes evidências de que os EUA se aproximam de uma elevação de sua taxa de juros.
Editorial da FOLHA DE SÃO PAULO de 28 de abril de 2004