4.23.2004

Renda cai pelo segundo mês na Grande SP

DA REPORTAGEM LOCAL

O rendimento médio dos trabalhadores registrou queda pelo segundo mês consecutivo na Grande São Paulo e passou a ser de R$ 953 em fevereiro. A diminuição foi de 3,3% na comparação com janeiro, segundo pesquisa da Fundação Seade e do Dieese.Na comparação com fevereiro do ano passado, os mais atingidos pela queda da renda foram os autônomos (diminuição de 6%).Paula Montagner, gerente da Fundação Seade, ressalta que a massa de rendimentos (soma de todos os salários dos trabalhadores) na Grande São Paulo só foi menor do que a registrada em fevereiro em duas ocasiões: nos mesmos meses de 1993 e de 2003. A redução em fevereiro foi de 4,8% entre os ocupados e de 3,7% entre os assalariados."Não vemos perspectivas de melhora neste mês. O desemprego pode até se estabilizar nesse patamar elevado em que está, mas a renda deve continuar caindo", afirma a gerente.Para a Força Sindical, a situação do desemprego no país "beira o caos". Em nota oficial, o presidente da central, Paulo Pereira da Silva, afirma que isso "é resultado de um governo que se curva para os especuladores e dá as costas aos trabalhadores". Para ele, a situação também é grave para quem está empregado, já que, pelo segundo mês consecutivo, o rendimento médio do trabalhador empregado também caiu."Chega de promessas. Precisamos de ações que resultem em melhorias", afirma. "Estamos tristemente assistindo o "espetáculo do crescimento" se transformar na tragédia do povo brasileiro", disse o sindicalista, pré-candidato à Prefeitura de São Paulo.Para a CUT (Central Única dos Trabalhadores), os dados da pesquisa reforçam a "necessidade de o governo agilizar ações para não aprofundar a crise social" no país. A central defende medidas como a adoção das frentes emergenciais de trabalho, a redução da jornada, a diminuição da taxa de juros e políticas para incrementar a produção, diz Luiz Marinho, presidente da CUT.Hoje, representantes da central vão se reunir com o presidente Lula para discutir a implementação das frentes emergenciais de trabalho e a recuperação do poder de compra do salário mínimo.Para a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), somente os setores exportadores continuarão a obter resultados positivos se não forem adotadas medidas para estimular a produção e os investimentos (como a redução das taxas de juros), afirma Claudio Vaz, diretor da federação. (CR e FF)

FSP, 23/04/2004