2.18.2004

Salários pagos pela indústria recuam 4,3%

Já a remuneração média real (descontada a inflação) do empregado no setor teve queda de 3,8% no ano passado

CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO
O crescimento tímido, apenas 0,3%, da produção industrial brasileira em 2003 teve impacto negativo tanto no nível de emprego quanto no total de salários pagos pelo setor. Segundo dados divulgados ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o total de salários pagos pela indústria (massa salarial) recuou 4,3% no ano passado, já descontada a inflação, enquanto o número de vagas encolheu 0,5%.O salário médio real do trabalhador da indústria (massa salarial dividida pelo total de assalariados) recuou 3,8%. "Os resultados refletem a perda de dinamismo do emprego e dos salários na indústria e não podem ser dissociados da perda de dinamismo na produção", diz o economista André Macedo, analista da Coordenação de Indústria do IBGE.De acordo com Macedo, se não fosse o bom desempenho da agroindústria voltada para as exportações, expresso nos números do segmento de alimentos e bebidas, o resultado teria sido pior.O segmento apresentou no ano passado crescimento de 2,9% no total de postos de trabalho e de 0,9% no total de salários pagos.Foi o segundo ano consecutivo de desempenho ruim detectado pela pesquisa mensal de empregos e salários na indústria do IBGE. Em 2002, quando a atividade industrial cresceu 2,5%, a massa salarial caiu 2,6% e o total de empregos recuou 1%. A pesquisa, no formato atual, começou a ser feita em 2001.MelhoraA pesquisa constatou que houve reação positiva da folha de pagamento da indústria no último trimestre de 2003 sobre o mesmo período de 2002, com queda de apenas 0,1%. Em dezembro, os salários pagos cresceram 1,4% sobre dezembro do ano anterior, embora tenham recuado 2,5% na comparação com novembro.Já no emprego, o comportamento foi crescentemente negativo ao longo dos quatro trimestres de 2003. A retração passou de 0,5% no primeiro para 0,6% no segundo, 0,7% no terceiro e chegou a 1,3% no último trimestre.São Paulo e RioO IBGE constatou que os Estados de São Paulo e do Rio de Janeiro foram os principais responsáveis pelo desempenho negativo do emprego industrial no ano passado, com quedas, respectivamente, de 0,9% e de 4%. Nas regiões Norte e Centro-Oeste, houve crescimento de 3,7%.Entre os 18 ramos industriais pesquisados, o de minerais não-metálicos apresentou recuo de 5,3% e o de vestuário, de 5,1%.Já em relação à massa salarial, os maiores impactos negativos foram dos ramos de papel e gráfica (-12,9%) e de máquinas e aparelhos eletroeletrônicos (-10,7%).

FSP, 18/02/2004